Mulher no espelho se desenvolve através do diálogo de duas personagens:"a mulher que escreve" e "a mulher que lê". A primeira, a narradora, é moderna, liberada, decidida, emancipada e possui uma "consciência narrante feminina" marcada pela presença de uma voz que se faz ouvir. A segunda é reprimida, "domesticada", caracterizada por estereótipos conservadores e cristalizados por uma longa tradição patriarcal, pois que se naturalizou o ideário de uma sociedade misógena. Frente aos seus espelhos, estabelece uma conflituosa relação dialógica, interpelações e confrontos. O construto social de feminilidade é posto em questão e a narradora tenta ensinar a heróina a assumir sua própria vida, posicionando-se contra as violências sociais, psicológicas e simbólicas voltadas para o feminino, a fim de que "aquela que lê" possa empoderarse.
Literatura Brasileira / Romance