Lauren

Lauren Irka Barrios




Resenhas - Lauren


7 encontrados | exibindo 1 a 7


Ismael.Chaves 17/10/2023

Um dos grandes livros do horror nacional
"Penso que se o Diabo não existe e foi simplesmente criado pelo homem, este o fez à sua imagem e semelhança." (Dostoiévski)

Nenhuma frase resumiria melhor o âmago deste livro. Aliás, de quase todas as histórias de terror. Mas, em especial, "Lauren" absorve este pensamento pois, de todos os medos presentes na vida da personagem-título, nenhum se compara ao pior tipo de horror criado pelo ser humano: a religião.

Uma afirmação ousada, confesso. Mas ousado também é o texto da escritora gaúcha Irka Barrios. Com uma narrativa que, aos poucos, vai desnudando os pensamentos de uma adolescente que, entre o autoritarismo religioso imposto em sua casa e a pressão social vivida na escola, se depara com uma ameaça que pode ou não ser sobrenatural.

Tocando em temas que acendem as fogueiras do ódio conservador, como bullying, assédio sexual, pedofilia, feminismo, questão de gênero, fanatismo e hipocrisia cristã, Irka sabe conduzir muito bem o leitor a esse universo turbulento (e, às vezes, onírico) que cerca e adentra a protagonista, ora nos sensibilizando com suas dores, ora nos pegando de surpresa com um soco no estômago com momentos-chaves. Mais do que uma história de horror, "Lauren" é a realidade de muitas meninas (e meninos também) que, de uma hora para outra, precisam lidar com suas próprias descobertas e encarar os desafios de uma realidade cruel imposta por princípios e regras de uma sociedade que precisa criar seres sobrenaturais para justificar seus monstros interiores.

Um livro muito aguardado por mim e que valeu cada página! Dor, empatia, raiva, repulsa, medo. Sim, eu senti cada uma dessas emoções (obrigado, Irka!). Uma leitura necessária, nestes tempos de puritanos e "caça às bruxas", que o país mergulhou.

Afinal, parafraseando Carl Sagan, "o mundo (nunca foi tão) assombrado por demônios", mas assim como ele e Dostoiévski, nós sabemos de onde vem estes "demônios".

#PS1: Não posso deixar de citar sobre uma certa referência de um certo livro de um certo famoso escritor gaúcho dentro da história!
#PS2: SIM, nós temos Literatura Fantástica! E, SIM, nossos escritores SÃO fantásticos!
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Marie Corbetta 19/12/2022

Lauren atrás do espelho.
Lauren é uma adolescente cheia de vida e curiosidade. Mas também de inseguranças e faltas. Na sua busca de razões e força acaba descobrindo muito mais de si e do mundo que a rodeia. Descobre que a vida é muito mais cheia de meandros do que sua fantasia pode explicar.

Irka é mestra em te envolver numa narrativa cheia do horror do cotidiano dentro e fora da gente. É impossível parar de ler. Te empolga e te agonia em uma intensidade apaixonante.
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rigue_felipe 31/08/2022

LAUREN
retrata a adolescência de uma garota do interior que sofre bullying no colégio por ser gorda, além dos problemas na escola, Lauren também tem problemas em casa por ter uma família conservadora e fiel a crenças cristãs, como ela quer fazer parte de algum grupo, Lauren começa a lutar em campeonatos organizados por alunos do colégio escondido da direção e supervisão escolar, a vida de Lauren começa a ficar boa, até que ela pega sua mãe e seu pai no flagra realizando coisas duvidosas com o pastor na igreja, a partir disso ela começa a ver coisas e monstros e se aventura para descobrir o passado daquela pequena cidade, afim de descobrir o motivo de suas visões.

?Lauren? é uma leitura rápida e que te prende do começo ao fim, a história é incrível e cheia de representatividade, confesso criei um apego pela personagem desde as primeiras paginas!!! o final é extremamente chocante é espetacular!
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Verena Cavalcante 13/05/2022

Inesquecível
Terminei de ler Lauren no início desta semana, depois de tê-lo devorado em poucos dias, girando as páginas tão rápido que precisava piscar para me proteger das lufadas de vento frio. Então, fiquei ruminando, digerindo, pensando no que escrever sobre este romance de Irka Barrios, finalista do Jabuti 2020.

Tentei fugir da comparação, mas é impossível evitar um paralelo com Carrie, de Stephen King. Carrie e Lauren são duas adolescentes retraídas, desajustadas, vítimas de violência por seus pares, filhas de mães que usam o fanatismo religioso como cabresto, chicote e grilhão. A grande diferença entre elas é que Lauren é uma lutadora. Como pugilista (literalmente), ela resiste e resiste. Ela estica as correntes e ultrapassa limites. E, além da força e elegância da escrita de Irka Barrios, é a combatividade e, principalmente, a verossimilhança dessa personagem que nos impele cada vez mais adiante no livro.

Quase um coming-of-age, em que a sexualidade e as contradições da adolescência transbordam feito erva daninha em um ambiente de horror folclórico, calcado em lendas e delírios, Lauren é uma lição sobre como narrar uma boa história e a criação de uma personagem inesquecível, fascinante, icônica, que fica marcada dentro da gente, se torna símbolo, ídolo, totem.
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Gárgula 16/02/2022

Lauren, de Irka Barrios
Uma leitura bem diferente
Recebemos da escritora Irka Barrios seu livro Lauren. Sua leitura mexeu com alguns pontos que acabei me identificando, principalmente com a personagem. Sua leitura é fácil, apesar do contexto denso e difícil que ela vem mostrar.

Publicação da Editora Caos & Letras do ano de 2019, a obra possui uma apresentação de Luiz Antonio de Assis Brasil. É importante frisar que o livro foi finalista do Prêmio Jabuti de 2020.

Um livro que desnuda uma realidade dura
De várias formas a leitura se mostrou bastante diferente das que normalmente fazemos aqui no blog. Apesar de conter vários elementos fantásticos, o livro é um drama vivido por Lauren, a protagonista. A jovem menina sofre muito bullying por ser gorda, além de não se encaixar nem mesmo em seu núcleo familiar.

Os problemas da jovem se intensificam, ao mesmo tempo em que ela começa a ver coisas sinistras e sofre apagões, acordando muito tempo depois. Repleto de camadas, o livro trata não apenas dos males do bullying, mas também da segregação social por qualquer contexto. A autora portanto consegue abordar a situação de exclusão ou não pertencimento em uma sociedade. Os que não se adequam, sofrem muito ou são aniquilados e este fato não é isolado, não se enganem.

Não existe uma saída fácil e acho que ao final, percebemos exatamente isso. A autora nos entrega uma história que vemos todos os dias pelo país e certamente pelo mundo. Quantas Laurens são sempre esmagadas todos os dias.

Considerações finais
Apesar de longo, a segunda metade se desenrola bem mais rápido do que a primeira. Me lembrou por alguns momentos do livro O mal nosso de cada dia, de Donald Ray Pollock (leia nossa resenha aqui), sem a descida pesada que o livro de Pollock faz na vida daquelas pessoas, ainda que o sofrimento de Lauren não seja pequeno. Mesmo assim, este livro não é uma leitura qualquer, guardando em si importantes lições.

Um drama atual e, talvez possa dizer, eterno dado alguns pontos que trata. O que fazer quando você não se encaixa por nada no lugar onde vive? Uma resposta muito difícil de ser dada sem que traga em si consequências das mais diversas, e ainda assim muito necessária. Fica a dica desta leitura singular.

Conhecia esta obra? Me conta aí.

site: https://cantodogargula.com.br/2022/01/04/lauren-de-irka-barrios/
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Euler 15/11/2021

Fiquei grudado na história de Lauren, uma garota que é menosprezada na escola, tem uma relação conturbada com os pais fanáticos religiosos e que vê coisas assustadoras, como uma mulher vestida de branco, com manchas vermelhas. As visões de Lauren causam um efeito de confusão muito gostosa, no qual passamos a nos interrogar se de fato acontecem algumas coisas pelas quais ela passa. O aspecto sobrenatural, algo que não costuma chamar minha atenção, nessa narrativa me prendeu por estar articulada num jogo muito inteligente que nos leva a pensar onde de fato está o mal, o demônio. Desde o princípio, eu tive muito mais medo do líder religioso, do que das criaturas que a menina via. Por trás da narrativa que causa um misto de terror e suspense, há uma crítica muito interessante à coisas que vemos em cidades, bairros e periferias. Inclusive, a Irka é maravilhosa em criar cidades, a de Lauren não apenas contribui para a construção da atmosfera do livro, como nos brinda com uma lenda rural, algo que é delicioso de acompanhar. A sina de ser mulher e condenada como pertencente ao Mal está na protagonista e na figura da lenda, como se as mulheres daquela cidade fossem condenadas a serem demonizadas. Há dois aspectos que me pegaram muito: a forma como a escritora desvia o texto prum interno de Lauren, nos mostrando como meio que ela "desliga" e a força metafórica com que ela nos confirma algumas coisas que não são ditas, mas que pescamos pelas metáforas. Além de tudo isso, há um Qrcode que nos leva pruma playlist do livro, coisa que eu vou roubar pra mim. Leiam??
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Tiago 02/05/2020

Terrivelmente evangélica
Uma das vencedoras do concurso Brasil em Prosa da Amazon, em 2015, Irka Barrios estreia no romance com Lauren, uma das joias do catálogo ainda recente da Caos & Letras, editora mineira capitaneada pelos escritores Eduardo Sabino e Cristiano da Silva Rato. Como no conto O Coelho Branco, releitura de O País das Maravilhas, esta narrativa longa foge às normas da prosa realista, apostando agora no terror e remando contra uma corrente que insiste em não reconhecer os méritos artísticos deste tipo de literatura (vide a divisão entre romance “literário” e de “entretenimento”, no Jabuti deste ano).
Em qual destas categorias enquadrar Lauren? Porque, o que há de “literário” nele é justo o que o torna tão cativante e agradável ao leitor: a limpidez narrativa de Barrios, que não é exatamente uma simplicidade formal, mas uma maneira de trabalhar a sofisticação da forma sem soar jamais pedante, ou se distrair de seu enredo a fim de fazer malabarismos com a linguagem. Um equilíbrio perfeito entre forma e conteúdo, que ingenuamente costumamos encarar como dispositivos distintos ou excludentes, sem perceber aquilo que críticos mais perspicazes já apontaram: qualquer diálogo que não revele um personagem não é um bom diálogo; qualquer nuance da história que não se revele na forma pela qual ela é narrada, idem. Nenhuma forma resiste sem conteúdo na boa literatura (e vice-versa, diga-se).
Para além destas minúcias, o livro tem um recorte mais do que necessário. Protagonizada pela personagem-título, uma adolescente que vive na provinciana Bosque Novo (“uma cidade pequena que dorme e acorda sem se questionar”), a ficção tem núcleos bastante atuais, embora ainda inusitados na literatura contemporânea: os colegas de escola de Lauren, que praticam bullying com a garota devido ao seu sobrepeso; e a sua família, que se tornou evangélica depois que o pai largou a bebida.
O desenrolar é um misto de Clube da Luta de Chuck Palahniuk e Midsommar de Ari Aster. Lauren enxerga nas rinhas clandestinas promovidas pelo colega Maurício uma chance de elevar seu moral na escola e conquistar a simpatia dos colegas. Ao mesmo tempo, confronta-se com a devoção fanática da mãe Ivete e a passividade do pai Abel diante da influência implacável da única figura masculina realmente potente da trama: o pastor Lair.
Toda estatrama conspira para o final catártico e pacientemente urdido, que se anuncia já na abertura do romance: Lauren sendo perseguida como uma bruxa pelas ruas de Bosque Novo, pelos moradores aparentemente pacatos, sedentos por fazer justiça com as próprias mãos. A forma como Barrios maneja o tempo neste último capítulo é tecnicamente impecável, para dizer algo que não se renda aos spoilers tão impertinentes às narrativas do gênero.
Basta mencionar que é admirável como a autora se apodera dos clichês deste tipo de história tão conhecida por nós, da literatura e do cinema (a Carrie de King/Peirce é talvez a referência mais óbvia), para construir uma obra tão sutil e tão sua, dando toques originais a elementos como a lenda que cerca a cidade — de um controverso casal de pioneiros cujos registros a personagem procura na biblioteca onde conhece Debbie, a garota que atuará como uma espécie de modelo para a ainda desengonçada Lauren.
Em tempos (e cenários) de apocalipse, Irka Barrios surge e cresce nestas páginas, como uma revelação.

site: https://medium.com/@tiagogermano/terrivelmente-evang%C3%A9lica-8b06267666d
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