Entre 2003 e 2013, 616 indígenas foram assassinados no Brasil. Só em 2013, foram contabilizados 53 assassinatos de índios, sendo 33 apenas no Mato Grosso do Sul – o que representa 62% do total do país. É o estado com o maior número de registros de violações aos direitos das populações indígenas. Também em Mato Grosso do Sul, igualmente em 2013, foram registrados 73 suicídios entre índios, sendo 72 deles da etnia Guarani-Kaiowá – uma média de um suicídio a cada 5 dias, o maior número em 28 anos. Estes altos índices se devem, em grande medida, a disputas pela posse da terra decorrentes da morosidade do governo federal na demarcação de áreas indígenas. O atual governo é o que menos demarcou terras indígenas nas últimas décadas: uma média de 3,6 áreas por ano. Em 2013, a situação se agravou: somente uma terra indígena foi homologada pela presidência da República em todo o país.
Menos um (Terceira volta à cena do crime: Tragédias brasileiras) pretende ser um instantâneo e uma denúncia desta violência contra os primeiros habitantes do que veio a se tornar o Brasil. As frases aqui registradas foram retiradas das caixas de comentários de reportagens na internet sobre o assassinato e o suicídio de indígenas em função da disputa de terras. A sentença mais repetida pelos comentaristas é exatamente “Menos um”. Nessas frases, ficam patentes o ódio e o preconceito que parte da população brasileira dirige às populações tradicionais da terra – um ódio que vem sendo fomentado criminosamente tanto por alguns veículos de comunicação, como a revista semanal de maior circulação no Brasil, quanto por parlamentares da bancada ruralista.
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