Nirvana Nunca Mais

Nirvana Nunca Mais Mark Lindquist


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Nirvana Nunca Mais





"Sempre fui um leitor compulsivo. Comprava cerca de 20 títulos diferentes de revistas em quadrinhos quando era adolescente. Consumia vários livros, mas durante um tempo, parei um pouco de lê-los. Acreditava que precisaria de uma cultura mais instantânea para rechear dias repletos de álcool, futebol e garotinhas exóticas.



Por isso, não acho que seja um bom "crítico literário". Costumo elencar entre os meus livros favoritos, alguns que podem não ser um primor em escrita, nem ter um ritmos fluído ou alguma sacada genial. Prefiro aqueles que de alguma forma me tocam, que fazem com que eu escute um estralo lá dentro, seguido de um frio na barriga em algumas passagens.



Pode parecer exagero para alguns, mas "Nirvana Nunca Mais" (Editora Globo), do escritor Mark Lindquist, é um desses livros. Assim como eu, o próprio autor e o personagem principal, a música dita os rumos de nossas vidas em muitos momentos.



Em linhas gerais, "Nirvana Nunca Mais" conta a história de Peter Tyler, um ex-vocalista de uma banda grunge, que largou tudo para virar promotor público. Atormentado por uma crise de meia idade, que o impede de crescer totalmente, Tyler não consegue largar o "rock’n’roll way of life" e ainda continua bebendo até cair, freqüentando prostíbulos e saindo com strippers. Para complicar ainda mais a sua vida, um caso de estupro cai em suas mãos. O único problema é que o acusado é um dos roqueiros mais conhecidos de Seattle, e o escândalo envolve toda a cena musical da cidade. Em uma realidade paralela, o acusado poderia ser o próprio Tyler.



Apesar do que o título sugere, o livro não conta a história do grunge, mas usa Seattle como cenário e todos os elementos do grunge como pano de fundo. Estão lá algumas bandas, algumas conhecidas (Pearl Jam, Alice In Chains, Soundgarden) outras obscuras (PacNorWest, Girl Trouble, Murder City Devils), a Sub Pop, clubes lendários como o Crocodile, o Pink Door...



Deliciosamente, Lindquist nomeias seus capítulos com títulos de músicas, discos ou versos de canções que fizeram a alegria de quem ouviu o bom rock no fim dos anos 80, começo dos 90.



A escrita de Lindquist é rápida, cheia de informações e referências, com um aguçado senso de ironia, sutil, combinada com a sua grande habilidade em criar diálogos irresistíveis e hilários. Peter Buck, do R.E.M. e Bret Easton Ellis, de "Psicopata Americano", são fãs declarados.



O livro também pode servir para que as mulheres tenham certeza do quanto os homens são loucos, estranhos e indecisos. Tyler acredita que para dar estabilidade a sua vida, deve se casar. Mas ele não sabe com quem. Enquanto decide, mantém um relacionamento com uma stripper e uma secretária da Sub Pop, e ainda sofre com o fantasma do primeiro amor. Ocasionalmente, renova as energias com outras garotas, strippers ou não.



A identificação pode ser ainda maior do que a que ocorreu com o livro "Alta Fidelidade", do inglês Nick Hornby. Em "Nirvana Nunca Mais", o personagem principal prefere encher a cara e procurar strippers, ao invés de chorar as mágoas arrumando a coleção de discos. Bem mais real.



"Nirvana Nunca Mais" é o terceiro livro de Mark Lindquist, e o primeiro em 10 anos. O escritor também lançou “

"Sad Movies" e "Carnival Desires", inéditos no Brasil. Durante os anos 80, Lindquist foi um dos novos nomes mais celebrados na literatura americana. Junto com o supra-citado Brett Easton Ellis, Lindquist fundou o Brat Pack, uma alusão ao Rat Pack de Frank Sinatra, onde pesos-pesados se juntam para farrear.



Lindquist acabou deixando Seattle e mudou-se para Los Angeles, trabalhando como roteirista para vários estúdios de cinema. Em 92, voltou para Seattle e deixou a vida desregrada de lado, entrou na faculdade de Direito. Para não enferrujar, tornou-se colaborar de revistas como a Details e do New York Times Book Review. De volta ao mundo do rock e da literatura, Lindquist não se arrepende da escolha que fez, ainda mais porque foi premiado com um dos 10 mais interessantes promotores dos Estados Unidos, pela revista People." Alexandre Petillo


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on 2/11/09


"Nirvana Nunca Mais" é um livro estranho. Ao mesmo tempo em que tem uma grande virtude, ele tem uma grande perda. A grande virtude é que, o autor, Mark Lindquist, conhece profundamente o mundo underground da música de Seatlle, bem como a cena rock dos EUA. Quando descreve os clubes, os encontros das bandas, as personalidades dos músicos, é como se os leitores estivessem lá, ao ldao deles. Com certeza é um prato cheio para quem curte, principalmente as bandas Grunge ou gosta de rock em ... leia mais

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PAP
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01/02/2009 05:45:21

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