A Intuição do Instante

A Intuição do Instante Gaston Bachelard




Resenhas - A Intuição do Instante


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Marcel Koury 05/11/2016

O que é e como vivemos a experiência do tempo? Essa é uma pergunta "filosófica", como se diz, comumente, com desdém. Mas uma questão como essa, mesmo que não nos demos conta, tem uma importância primordial para nossas vidas: através da problemática do tempo, passamos, quase sem perceber, todas as vezes que lembramos de algo do passado, quando tentamos antecipar algum acontecimento do futuro ou mesmo ao querermos determinar quando uma transformação qualquer começou a acontecer. Em "A Intuição do Instante", o filósofo francês Gaston Bachelard demonstra, de maneira bastante lírica, questões sobre esse tema caro à Filosofia.

A partir do trabalho de dois outros pensadores franceses, Henri Bergson e Gaston Roupnel, e das formulações de Albert Einstein sobre o tempo, Bachelard percorre dois pólos fundamentais dessa problemática: a duração e o instante. Bachelard reconhece na experiência do tempo uma sucessão de instantes decisivos — verdadeiras rupturas com o passado.

O interesse do autor pelo instante fica mais claro quando observamos o projeto epistemológico por ele empreendido: Bachelard foi levado à Filosofia através da Ciência (licenciado em Matemática, foi também professor de Física e Química), e nesse período entrou em contato com a Teoria da Relatividade e com os princípios da termodinâmica — prenunciava-se a Teoria do Caos. Os limites empírico-mecanicistas não correspondem às exigências de "um novo espírito científico" — a nova ciência partia de pressupostos teóricos e não mais de experiências balizadas pelos sentidos (a Física Quântica, com o seu estudo de partículas infinitamente diminutas, leva tal prática ao extremo) — a descontinuidade e a ruptura com o velho conhecimento científico foram fundamentais para compreender a proposição de uma nova Filosofia da Ciência.

Além de filósofo e cientista, Bachelard foi também ensaísta e poeta, e sua contribuição para a Filosofia da Ciência é marcada pela coexistência do rigor racional e da liberdade da imaginação, da verdade e do erro, da precisão e do caos — facetas indissociáveis na acepção de pensador completo que buscou ser.
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