Natália Tomazeli 02/11/2021Distopia Nacional AfrofuturistaFreya Andara é uma garota racializada de 17 anos que vive em um Brasil futurista distópico, onde as pessoas negras vivem em Colônias, separadas das pessoas brancas que vivem na Metrópole com todos os direitos assegurados, explorando pessoas negras. Mas e se ela se rebelasse contra esse sistema e se infiltrasse nele para combatê-lo?
Com uma narrativa eletrizante e fluída, Stêfano Volp apresenta uma história distópica afrofuturista, com o objetivo de trazer uma critica contra racismo estrutural, meritocracia e muitos outros temas importantes. O livro traz uma mistura repaginada de diversos outros livros de distopia que conhecemos, mas a originalidade aqui está mesmo em abordar o racismo de uma maneira fácil de entender, mas ao mesmo tempo muito perturbadora de ler.
Ele é um livro narrado em primeira pessoa pela própria Freya, que é uma adolescente, o que deixa o livro com um toque bem jovem adulto, sem perder o peso e a importância da narrativa. Acompanhamos uma protagonista muito ciente de tudo o que acontece ao seu redor e com um senso de responsabilidade aflorado. Acho que o livro não perde em nada para os outros livros que já conhecemos do mesmo gênero.
A única coisa que não gostei foi a abordagem da representatividade LGBT no livro, da qual achei muito incorente e um pouco desrespeitosa, visto que traz realmente conceitos errados sobre algumas letras da sigla, o que me incomodou bastante e foi ao meu ver desnecessário, já que não influenciava em nada no enredo do livro.
Pela importância dos assuntos abordados, recomendo muito a leitura do livro, mas também preciso deixar dito que obviamente é um livro com muitos gatilhos como racismo, misoginia, violência e assédio sexual.