Papel-Máquina

Papel-Máquina Jacques Derrida




Resenhas - Papel-Máquina


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Antonio Luiz 23/03/2010

Nos limites da razão
A coletânea "Papel-Máquina" inclui entrevistas, intervenções e muitos textos bem acessíveis, junto com um ou dois outros que não o são tanto. Entre os primeiros está a carta aberta (publicada em "L’Humanité" em 30 de novembro de 1999) a Fernando Henrique Cardoso, em apoio ao MST e em protesto contra a forma como estava a ser conduzido o julgamento por assassinato do militante José Rainha, ao final absolvido.

Entre as considerações que podem ser bem compreendidas sem necessidade de consultar toda uma biblioteca, está sua recorrente proposta de lidar com a questão do imigrante estrangeiro sob o ideal da “hospitalidade” e não da “tolerância”, termo querido a Habermas. Este último conceito é de origem religiosa: uma permissão condicional para viver sob direitos restritos, historicamente enraizada na relação entre católicos e “hereges” e que sempre pressupõe “limites de tolerância”.

Hospitalidade, em troca, é uma acolhida e abertura ao outro que, em seu princípio, é incondicional e ilimitada. Na sua aplicação, nem tanto, reconhece: sua realização prática, sem a qual nada significaria, supõe leis, normas e regras. O importante é que os limites não estejam pressupostos no próprio conceito e que este prometa a possibilidade de indefinida ampliação – ainda que, como Derrida insiste, não haja promessa se não houver o risco de perjúrio.

Também não há um verdadeiro acontecimento que não seja, a princípio, impossível, nem verdadeiro perdão do que não seja imperdoável. Avançar em relação ao que foi o limite da justiça, da prudência e do racional é sempre necessário, assim como fazer da política mais do que a arte do possível.

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