Vanessa1409 17/10/2023
Supernatural dos Anos 90
Com muitas surpresas, o desenrolar da vida fictícia de Suze foi bem empolgante. Houve, até mesmo, uma alusão a Clark Kent ? identidade secreta do Superman. ? E, para apimentar as coisas, a protagonista não teve que despachar apenas um fantasma irritante, e sim quatro desencarnados embevecidos de raiva e, de quebra, um humano assassino que posava de santo. Piorando a situação da pobre Suze ? nem tanto, afinal, de pobre ela nada tem ?, a mediadora precisou encenar um tom apaixonado que não se encaixava com o que realmente se passava em seu coração.
Bem, ela estava apaixonada, mas não pelo imbecil em questão ? sim, dona Suzannah entregou sua vida passional a um falecido. Contudo, estou fugindo dos spoilers. Portanto, se alguém deseja saber do que falo, sugiro que leia a série. Garanto que não haverá arrependimentos.
Repleto de ação ? ouso dizer que ?A Mediadora? tem certa ligação com a série televisa ?Supernatural?, sem dispensar o sarcasmo dos personagens nem as encrencas constantes em que os mesmos se envolvem (descartando por completo o plágio de uma parte e de outra) ?, o texto faz apenas uma pequena referência ao romance ? fato que, de certa forma, me agrada. Com uma carga de mistérios intrigantes, a obra instiga o leitor ao raciocínio e, a cada desvendar, uma gama de exclamações permeia nossas mentes.
É realmente incrível o desenrolar dos fatos sobrenaturais agindo em coerência com as explanações da protagonista e seus assistentes ? no caso, padre Dom e Jesse, o fantasma sedutor. ? A irreverência inteligente da autora é digna de aplausos, bem como sua capacidade de criar uma história tão deliciosa em cima de um tema difícil ? tanto na aceitação dos leitores como na construção de enredo verossímil, apesar dos pesares. ? Fico realmente feliz em apreciar uma série em que os personagens se mantêm constantes. Já li obras em que, creio eu, os autores se perderam durante a escrita e transformaram seus heróis em verdadeiros babacas retardados. Graças aos céus, tamanho lapso não ocorre nessa série.
Veja bem, uma coisa é o protagonista passar por uma fase difícil na ficção, afinal de contas, até mesmo nós, meros mortais, nos deprimimos. Outra, bem diferente, é mudar da água para o vinho de um capítulo para o seguinte. Meg colocou seus personagens em pleno equilíbrio, conservando suas idiossincrasias do início ao fim. Obviamente, há aqueles que enganam com suas aparências, posando de bons moços. No entanto, isso é aceitável, compreensível e instigante, enriquecendo o texto com o fator mistério/surpresa.
Algo que muito aprecio nos ?filhos? de Meg Cabot são suas vulnerabilidades. Suzannah, por exemplo, não é cem por cento ?tudibão?. Ela comete erros, e tais erros a levam a situações embaraçosas. No caso do padre Dom, volta e meia ele se vê compelido a acatar as sugestões da pupila ? mesmo que não concorde plenamente com os métodos de mediação por Suze usados. ? Nesse terceiro volume, a autora explorou um pouco mais a personalidade dos secundários, como Jake ? chamado de Soneca pela meia-irmã. ? O rapaz se mostra cuidadoso ? e até um tanto ciumento ? com Suze, e não se envergonha em declarar o carinho que sente pela nova esposa de Andy, seu pai. Adorei conhecer Jake nessa perspectiva, foi bom saber que, apesar de parecer um cara bonito e atlético, o jovem tem personalidade e atitudes ? que seriam aprovadas pela maioria das mocinhas. ? Ou seja, Jake não é somente um rostinho bonito em um corpo envolto em músculos ? mesmo que só descrito em palavras, porém, minha mente é excessivamente fértil para imaginá-lo como Justin Hartley ?, mas um jovem universitário trabalhador com objetivos atingíveis. Novamente, Meg Cabot é digna de aplausos.
NOTA FINAL: Usando um meme antigo: estou digitando com os pés, pois as mãos estão ocupadas, aplaudindo. Como sempre, recomendo a série. E não apenas para os curiosos sobre o tema, como, também, para os que desejam explorar um mundo fantasmagórico extremamente divertido... e romântico!