No inferno tem flores

Intensidade. É preciso sentir tudo. Dores, angústias, crises, processos. Cavar fundo até às últimas consequências. Esse é o mergulho proposto por Michl Miranda neste novo livro. De maneira sutil e descomplicada, “No inferno tem flores” expõe as nuances e contradições do amor, este que é objeto de tantos estudos e escritos.

Entendendo os finais pelos quais passamos ao longo da vida como pequenas mortes, as cinco seções da obra dialogam com as fases do luto que vem depois da negação – raiva, barganha, depressão e aceitação – e alimentam o ideário de um sentimento que é vício (difícil de deixar), mas é remédio; é jardim, mas é calvário; é verão, mas é vendaval.

Costurando tudo isso, encontramos a metáfora da Higanbana – um lugar na natureza onde flores e folhas coabitam, mas nunca nascem juntas. É a imagem dessa flor que nos fará refletir: o que a gente faz com aquele encontro que simplesmente não era pra ser? Qual a nossa responsabilidade na carga de seguir em frente? Com quantos cacos se constrói uma nova história?

Se já doeu por aí, sinto muito, mas vai doer mais. Receitas prontas e curas milagrosas não serão encontradas nessas palavras. Vai doer e ninguém sabe dizer quando passa, mas a notícia boa é que uma hora passa e só a você vão pertencer as memórias dessa viagem.

Aqui você encontra poemas para trazer – ou tragar – no peito. Para sentir que há caminho de refazenda. Para colher algo de bom no caos. Versos que não prometem seu amor de volta em três dias, mas que podem tornar seu inferno mais agradável aos sentidos.

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