Luz no Rochedo

Falar sobre os versos do poeta João Fábio é, antes de tudo, expressar o prazer e a leveza de uma viagem inusitada e plena, da qual o leitor nunca retornará o mesmo, pois foi se envolvendo por um novo olhar.

Navegando nos ritmos marcantes de uma palavra que se faz cantiga, o jovem poeta vai revelando suas descobertas (e as de quem com ele se embala nessas águas) num oceano de sentimentos, sensibilidade e emoção. É assim quando, no poema que abre o livro, o eu poético traduz o movimento do mar: "O som da praia ruminando a onda, / que insiste em vir, / torna as distâncias menores...".

Nesse segundo livro, o poeta continua sua busca interior, trazendo temas de amor, morte,tédio, alegria. Além do desejo de não perder o olhar mais límpido da infância, como a lhe resgatar, pelo poder da poesia, um tempo que ficou no passado.

Ao se desnudar no processo de criação, o caos das descobertas de cada fato, paisagem, ou das vivências de todo dia, se reorganiza numa ordem, mostrando ao leitor que o "...coração é um campo aberto, / verde e extenso, / pronto para plantar sementes selvagens...". E que o olhar dos homens pode ver muito além de cada coisa, tempo ou lugar.

Para cada um de nós, simples leitores mas amantes dos mistérios da poesia, fica da obra Luz no Rochedo, de João Fábio, a certeza de termos resgatado de cada verso, um pouco mais da pulsação da vida.

Cilene Genofre

Literatura Brasileira / Poemas, poesias