Sonhos 12/09/2013
Começando a sessão. Por: Paula Bonito
“Caros leitores, quem lhes escreve esse desabafo, sou eu, o Diabo (…). Aqui coloca a mim e a ti, bom Deus, no divã.”
E foi assim que eu deitei no divã e me deixei levar pelas palavras de um Diabo um tanto fora dos padrões, digamos assim. A princípio a história pode assustar por se tratar de um Diabo conversando com Deus e, claro, com todos nós. Mas, não se assustem! Taty Ades quebrou um pouco os dogmas e alguns parâmetros tão arraigados em nossa sociedade.
O Diabo que nos convida a deitar no divã é um tanto sarcástico, direto, dotado de um humor característico e uma grande sabedoria. Confesso que em várias passagens do livro me intriguei e pensei comigo mesmo: “nossa, mas que Diabo bonzinho, não?” Bem, acho que a proposta de Deus no divã é justamente essa: deitar no divã e se desprender de “achismos”, pré-conceitos e tudo aquilo que determinávamos como certo e errado. Não é hora de julgar, apenas deitar e relaxar... Ou não!
Deus no divã não nos permite relaxar nem um pouco! Há momentos de comédia, até porque se não conseguirmos rir um pouco dos tombos que tomamos na vida, então estamos mesmos perdidos! No entanto, há muitas passagens que nos fazem refletir sobre a vida que estamos vivendo: nossas escolhas, nossa conduta perante o outro, nossos desejos, nossos fracassos e toda emoção que rege nossa vida.
Deus... Você deve estar perguntando que diabos... ops Porque Deus foi parar num divã? Não era ele quem deveria analisar? Afinal, foi Ele quem nos criou, não é mesmo?
Bom, creio que se fomos criados á imagem e semelhança de Deus devemos, também, conhece-lo. Acredito que é isso que Taty Ades nos propõe. Colocar Deus á nossa frente e não adorá-lo nas alturas quando é dia de festa e questioná-lo, clamando aos céus quando tudo não vai bem. Quantas vezes nos questionamos: Deus porque me abandonaste? Ou então o pior, o culpamos por nossos fracassos, nossas guerras e lágrimas derrubadas.
Mais uma vez, a quebra de parâmetros. Deus está solitário e depressivo no divã. Ele questiona a humanidade e o mundo tão bonito que havia criado.
Assim termino a minha sessão. Me levanto desse Divã com o diagnóstico de ansiedade. Sim, a leitura me deixou ansiosa e com a mente um tanto inquieta. Me fez questionar a mim mesma e a sociedade a qual pertenço. Não há cura para tamanha ansiedade sofrida, os questionamentos estão ai e creio que a premissa de Deus no divã não é resolvê-los, nem estipular novos dogmas ou atacar religiões (até porque não é um livro religioso), mas convidarmo-nos a deitar no divã e buscar pelo autoconhecimento.
Por hoje é só, as questões estão aí, volto depois para uma nova sessão.
site: http://estante-dos-sonhos.blogspot.com.br/2013/09/resenha-deus-no-diva-taty-ades_8.html#more