Santa Evita

Santa Evita Tomás Eloy Martínez




Resenhas - Santa Evita


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Valéria Cristina 04/12/2023

Amém!
Gente, já registrei em diversas oportunidades que não sou muito fã de biografias, mas há exceções. Este livro é uma delas.

Eva Perón constitui um mito do peronismo e da Argentina. Em um texto que mescla romance e biografia, Martínez descortina muitos fatos, eventos e acontecimentos da vida dessa personalidade absolutamente controversa.

Sua infância, adolescência em sua cidade de província, a chegada a Buenos Aires, sua família, o encontro com Juan Perón, seus sonhos, personalidade, afetos e desafetos são expostos por meio de uma escrita envolvente e arrebatadora. Suas ações em prol de seus gracitos, a fundação que levava seu nome, bem como sua atuação pública nos são contados de forma romanesca. Entre tudo isso, percebemos a formação do mito, da “religião” que se formou em torno dessa mulher que não teve quem lhe pudesse igualar ou comparar.

Apesar de serem expostos os episódios acima, o foco principal da narrativa são os últimos dias de Evita. Assim, observamos sua agonia pública, sua última aparição, sua candidatura frustrada à vice-presidência. Vemos um país mobilizado em torno de orações, vigílias e homenagens àquela que foi denominada Mãe dos Pobres, Benfeitora da Nação, Santa Evita.

Tomamos conhecimento da ordem dada por Perón para que o corpo fosse embalsamado e como, depois de três anos, ele ainda estava sendo preparado pelo embalsamador. Depois, quando Perón é deposto, vemos o sequestro do corpo pelos militares e a tentativa de torná-lo esquecido. O destino dos envolvidos nessa missão tem aspecto de irrealidade e confesso que em alguns momentos verifiquei se o que estava sendo relatado constituía fato ou ficção. Isso porque o périplo de Evita morta constitui uma história realmente extraordinária.

Interessante também que o autor relata seu processo de criação desse livro e dialoga com o leitor indicando seu próprio estado de espírito ao construí-lo. Impactante, emocionante e envolvente da primeira à última página, essa biografia faz com que nos tornemos mais um devoto de Santa Evita.

Jornalista e professor, além de romancista, nasceu em 1934, em Tucumán, Argentina. Depois da graduação, completou seus estudos de literatura em Paris, dedicando-se à obra de Borges. Intelectual combativo, viveu vários anos no exílio, tendo trabalhado nos Estados Unidos, Inglaterra, México e Venezuela. Foi também diretor do Programa de Estudos Latino-americanos da Rutgers University, em Nova Jersey. Em 2009, o jornal espanhol El País concedeu ao jornalista e escritor o Prêmio Ortega y Gasset de Jornalismo, distinção dada aos autores de trabalhos publicados em espanhol em todo o mundo. Também em 2009, Martínez passou a integrar a Academia Nacional de Jornalismo. Seu último livro de literatura, Purgatório, data de 2008.
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Pisi14 23/08/2023

Realidade ou ficção?
Uma poderosa líder política tem seu corpo roubado por militares golpistas e eles tentam preservá-lo e ao mesmo tempo escondê-lo durante décadas. Uma pessoa outrora viva tão poderosa e magnética que mesmo depois de morta causa fascínio, medo e desejo (sim, você não leu errado)

Poderia ser uma história de ficção, mas é um fato real ocorrido na América Latina.

A história real do sequestro de um cadáver se mistura com a ficção desenhada pelo autor, tornando a história muito interessante embora sombria e perturbadora.
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Ricardo 03/03/2023

Uma boa história
O autor tinha uma grande história em mãos. Narrou episódios de quase realidade fantástica, mas com uma narrativa por vezes muito prolixa contendo eventualmente algumas histórias paralelas que não acrescentam muito.
Por diversas vezes a leitura me perdeu, minha mente divagava longe enquanto passava os olhos no livro, tinha que retomar várias páginas para retomar o fio da leitura.
Dito isso ainda é possível afirmar que é uma obra interessante, trazendo alguns bons detalhes a respeito da vida, morte e lendas de Evita Peron.
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Fátima Lopes 11/01/2022

Narrativa impactante ( até macabra em alguns trechos) que mistura história e ficção . É mais uma tentativa de entender a devoção que se criou em torno de Evita, apesar do desprezo que a "elite" argentina tinha por ela.
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Filipe 12/06/2020

Uma obra obrigatória para quem se interessa por Eva Perón. Os elementos e narrativas ficcionais inseridas por Tomáz Eloy Martinez agregam ao pós morte de Evita um toque ainda mais gótico e bizarro.
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Cris 09/02/2020

Muito interessante
O romance Santa Evita do escritor e jornalista argentino Tomás Eloy Martinez reconstrói 'ficcionalmente'(?) a vida de Eva Perón, esposa do três vezes presidente argentino Juan Perón, com a justificativa que o corpo embalsamado de Evita não pode ser esquecido pelo povo argentino. O autor realizou um trabalho investigativo, e utilizou estratégias na escrita, no sentido de confundir a fronteira entre ficção e história, partindo de sua crença de que todo relato é infiel. Recomendo!
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Rosa Maria 22/12/2013

A arte de morrer
O livro nos mostra o suplício pelo qual passou o cadáver embalsamado de Evita Perón por longos anos. Ela não queria ser esquecida, queria estar sempre perto de seu povo e construiu o mito Evita Perón! Um cadáver que vagou por diversos lugares, com várias pessoas, até que finalmente repousou no Cemitério da Ricoleta em Buenos Aires. Livro bem interessante, que narra principalmente os dois últimos anos de vida e os três anos posteriores à morte de Evita. Os últimos capítulos são um pouco cansativos de se ler. Recomendo a leitura do livro.
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Sybylla 03/08/2012

Uma leitura um tanto perturbadora sobre o que aconteceu ao corpo de Evita assim que ela morreu. Prepare-se para ler alguns absurdos que as pessoas cometeram em nome de Evita.
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rogerbeier 02/06/2012

Realidade ou Ficção?
Realidade ou ficção? Eis a questão que intriga todos aqueles que se aventuram a seguir o corpo embalsamado de Evita pelas labirínticas páginas de Santa Evita. Questão da qual o autor não descuida em passagem alguma de todo o romance e que pode ser aqui resumida através de uma provocação que o próprio Martínez nos faz em uma passagem de seu livro:

“Porque a história tem de ser um relato feito por pessoas sensatas e não um desvario de derrotados (…) Se a história é – como parece ser – mais um gênero literário, por que privá-la da imaginação, do desatino, da indelicadeza, do exagero e da derrota que constituem a matéria prima sem a qual não se concebe a literatura?”.

Lançado em 1995, Santa Evita logo se torna grande sucesso editorial, talvez o maior de seu autor, chegando a ser traduzido em várias línguas. No Brasil, foi editado pela Companhia das Letras, em 1996, ganhando cuidadosa tradução de Sérgio Molina.

Neste romance, Martínez narra simultaneamente quatro histórias que se imbricam sem uma ordem pré-estabelecida. Muitas vezes, uma serve de ponte para o início da outra, amarrando-a de modo que uma narrativa assimétrica e poliédrica forme um conjunto harmonioso no final.

A primeira das quatro histórias a aparecer no romance é o de Evita viva. Martínez prefere narrar a história da vida de Evita em sentido inverso, isto é, iniciando com o momento de sua morte, quando a mostra totalmente debilitada pelo câncer em seus últimos dias de vida, para chegar, nos derradeiros capítulos do livro, à história do seu nascimento, que foi narrada por sua mãe. No decorrer do romance, e sem seguir uma ordem definida, o autor vai revelando aos poucos a trajetória da saída de Evita, ainda jovem, de uma província do interior da Argentina, Junín, até chegar a Buenos Aires, onde passou a viver como atriz de rádios e teatros de segunda categoria, onde acabou por conhecer Juan Domingos Perón em um momento crucial da carreira política deste. Daí em diante, a vida de Evita muda de rumo, vai crescendo até se tornar uma das figuras mais importantes da Argentina e desembocar na sua trágica e prematura morte, aos 33 anos de idade, fato que colaborou enormemente para a formação do mito de Evita.

Assim, vemos que os dados biográficos de Evita são apresentados pelo autor aos poucos, no decorrer do romance e com grande riqueza de detalhes, o que demonstra, como nos diz Mario Vargas LLossa em sua resenha para o jornal La Nación:

“un trabajo de hormiga, una pesquisa llevada a cabo con tenacidad de sabueso y una destreza consumada para disponer el riquísimo material en una estructura novelesca que aproveche hasta sus últimos jugos las posibilidades de la anécdota”

A segunda história narrada em Santa Evita é a do destino errático do corpo de Eva Duarte de Perón. Tão logo esta foi dada como morta, Juan Perón, seu amantíssimo esposo, encaminha o corpo a um embalsamador espanhol cujo trabalho seria eternizá-la escondendo a morte presente em cada célula daquele corpo. Mais do que isso, ao narrar as aventuras pelas quais o corpo de Evita passou nos anos em que esteve desaparecido, o autor estava também se referindo à história da própria Argentina. No momento em que o corpo de Evita foi embalsamado, ele deixou de ser apenas um corpo para representar a Argentina. Segundo o Coronel Moori Koenig, um dos personagens do livro, ao embalsamá-la Pedro Ara acaba por confundir o corpo de Evita com a Argentina. Para o Coronel, o que está em jogo “não é mais o cadáver desta mulher, mas o destino da Argentina. Ou as duas coisas, que para tanta gente parecem uma só”. Em uma conversa com o embalsamador ele confirmaria que este “ao embalsamá-lo (…) tirou a história de lugar. (…) Quem tiver a mulher, terá o país em suas mãos”. E mais adiante, no último capítulo do livro, é o próprio autor quem confirmaria como o corpo embalsamado de Evita foi usado como alegoria para representar a Argentina: “Esse cadáver somos todos nós. É o país”.

A história de Evita morta, ao contrário da anterior, flui para frente, isto é, foi narrada do momento em que ela morreu em diante, seguindo o fluxo dos acontecimentos, a linha diacrônica. É do entrelaçamento destas duas histórias que surge, em sua maior parte, o romance de Martínez. É ele mesmo quem nos diz que contaria o romance tal como o sonhara um certo dia: “Não contaria Evita como malefício nem como mito. Iria contá-la tal como a sonhara: como uma mariposa que batia para a frente as asas de sua morte, enquanto as de sua vida voavam para trás[6]”. E junto à história de Evita, contaria também “o que foi sua pátria e aquilo que quis ser, mas não pôde”.

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Para não deixar o post ainda maior, veja a resenha completa no blog: http://umhistoriador.wordpress.com/2012/05/31/santa-evita-realidade-ou-ficcao/
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guibre 28/06/2010

Trata-se de uma obra que contém muito mais do que se descreve na sinopse, de modo a não se resumir a um relato romanceado das “desventuras” do cadáver de Eva Perón. O autor também reconstrói episódios da vida de Evita, antes mesmo dela conhecer Juan Perón, de modo a destacar alguns acontecimentos, como a recusa forçada por parte da mesma de ser candidata a vice-presidência da república. Observe-se que o autor não se utiliza de qualquer linearidade temporal, atribuindo um desenvolvimento particularizado ao livro.
É necessário mencionar as reflexões contidas na obra acerca do confronto entre realidade e mito, entre verdade e ficção, além de variadas considerações sobre a falibilidade da memória e das contradições dos relatos acerca da história. O próprio autor aborda as dificuldades de recomposição do passado relatando encontros com as fontes que forneceram informações, além de descrever suas próprias agonias.
Trata-se de um livro consideravelmente denso, que descreve com competência a situação clamorosa de alguns que se viram envolvidos com a história de Evita Perón, história essa que não se encerrou por ocasião de sua morte, sem pretender ser um retrato fiel da realidade ou um documento histórico, e sim uma associação entre fato e imaginação.
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Demas 23/03/2009

A ascensão e o calvário de Eva Perón
Você pode imaginar uma pessoa que não consegue descansar nem 'despues de muerta'? Misturando história e ficção, Martinez escreve um delicioso e vigoroso romance sobre a primeira-dama argentina de todos os tempos, Eva Perón, cujas vida e morte deram o que falar.
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