A alegria do sorriso de Vitória Campos Martins, 16 anos, a moça da capa deste livro-reportagem, não demonstra todas as características de sua personalidade impulsiva e até agressiva, além de não aceitar ser contrariada. Com dificuldade sócio-afetiva, tende ao isolamento e não compreende regras e normas sociais. A jovem com patologia crônica precisa de cuidados diários. Diagnosticada com retardo mental agudo, ela vive na residência inclusiva do Instituto Cisne em Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo.
Vitória chegou ao Instituto por meio de decisão judicial. Ninguém conhece seu passado e ela, tampouco, questiona sobre sua família. Vitória não tem apego, mas se relaciona com todos de forma natural, sem laços afetivos. O afeto é embotado, embora seja muito alegre em momentos de alternação de comportamento.
A escolha da fotografia para nossa capa vem mostrar que é possível extrair a beleza, as nuances e singularidades de cada pessoa. Apesar de não parecer, Vitória tem um transtorno severo, e enquanto viver, será institucionalizada. Com tantos limitantes, devido à própria condição, não deixa de ser respeitada ou estimulada para se desenvolver, dentro de suas potencialidades. O melhor caminho sempre é pelo amor, mas nem sempre isso ocorre, conforme leremos em outras histórias desse livro reportagem.
Brenda Cruz encontrou na graduação em Jornalismo a possibilidade de trilhar diferentes caminhos todos os dias. Em uma experiência de quase três anos no serviço de saúde pública, conviveu com os usuários da saúde mental do município de Taboão da Serra. Saiu do serviço público e foi ser repórter na Revista D+, que trata da inclusão da pessoa com deficiência. Sempre quiser escrever livros e este certamente não será o último. "Ouvir e contar histórias é uma verdadeira paixão."
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