Tábata Kotowiski 07/12/2010Sempre que começo a ler um livro, procuro iniciar a leitura de mente aberta, sem pré conceitos ou pré julgamentos, simplesmente ler pelo prazer de ler. Para ver o que o autor me traz. E foi o que fiz com Comporte-se Como uma Dama, Pense Como um Homem.
Não tenho nada contra livros de auto-ajuda. Afinal todo mundo precisa de ajuda um dia, não? Confessem! Não somos tão auto-suficientes assim. O problema não está em um livro tentar ajudar, o problema está que os livros de auto-ajuda tentam ajudar o leitor com fórmulas pré concebidas onde não há como ter fórmulas pré-concebidas, se é que vocês me entendem. Livros que tentam ajudar no relacionamento homem-mulher é um típico exemplo disso. Não há uma fórmula fechada, lacrada e única que valha pra os todos relacionamentos de todos os seres humanos. Isso é besteira. E acho que é aí que os livros desse tipo perdem tantos seguidores. Porque a maioria deles tentam vender algo que claramente não está a venda. Propaganda enganosa mesmo. Mas agora pensem em um livro que dá dicas de organização, de como mudar pequenas hábitos na vida, que dá dicas de simplicidade. Esses são os tipos certos de livros de auto-ajuda! Porque realmente ajudam. Conheço gente que diz que não gosta de livros de auto-ajuda mas adora as Dicas de Simplicidade da Semana, que nada mais são do que dicas que ajudam a mudar o dia-a-dia, deixá-lo mais livre, mais leve, mais solto. É por isso que eu digo que todo mundo gosta de uma ajudinha. O problema só está no tipo de ajuda que o livro do gênero se propõe a dar. E a forma como ele dá. :)
Dito isso, partamos para a resenha… rsrsrsrs
Uma das primeiras coisas que eu gostei no livro quando peguei foi a capa. Um milhão de vezes mais bonita que a original, que tem uma foto do autor. Depois, foi o fato de ser escrito por um homem. Achei que seria interessante ouvir um homem explicando como entendê-los melhor. É claro que isso não é uma novidade na literatura do gênero (oh, um homem falando de como ter o relacionamento certo) mas foi uma coisa que chamou a minha atenção. #fato
Logo nas primeiras páginas, gostei do estilo de escrita de Harvey. Ele escreve de forma simples, como se estivesse numa conversa com a leitora. Mas todo e qualquer encanto que era possível eu ter pelo livro foi por água abaixo a medida que as páginas foram sendo lidas. Vocês precisam ver a quantidade de anotações enfurecidas que fiz durante a leitura. E eu vou explicar o por quê.
Harvey começa o livro falando sobre em que coisas os homens se ligam e em como há o amor masculino e o amor feminino (capítulo que gostei muito, diga-se de passagem). Daí veio o capítulo da cerejinha. Segundo Harvey, todo homem precisa de três coisas: apoio, lealdade e a cerejinha (sexo). Ok. Nada tão absurdo até aí, tirando essa analogia tosca para sexo. Passei a discordar de algumas coisas mas nada que eu pudesse dizer OMG. Mas fui notando, a medida que a leitura avançava, que Harvey passou a abordar o assunto de um modo um pouco mais machista. A princípio, achei que era coisa da minha cabeça mas, infelizmente, cheguei ao capítulo do Bagrinho ou Garoupa (ou como os homens distinguem suas mulheres de seus peixes) e minhas suspeitas se confirmaram. Aliás, deu pra sentir a dor só no título, né? rsrsrsrs Então vejam só, durante o capítulo, Harvey solta essa: “Mas a questão continua em aberto: depois que fisgamos vocês, o que fazer a seguir?” E daí ele parte pra toda uma explicação de como o homem pensa que se a mulher for um peixão (e para a mulher ser um peixão, ela não pode ser fácil), como ficaria maravilhosa numa mesa de jantar ou que se a mulher for um bagrinho, pode até servir para diversõa, mas logo será descartada.
Oi?
E daí pra frente o livro escamba para um machismo que ó. Até eu que não sou desse lance de feminismo (do tipo, grande coisa que nossa Presidente é Presidenta) fiquei assustadérrima, pra dizer o mínimo! Povo, digo pra vocês que o que eu xinguei esse ser que se diz escritor foi pouco!
Pensem! A criatura me diz que tem um motivo para o homem trair. E vocês querem saber qual é? Simples! Porque sempre tem uma mulher querendo dar. É isso. Tá escrito. No livro. Na página 97. Aham. E mais! Se um homem chega perto pra conversar, ele quer sexo. Só. Eu até entendo que homem pensa muito nisso mas Harvey deixou claro que homem quando chega perto de uma mulher nunca quer conversar. NUNCA! Eles só querem sexo.
Oi?
E mais! Que o fato de as mulheres estarem se tornando mais independente, mais fortes, tendo um salário maior do que os homens não é legal. O legal é ser submissa. “Não tente consertar a pia. Não tire o lixo. Não carregue peso algum. Deixe isso para ele cuidar.” Ah tá, amebas quem sabe, então.
“Mulher é o Primeiro Prêmio.”
Oi?
A verdade é que tem sim que ser forte. Forte para ler tanta bobagem num livro só. rsrsrsrsrs Nem vou continuar com as citações, coisa que não costumo fazer em resenhas mas com essa se tornou um item mais do que obrigatório, porque já tô ficando nervosa e imagino que vocês, mulheres sensatas, também.
Só digo isso: se Harvey fosse meu marido… não, nem quero imaginar!
;)
site:
randomicidades.wordpress.com/