Lorena 08/06/2015Muito bom!Christopher é um adolescente de 15 anos portador da síndrome de Asperger. Vive com "o Pai", que aparentemente não tem muita habilidade em lidar com ele. "A Mãe", segundo lhe foi dito, morreu do coração. Certa noite ele sai para uma caminhada e se depara com Wellington, o cachorro de sua vizinha, morto com um forcado de jardim. Ao perceber que o cão está morto, ele vai abraçá-lo e é encontrado nesta situação pela vizinha dona do cachorro, que imediatamente chama a polícia. Ao chegar ao local, o policial lhe faz muitas perguntas, o que o deixa confuso, e segura Christopher pelo braço, deixando-o nervoso, pois Christopher não gosta de ser tocado. Ele então agride o policial e é levado à delegacia, não só por tê-lo agredido, mas como suspeito de ter matado Wellington. Após ser liberado, não sem alguma confusão, ele decide que vai investigar quem matou Wellington e escrever um livro sobre todo o processo.
Assim, começa "O estranho caso do cachorro morto", narrado em primeira pessoa pelo próprio adolescente. Não é uma história policial, como pode parecer a princípio, nem juvenil. Trata de questões bem sérias, como morte, mentira, assassinato, traição... Tudo isso do ponto de vista de um jovem com Asperger. É um livro que presta um excelente serviço informativo acerca do funcionamento da mente de um portador da síndrome. A forma como ele lida com as informações, como processa tudo literalmente, a velocidade e a lógica de seu pensamento, sua genialidade... Pode parecer um pouco enfadonho porque o narrador divaga muito em algumas partes, mas é próprio do "jeito" deles seguir os pensamentos logicamente até o fim.
Só não dei cinco estrelas, porque acho que tais assuntos precisavam ser melhor trabalhados. Mas compreendo que, tendo um portador de Asperger dificuldades para lidar e entender certos sentimentos, e sendo o livro narrado por um, seria mesmo de se esperar que estes assuntos não fosse profundamente abordados. Mas dá uma boa ideia de como eles lidam com isso, sem dúvida. Muito bom!
O que eu achei mais fantástico no livro: embora eu já soubesse que se tratava disso, em nenhum momento o autor falou explicitamente que Christopher tem Asperger, apenas deixou claro no comportamento dele. Achei genial, pois ele conseguiu transmitir a ideia sem sequer mencioná-la literalmente. Depois eu fui pesquisar e foi isso mesmo: só nas resenhas oficiais, na capa do livro, nas editoras é que isso é dito claramente, para promover o livro.
IMPORTANTE: O livro traz spoiler de "O cão dos Baskervilles", de Arthur Conan Doyle, a história preferida do narrador. Se você não leu e ainda pretende fazê-lo, aconselho que o faça antes deste livro, pois o Christopher conta a historia inteirinha.