Ritos de Passagem

Ritos de Passagem Octavia E. Butler




Resenhas - Ritos de Passagem


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Erica 29/10/2019

“Livro” estranho, com gente esquisita, eu não to legal...não aguento mais “alienígenas”
Eu amo a Octavia E. Butler mas se eu falar que eu gostei desse livro, vou estar contando uma das minhas maiores mentiras literárias, eu demorei quase 1 mês pra ler e não porque a escrita é ruim, mas porque achei a trama monótona, o engraçado é que eu curti muito o livro “Despertar”, então o problema não foi nem o cenário apocalíptico com personagens estranhos e repugnantes, a questão é que não me prendeu mesmo.

No primeiro livro acompanhamos a trajetória de Lilith pra escapar desses seres esquisitos do espaço, já nessa continuação vamos conhecer a história de Akin, o filho prodígio dela com os alienígenas. Como assim? Gente só lendo a trilogia do início pra entender, mas acontece que ainda existem humanos rebeldes na Terra que não se submetem a essas experiencias pra cruzar espécies e criar seres superiores e como eles não podem mais ter filhos por meios tradicionais, eles resolvem tumultuar e sequestrar as crianças dos alienígenas. E é nesse rolo que entra o Akin na parada que com apenas pouco meses de vida já fala, interage, come uns matos, raciocina rápido... sério! O Akin vai ser o bebe mais esquisito que você vai conhecer rs...

E o livro é essa reviravolta, pois temos Lilith tentando se acostumar aos extraterrestres e temos Akin tentando sobreviver entre humanos e sua evolução para tentar salva-los (na boa, eu prefiro voltar para o tempo das cavernas do que aturar esses alienígenas chatos!). Bom... se tu leu o primeiro, recomendo ler o segundo porque o final dá um gancho legal para o terceiro livro “Imago” que eu pretendo ler só para obter o desfecho de tudo.
Alcione13 29/10/2019minha estante
Não quero rsrs
Apesar de amar o conto dela em Mundos apocalípticos,ainda odeio Kindred


Erica 29/10/2019minha estante
A parábola do semeador é muito bom, até favoritei ; )

Referente a esse livro, não sei o que esperar do terceiro da trilogia, mas pelo final desse, a continuação promete bastante rs...


Alcione13 30/10/2019minha estante
A parábola é o primeiro desse ou independente?


Erica 30/10/2019minha estante
A parábola é uma duologia, não tem nada haver com esse


Alcione13 30/10/2019minha estante
Já quero. Rsrs pode mandar ambos.




David William da Costa 14/05/2020

É bom, mas...
Gostei muito do livro, porém acho que ele não conseguiu chegar aí nível dos demais, não sei se foi só eu, porém achei que o final dele ficou muito em aberto, acredito que a intenção era criar uma trilogia porém infelizmente não será feito.

É uma leitura que recomendo, gostei muito da narrativa do Akin como sendo um constructo e de como ele tem uma briga interna para saber qual lado irá se sobressair, acho que a personagem da mãe dele (Lilith) era mais interessante do que ele, bem como a construção do livro 1 (Despertar), mas mesmo assim a caminhada de Akin até sua aguardada metamorfose foi uma luta interna e porque não externa, com mudanças na percepção de mundo e do seu lugar no mundo.

O que me impressiona nos livros da Octávia é como ela vai inserindo cenários e personagens sem pedir licença e quando menos você espera já conhece está personagem/lugar como se estivessem na história desde o começo.

É um livro nota 8 em uma escala de 1 a 10.
Juliana 20/05/2020minha estante
É uma trilogia. "Imago" é o nome do terceiro. Só não sei quando será é publicado pela Morro Branco.


David William da Costa 07/06/2020minha estante
Excelente Juliana, realmente vi que não fazia muito sentido o final dele.




Gramatura Alta 18/11/2019

https://gramaturaalta.com.br/2019/11/17/resenha-ritos-de-passagem-octavia-buttler/
Em DESPERTAR, o primeiro volume da série Xenogênese (resenha aqui), acompanhamos a trajetória de Lilith, uma mulher de trinta e dois anos que é uma das poucas remanescentes da humanidade. Resgatada por seres alienígenas e mantida em animação suspensa por 250 anos, ela foi desperta para seus captores poderem estudar seu comportamento e compreenderem como o homem quase destruiu o planeta e todos que nele habitavam. Os Oankali são seres de aparência distinta da nossa, com tentáculos e espinhos espalhados pelo corpo, e engenheiros biológicos que alteram formas de vida para que sirvam a seus propósitos, e sobrevivem à base do que chamam de permuta genética.


Eles salvaram a Terra ao preservarem e reconstruírem quase toda a fauna e flora, embora com algumas diferenças, deixando o planeta novamente habitável para os seres humanos que eles conseguiram resgatar após a última grande guerra. Mas antes de os devolverem ao planeta, os Oankali e os Ooloi querem ter certeza de que a humanidade conseguirá sobreviver, além de realizarem a tal permuta genética. Acontece que a permuta, aparentemente benéfica, irá alterar geneticamente os descendentes dessas pessoas a um ponto que elas não serão mais humanas, mas uma nova raça. A função de Lilith nisso tudo, é convencer os humanos a colaborarem e ensiná-los a sobreviver nesse ambiente selvagem e sem qualquer traço de tecnologia. Ou seja, começar do zero, como nossos ancestrais, quando não exista nada além de terra e rochas.

Sem dar spoilers que possam estragar o prazer da leitura, DESPERTAR termina com uma espécie de combinação que assegura a coexistência entre a humanidade e os alienígenas. Parte dessa combinação é que os humanos têm as doenças erradicadas e um aumento de longevidade, entretanto não poderão mais se reproduzir, até que exista uma certeza de que não partirão para uma nova sequência de eventos que os levará para mais guerras e uma nova possibilidade de extinção. E a partir desse ponto que começa o segundo volume, RITOS DE PASSAGEM, que dá sequência à história, mas sob a perspectiva de um novo personagem, Akin, que não vou dizer quem é, porque seria um enorme spoiler do primeiro livro.

Basta dizer que a história de Akin começa ainda dentro da barriga de sua mãe e que prossegue até seu amadurecimento. Ou seja, RITOS DE PASSAGEM, como o título sugere, é um romance de formação, porque acompanhamos parte da vida e da formação física e psicológica do personagem principal e os acontecimentos que fazem parte dessa transformação.

Akin é uma criança híbrida, nascida da combinação de uma mãe humana com um Oankali e um Ooloi, que teve uma alteração genética ainda na gestação para ter uma aparência o mais próxima possível de um humano. Sua única característica física que o diferencia é a língua cinza com capacidades sensoriais. Entretanto, ele já nasce com dentes e com consciência e inteligência avançadas. Antes de completar um ano e de conseguir andar, ele já tem capacidade de raciocínio e se comunica totalmente através da fala.

Como os humanos foram esterilizados, uma grande parte se rebela, formam comunidades independentes e passam a sequestrar, das vilas Oankali, as crianças que ainda não sofreram alteração genética. Akin é uma dessas crianças sequestradas, ele passa a viver em um local chamado de Fênix, onde aprende as diferentes facetas do ser humano, enquanto lida com o desenvolvimento de seu lado alienígena: ao atingir a adolescência, ele sofrerá uma mutação que o deixará com uma aparência mais próxima dos Oankali.

RITOS DE PASSAGEM tem uma mudança de narrativa e de perspectiva: no primeiro, temos uma visão feminina, com temas pesados centrados no abuso, estupro, machismo, violência entre gêneros; neste segundo, passamos para temas como racismo, mutilação, transgênero, cisgênero, subjugação, escravidão. E como ponto comum em ambos os livros, a sexualidade e um profundo e extenso contexto social. Todas essas discussões são inseridas de forma natural na história, sem levantar bandeiras, sem a autora dar sua opinião, mesmo com o desfecho de algumas situações, com muita simplicidade, com tanta sutileza, que muitas delas sequer são percebidas pelos leitores.

Um exemplo é quando uma personagem Oankali é ameaçada de ter seus tentáculos cortados para que se pareça mais humana. Um paralelo com crianças negras que tinham seus cabelos afro cortados, e por mais absurdo que pareça, isso ainda acontece nos dias de hoje, com um caso relativamente recente que causou uma enorme revolta. Esse mesmo exemplo pode ser usado para o uso de cirurgias estéticas não consensuais em crianças intersexuais.

Outro exemplo é a esterilização humana, uma medida de cautela dos Oankali que tem como justificativa a educação e preservação da humanidade, mas que também pode ser interpretada como subjugação e prisão, algo semelhante ao que acontecia com comunidade negras nos Estados Unidos escravagista de séculos atrás, ou mesmo no Brasil e em outros países colonialistas.

E de certa forma, esse é o tema central deste segundo volume: liberdade e controle. Quando cuidar de algo deixa de ser benéfico? Em que ponto a preocupação vira controle autoritário? Qual o limite da liberdade? Até onde se pode ir para garantir a proteção de alguém? Por que a aparência continua a ser regra para aceitação? Por que a diferença incomoda tanto? Qual o preço da evolução?

Akin é um personagem sem lado. Ele conhece os humanos e os alienígenas e encontra em ambos pessoas que aprende a amar, a respeitar. Mas ele também aprende que o homem tem por natureza a necessidade de liberdade, de livre arbítrio, e que mesmo quando é óbvia sua inferioridade diante de uma força superior, ele persiste, por mais irracional e perigoso que seja. Akin, como a autora, não forma opiniões, ele segue o fluxo dos acontecimentos, sem interferir, sem julgar, sempre procurando soluções que beneficiem ambas as espécies, mesmo que isso custe mais do que pode fornecer. Akin não é um herói, não é um mártir, mas apenas um sobrevivente que possui dentro dele a essência de duas espécies e que procura uma coexistência pacífica. Afinal, ele é o resultado, mesmo que fabricado geneticamente, de duas espécies.

Embora não existe na história um posicionamento da autora, fica claro que determinadas situações são terrivelmente cruéis e inaceitáveis. Isso não é dito em diálogos, mas em consequências. Se um personagem faz algo abominável, seu castigo é na mesma medida. E não é considerado dessa forma moralmente, mas logicamente. Mutilação não é algo moral, mas uma violência; subjugação não é algo moral, mas um corte de liberdade primordial; racismo não é algo moral, mas uma discriminação baseada em diferenças biológicas; e assim a história é construída sem lados, mas nem por isso alheia ao que é certo e o que é errado, independentemente de qualquer posicionamento social ou pessoal.

RITOS DE PASSAGEM mantém a qualidade do primeiro volume e até a aleva em algumas partes, mesmo com a mudança do personagem principal. Aliás, essa é uma das razões da imparcialidade da autora, sem abandonar seus princípios, dando voz para um personagem diferente, de um gênero diferente, sem manipular a visão dos acontecimentos, o que seria natural caso mantivesse Lilith como a narradora. Verdades não são verdades se contadas apenas por uma pessoa. E o uso de Akin para construir uma convivência, durante anos, com diferentes espécies, presenciando atos de bondade e de crueldade, formando seu caráter e definindo sua escolha de forma de vida, dá ao leitor um aprendizado social que é facilmente interpretado dentro de nossa realidade.

Como em DESPERTAR, ao final de RITOS DE PASSAGEM, temos algumas páginas com questionamentos sobre a leitura, abrindo discussões em salas de aula ou em clubes de leitura. É muito interessante ler essas perguntas e tentar respondê-las, ainda mais em grupos, para vermos os diferentes pontos de vista, e mesmo para compreendermos certos detalhes que abrem um leque enorme de possibilidades e de interpretações. Excelente!

site: https://gramaturaalta.com.br/2019/11/17/resenha-ritos-de-passagem-octavia-buttler/
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Paulo 19/12/2019

No final do primeiro volume, os Oankali retiram a capacidade dos humanos rebeldes de se reproduzirem. Eles podem viver longas vidas, mas não mais podem ter filhos. A resposta deles é sequestrar toda e qualquer criança humana que seja humana. Akin representa o primeiro passo dos Oankali rumo a uma nova direção de um macho híbrido humano-oankali. Um ser com um grau de aprendizado muito rápido, mas frágil na sua infância. Ao ser sequestrado por rebeldes, ele acaba caindo em uma cidade com uma outra maneira de enxergar os alienígenas. Pessoas que não desejam se envolver com os Oankali mesmo à custa de sua própria saúde. Mesmo sofrendo com muito preconceito, Akin vai entendendo pouco a pouco a mentalidade dos rebeldes e um pouco do que eles desejam para si. Estranhamente, os Oankali acabam não realizando uma incursão para recuperar Akin, mesmo ele sendo tão precioso para eles. Vamos descobrir apenas mais tarde o real objetivo dos alienígenas.

Ritos de Passagem possui uma enorme aura de segunda volume. O que eu quero dizer é que o livro sofre muito com o fato de ser um livro de transição entre o ponto de partida da autora e aonde ela deseja chegar. Temos algumas ideias sendo desenvolvidas aqui, mas nada muito ambicioso. Apenas sementes sendo jogadas para frutificar mais à frente. Com isso, o livro parece não decolar muito, diferentemente de Despertar que era bastante ambicioso. O que eu gostei bastante neste segundo volume foi um desenvolvimento dos Oankali, mostrando suas casas e suas visões distintas sobre como lidar com os terráqueos. Imaginávamos que os alienígenas eram mais homogêneos, mas acabamos por perceber que não é bem assim. Nikanj (o ooloi que se envolveu com Lilith no primeiro volume) sequer é uma voz de maioria entre os seus pares.

A escrita da Butler está bem diferente neste segundo volume. Ela optou por uma abordagem mais dinâmica, com capítulos curtos de forma a ganhar velocidade na narrativa. Algo que normalmente vemos em romances Young Adult nos dias de hoje, mas que já era usado por alguns autores clássicos. É uma ferramenta eficiente e que faz a narrativa passar mais rápido. Para esse segundo volume, a narrativa dá uma sensação de passagem de tempo rápida e logo vemos Akin saindo de sua infância e seguindo para sua adolescência. Se trata de uma narrativa voltada mais a uma espécie de história de vida centrada na figura de Akin, alguém responsável por uma mudança de perspectiva na colonização oankali.

O tema da colonização continua presente aqui. A relação entre colonos e metrópole (no caso, os Oankali) é abordado de uma forma mais complexa. Os rebeldes argumentam que os alienígenas estariam tirando a sua essência, logo o que sairia de um híbrido das duas raças seria algo não humano. A própria ideia de ter sua genética mexida por eles desagrada boa parte da humanidade. Akin a todo o momento fica confuso pela insistência dos mesmos em viverem sob os antigos costumes e se recusarem a receber tratamentos para doenças e condições que seriam facilmente eliminadas pela tecnologia genética oankali. Um exemplo simples é uma personagem (não direi quem) que possui síndrome de Huntinton, uma doença autoimune, mas que possui tratamento caso os humanos fossem até ajuntamentos oankali.

O que eu pude perceber na temática do livro é um certo pessimismo na visão da autora. Não sei se o que eu li é realmente a visão dela, ou é um argumento narrativo dos personagens. Na trama os seres humanos são colocados como uma espécie que busca a violência entre si. E que, ao serem retirados do topo da cadeia alimentar, se colocaram como uma espécie em perigo. Resistem com violência à mudança. Pouco a pouco a insatisfação com o fato de não poderem mais se reproduzir, apesar de terem ciclos de vida mais longos, estoura em ataques de bandoleiros, violência física, sequestros. Podemos argumentar que os oankali se utilizam de táticas desonestas meio que direcionando as escolhas dos seres humanos. Ao retirarem sua capacidade de se reproduzir por considerá-los "imaturos", acabam colocando-os em uma jaula sutil. Akin surge com uma terceira via de forma a dar uma nova oportunidade aos seres humanos. Contudo, há de se colocar que os Oankali já haviam dado uma segunda chance à humanidade ao oferecerem uma espécie de jardim edênico com flora e fauna restauradas.

O protagonista possui muita inteligência logo que nasce, mas sua inexperiência o faz enxergar o mundo com outros olhos. Tendo vivido seus anos com os rebeldes, Akin adota uma perspectiva diferenciada, entendendo em parte seus argumentos. Lógico que em momento algum, o protagonista corrobora com os atos de violência, sendo inclusive vítima de alguns deles. Mas, mostrando a incoerência de seus argumentos ele vai trabalhando a consciência de alguns em relação à necessidade de mudar. Os personagens de apoio fornecem os dois lados da moeda para Akin: Tate e sua tendência a entender Akin frente ao seu marido Gabe, incapaz de aceitar os oankali. Eles são apenas o topo do iceberg do que representa as opiniões dos rebeldes.

Outro ponto fantástico a se discutir é a participação de dois híbridos na história, as jovens Amma e Shkaht. Elas são levadas até o cativeiro de Akin e os humanos do local decidem que querem desfazer as manipulações que os oankali fizeram no corpo delas. Para isso, eles pretendem cortar fora os tentáculos sensoriais que caracterizam-nos. Na visão deles, sem os tentáculos restaria apenas o lado humano delas. Mas, dá para se pensar: somos tão egoístas que desejamos o mundo inteiro à nossa imagem e semelhança? Tratamos tudo o que não é parecido conosco como animais? As duas híbridas ficam horrorizadas com o que os humanos querem fazer a elas. Isso porque os tentáculos são parte de seu corpo, assim como seus braços e pernas. Retirá-los é o mesmo que amputar um membro. Butler nos apresenta um ponto de vista onde o ser humano se sente como o modelo ao qual as demais criaturas devem se basear. Tanto é que em nossa imaginação sobre alienígenas, sempre os imaginamos em formato humanóide (por mais estranho ou "alienígena" que seja o tipo corpóreo).

Por outro lado, temos os Oankali e suas várias facetas. No primeiro volume conhecemos os Dinso e sua propensão à adaptabilidade. Toda essa visão de flexibilidade e manipulação é vista no ooloi Nikanj. Em Despertar, o ooloi começa como uma figura interessante, se afeiçoando a Lilith e desejando apenas ajudar. Mas, à medida em que a narrativa avançava, fomos percebendo o quanto ele podia ser manipulador para atender às suas ambições. Os Dinso são aqueles que ficaram na Terra para trabalhar com os híbridos. Através de um processo de tentativa e erro, eles buscam encontrar a formatação ideal.

Os Toaht são diferentes no sentido de serem mais pragmáticos. No primeiro volume vimos Kahguyaht, parceiro oankali de Tate, como sendo a visão deste grupo. Os Toaht preferem trabalhar de forma mais direta, tendo uma postura gélida quanto a seus experimentos. É compreensível o leitor sentir-se menos propenso a gostar deles, mas eu acredito que seres como Kahguyaht são mais simplórios de entendermos objetivos e motivações. Neste segundo volume eles preferiram se afastar dos humanos e continuar seus trabalhos genéticos em suas naves. Quando Akin propõe uma terceira via, eles são o lado que não apoia de forma alguma. Por essa razão, o protagonista fica limitado à casa Dinso.

Por fim, conhecemos os Akjai. Uma casa mais antiga dos oankali e com uma compreensão muito maior sobre seu próprio corpo e sobre a maneira como os alienígenas conseguem manipular o ambiente ao seu redor. Vai ser com os Akjai que vamos conhecer mais detalhes sobre a cultura oankali. Não vou me estender mais porque posso acabar estragando algumas surpresas que a autora preparou. Só digo que a terceira parte (das quatro existentes neste livro) é uma das mais informativas no sentido da construção de mundo proposta pela autora.

Dos livros da Butler que eu li até o momento, esse é aquele que eu achei menos impactante. Isso porque eu achei que a autora segurou bastante a mão para inserir suas altas ideias em próximos volumes. Os debates vistos aqui são muito interessantes e cabe aqui a reflexão quanto ao fato de termos ou não uma tendência à autodestruição. A violência é o que capacita o ser humano? Vivemos em um mundo onde nos sentimos no topo da cadeia, mas nunca paramos para pensar que talvez não o sejamos em relação ao universo.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Guynaciria 26/01/2020

Esse é o segundo volume da trilogia xenogênese, aqui temos a evolução da personagem Lilith Iyapo, com sua aceitação no novo contexto em que está inserida a raça humana, com sua miscigenação com a raça alienígena que os salvou. 

Lilith, teve mais um filho chamado Akin, esse é um garoto muito parecido aos seres humanos de antigamente, o mais próximo fisicamente das características de sua mãe, mas não se engane, ele é um dos seres mais evoluídos dessa história, tendo habilidades inimagináveis.

Esse livro é escrito sobre o ponto de vista do Akin, como ele está se descobrindo e ao mundo ao seu redor, como está criando vínculos de amizade com as duas raças e tendo noção de que ambas serão extintas em breve, restando apenas a nova raça da qual ele faz parte. 

Nesse segundo volume vemos ainda mais como alguns seres humanos são irracionais, optando pela violência ao invés de descobrir algo novo, o principal fator que os move é o medo e a ambição desmedida, ter se torna mais importante do que ser e conhecer. 

Mas Akin tem o melhor das duas raças, ele é o elo de ligação e ao mesmo tempo o de mudança. Ele vai ser a única opção que os humanos têm de ter uma nova chance de sobreviver, mas quantas chances mais serão dadas? É o que vamos descobrir no próximo volume. 

Bjos!.
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Lane @juntodoslivros 30/01/2020

Será que a humanidade merece uma segunda chance?
Despertar termina com alguns humanos sendo libertos na Terra. Todos terão longas vidas, porém nenhum terá filhos a não ser através da permuta com os alienígenas Oankali. A maioria dos humanos se recusa a viver nos termos dos Oankali, então montam suas próprias aldeias longe dos alienígenas e sequestram crianças que se pareçam humanas.

Em meio aos conflitos entre humanos rebeldes e Oankali, Akin é gerado para que tivesse muitas características físicas humanas sem deixar de ter sua permuta Oankali em seu gene, sendo ele o único macho que foi concebido de uma mãe humana. Diferente de qualquer outra criança humana, Akin já nasce com consciência e inteligência além do comum. Porém, sua aparência acaba por chamar atenção dos rebeldes que o sequestram ainda bebê. O que esse sequestro gera, pode mudar todo o curso da humanidade.

Ritos de Passagem traz uma nova perspectiva sobre a humanidade e os Oankali, pois em Despertar, enquanto não era considerado que os humanos vivessem como antes, aqui temos um estudo de possibilidades por causa do que Akin viu e viveu.

Aqui temos uma boa visão dos rebeldes, mesmo que seja pela perspectiva de Akin. Vemos toda a frustração dos humanos que vivem sua vida procurando algo para se ocupar, mas sem nunca poder deixar esse legado para alguém. E até mesmo o quanto eles podem ser destrutivos e cruéis uns contra os outros. Tendo tirado deles sua perspectiva de futuro, a humanidade acaba por se rebelar de formas extremas. Ao mesmo tempo em que eu me enojava com a perversidade da humanidade em certas situações, eu também ficava imensamente perplexa com a interferência descabida dos Oankali em controlar tudo. A “boa ação” dos Oankali em não deixar a humanidade ser ela mesma, para que assim não houvesse uma nova guerra nuclear ou mais, eles acabam por exercer um poder de manipulação sobre toda uma espécie. O que isso resultará além de revolta? Muitos preferiam morrer a serem subjugados.

Tudo nos dá um bom gancho do que vem no próximo volume da trilogia. Será que os humanos merecem ter de volta sua antiga vida sem nenhum tipo de interferência?

site: https://www.instagram.com/p/B7WOSWxjsy7/
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Robert 02/03/2020

A Octávia criou uma espécie alienígena complexa. Os diversos termos criados, às vezes dificultam um pouco a leitura. Mas ainda sim é uma leitura muito agradável.

Conseguir imaginar a aparência dos Oankali é complicado. Segundo a descrição do livro, a face é lisa, possuem tentáculos cobrindo o corpo todo, da cabeça aos pés. Tentáculos que lembram lesmas marinhas. Suas mãos e pés possuem 16 dedos e lembram uma margarida. Pele cinza azulada. Eles possuem três sexos: machos, fêmeas e ooloi. Estes últimos possuem 2 tentáculos sensoriais usados para realizar a manipulação genética e também para acasalar.

Em troca da ajuda dos Oankali, os humanos fornecem material genético (o que os Oankali chamam de permuta). Com um toque, um ooloi consegue manipular genericamente outro indivíduo. Podem curar doenças, fazer aprimoramentos e, também, transmitir sentimentos e emoções.  

Sua tecnologia também é interessante, suas naves, por exemplo, são organismos vivos. Criados através de manipulação genética. Elas fornecem tudo para a sobrevivência de seus tripulantes, desde oxigênio a alimentação. Por meio de comandos químicos é possível criar paredes, cômodos, mesas, camas, caseiras. 


No primeiro livro descobrimos que a humanidade passou por uma guerra que destruiu o planeta e os humanos sobreviventes estavam em vias de extinção. 

O que sobrou da humanidade é resgatada por uma raça alienígena chamada Oankali, que mantém os humanos em animação suspensa por alguns anos, nesse tempo eles recuperam o planeta e tratam as pessoas, manipulando geneticamente de modo a curar doenças.

Os humanos são despertos de tempos em tempos para serem testados, uma dessas pessoas é Lilith Lyapo. Ela é incumbida de despertar outros humanos e ajudá-los a aceitar e entender essa nova realidade e prepara-los para recolonizar a Terra.


Aqui no segundo livro, acompanhamos a infância de Akin até a sua metamorfose. Akin é filho de Lilith, ele é um constructo, híbrido humano e Oankali, o primeiro do sexo masculino, nascido de um humano. 

Por sua condição, Akin se desenvolve mais rápido, e aos 17 meses de vida já sabe falar e compreender o mundo a sua volta. Ele é sequestrado por rebeldes e passa a vivier entre eles, aprendendo sobre seu modo de vida e o por que de não aceitarem as condições impostas pelos Oankali.
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guizo | @euguizo 08/05/2020

Não consegui me conectar tanto com o protagonista desse segundo livro, mas foi uma experiência interessante já que ele é só metade humano. Mas a estória evoluiu muito, aqui descobrimos muito mais sobre essa espécie, seus planos, sobre a adaptação dos humanos, e o final, a parte toda sobre Marte... ansioso para o terceiro!
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Júlia 01/06/2020

Gostei mais do primeiro, fui pega de surpresa a hora que percebi que o protagonista do livro não era o mesmo do primeiro mas não que isso que tenha feito com que eu não gostasse do livro.
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Sra.Flowers 23/07/2020

Resenha Ritos de Passagem - Uma nova visão
Ritos de passagem é o segundo livro da série Xenogêse da Octavia Butler. Durante o primeiro livro nós somos apresentados a uma nova realidade, a Terra não existe mais e os humanos que foram salvos não podem mais habitá-la. Desta forma series alienígenas salvam os humanos e diversos anos depois começam a despertá-los.

Somos introduzidos a nova realidade, onde estes seres buscam realizar permutas com os humanos, a troca genética entre eles e a nossa raça geraria humanos híbridos e Oankali. Durante o primeiro livro, temos as perspectivas de Lilith, que foi escolhida para despertar os primeiros humanos que seriam enviados para a Terra recuperada.

Neste segundo livro nós acompanhamos a história de Akin, filho de Lilith e o primeiro humano híbrido masculino. A criança foi desenvolvida para parecer mais com os humanos, facilitando a aceitação deles pelos seus pais, mas de qualquer forma eles vão passar pela metamorfose, o que seria a transformação deles para adultos.

Akin é mais inteligente que uma criança normal, fala desde muito bebê e foi se desenvolvendo rápido.

Uma nova realidade e os novos desafios

Nesta nova realidade, alguns povos não aceitaram ser controlados pela raça alienígena e por fim se tornam rebeldes. Eles foram esterilizados pelos Oankali e mesmo tendo a sua longevidade aumentada, estas pessoas desejam ter filhos e sem a possibilidade de tê-los passaram a sequestrar essas crianças hibridas.

Durante a história vemos Akin sendo sequestrado e mostrando um pouco da visão desses povos e nos dando uma nova perspectiva sobre a história. Alguns questionamentos do livro anterior são respondidos, mas a nossa visão sobre os alienígenas também muda.

Deste lado da história fica claro o quanto foi cruel o que fizeram com os humanos rebeldes, tirando deles o livre arbítrio. Akin acaba precisando lidar com esse conflito, pois ele é parte humano e parte Oankali e começa a entender os problemas que envolvem essas permutas.
As coisas não são tão claras, não é o fato de esconderem as coisas, mas sim tirar os direitos. O questionamento sobre ser um humano voltam com força. E sem tocar na palavra escravidão, Octavia ainda trata sobre essa questão, principalmente quando aborda a estrutura de poder dos Oankali e da forma como eles tratam os humanos.

A autora fala da forma como as mulheres na sociedade são reduzidas para a procriação, ela utiliza isso para falar sobre as questões que envolvem as mulheres negras e a forma como muitas foram violentadas e forçadas a acreditar que aquele era o desejo delas.

E mais uma vez Octavia conversa com o leitor, faz ele refletir sobre várias questões e sair da sua zona de conforto.

A série é composta por três livros, o último ainda não tem previsão de lançamento, mas pode sair até o final de 2020, segundo informação fornecida pela Editora Morro Branco.



site: www.contandoestrelas.com.br
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Ariane 12/08/2020

Crescendo com Akin
Uma continuação da série Xenogênese tão incrível e inesperada quando o primeiro livro. Uma leitura intrigante e questionadora, recomendo.
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Luan 10/11/2020

Octavia Butler é uma autora que sabe onde quer chegar com suas histórias
Octavia Butler não é apenas uma ótima escritora. Ela sabe muito bem o que cria e por onde quer transitar com suas histórias. Foi assim com a série Semente da Terra, onde o segundo livro se mostrou ainda mais interessante do que o primeiro. E se repete agora, em Ritos de Passagem, o segundo volume da trilogia Xenogênese.

Nesta sequência, depois de viverem um período de animação suspensa e de aprendizado na nave alienígena, os humanos – e também os Oankali – agora estão de volta ao destruído Planeta Terra tentando recomeça-lo. A protagonista Lilith Iyapo agora é mãe de Akin, criatura meio humana, meio Oankali. Mas após ser sequestrado por humanos rebeldes, sua perspectiva em relação às pessoas muda e ele vai ficar entre os humanos e os Oankali.

Agora na terra, anos depois dos acontecimentos do primeiro livro, vemos as perspectivas dos dois diferentes povos. É interesse acompanhar como ambos se comportam com essa novidade que é tentar viver, de alguma forma, em harmonia – o que, claro, é bem difícil. Além disso, há uma grande evolução que nos encaminha para um encerramento de sequência que abre ainda mais perspectivas dentro do universo e deixa o leitor ansioso para o fechamento da trilogia.

Diferente do – na minha opinião - monótono primeiro volume (Despertar), Ritos de Passagem tem um ritmo mais interessante de leitura. Também é um livro com mais acontecimentos, logo, mais evolução. A monotonia, pra mim, foi um grande problema do primeiro livro da trilogia. Senti falta de um desenvolvimento mais ágil, com fatos mais relevantes. Neste, no entanto, encontrei o que queria, com a chegada de novos personagens e expansão do universo.

A autora aborda diversos temas dentro de sua história - o que, sabemos, ocorre em todos os seus livros, onde ela usa da ficção para relatar a nossa realidade. E ele é tão atual em todos estes temas discutidos. Os novos personagens acrescentam bastante à história, especialmente o simpático Akin, que tem grande protagonismo neste segundo volume.
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Luana Lima 15/11/2020

Continua sendo uma ótima ficção científica
A autora sabe trabalhar muito bem o início, meio e fim da história. Não ficamos cansados ou desanimados com a leitura e ter o ponto de vista de um personagem diferente do primeiro livro nos ajuda a ter novas percepções. Gostei do segundo livro tanto quando do primeiro e não vejo a hora de ler o terceiro, essa é uma ficção científica de agoniar e arrepiar a cada avanço dado pelo protagonista. Quero o terceiro livro logo!
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Tamires 01/12/2020

Impecável
O que dizer de Octávia, a escrita perfeita para os amantes de ficção científica esse perfeito.
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