Caroline 30/01/2011
Ao Encontro do Fascínio.
Ouvi nos jornais o nome de Mario Vargas Llosa. Interessou-me por duas razões: a óbvia, o Nobel de Literatura e uma mais sentimental, essa história de ex-candidato à presidência que hoje vive em exílio. Uma relação tão intensa com a pátria só pode resultar em uma obra espetacular, pensei.
Numa ida ao sebo, encontrei um livro do escritor peruano, que julguei pela capa e pelo autor, assumo, mas foi uma ótima escolha. Na primeira página de O Paraíso Na Outra Esquina já me senti absolutamente seduzida pela Flora Tristán de Llosa. Enquanto lia o livro, procurava artigos sobre sua existência real e me fascinava cada vez mais.
O modo que o autor transita livremente entre a realidade e a ficção é incrível. O mais encantador sem dúvida é essa cortina que nos impede de saber o limite da verdade: até que ponto Flora e Gauguin são o que descreve Llosa? Veio em mim um súbito interesse pela causa de Flora e pela arte de Gauguin, e várias vezes me pegava pensando, “será?” para alguns fatos citados no romance e em outros, mais esclarecidamente fictícios, tinha a deliciosa sensação de imaginar que de fato aconteceram, como o encontro tempestuoso de Flora com Marx em uma gráfica.
Isso sem falar na forma de Llosa manter um diálogo com suas personagens,tratando-as pelos apeidos, tão natural que torna a leitura mais que agradável, viciante. Mistura maestralmente vários estilos sem que haja confusão alguma e nos torna íntimos de Flora Tristán e Paul Gauguin.
É um daqueles livros que te deixam uma herança e cuja última página provoca certa tristeza e a vontade de reler aparece logo depois de tê-lo terminado. Daqueles que a gente sai indicando pra todos os amigos e receia emprestar, com medo de perder de vista.
Desde o título até o enredo, um livro fascinante.