Yasmim Carvalho 14/03/2023
Uma releitura que representa tudo de necessário
Cinderela Está Morta é uma releitura LGBTQIAPN+ da história da personagem de conto de fadas, ou pelo menos, mais ou menos isso. No livro Cinderela realmente existiu e se casou com o Príncipe Encantado. Agora toda garota do reino, tem que ir ao baile anual para encontrar um marido, porquê é a lei. Pode se reparar que, Bayron deixa claro a intenção de questionar os contos de fadas através da famosa princesa da Disney.
O livro não só questiona contos de fadas, mas o papel da mulher perante a sociedade, machismo, misoginia, preconceito, relação familiar, leis, tirania etc.
É uma história que a partir de um conto famoso, traz muitas reflexões para o público jovem e além. Tudo na personalidade da protagonista, que não tem medo de ser quem é, e muito menos de defender suas ideias, e questionar tudo no reino apesar de sempre ser repreendida. É uma mensagem importante, que superou até a minha aversão a tal princesa.
Com tudo, apesar de ter mensagens fortes e uma intenção clara, não vai tão afundo no impacto. Com presença de algumas revira voltas, e diálogos empoderados, eles não me passam tanta força no seu discurso. Sua maioria é realizado na forma de interrogação, e não uma afirmação impactante. Sophia está aqui para colocar questionamentos na cabeça do leitor, não de afirmar, deixando o seu argumento brando.
Não é uma história muito movimentada, o livro se apoia muito dos diálogos e na descoberta do que realmente está acontecendo, mas sem vastas mudança de cenário ou variação de ritmo. O que tornou a leitura arrastada, mesmo gostando da dinâmica entres as protagonistas e os problemas apresentados, não é um livro cheio de acontecimentos, é mais parado, isso inclui o final, que deveria ser o ponto mais impactante do livro. Na realidade é um final simples e funcional, no entanto não tão expressivo.
Sem contar que não tem desenvolvimento de personagem, Sophia começa de um jeito e termina a mesma, a autora na verdade, mantém uma consistência de caráter e crenças, e escolhe desenvolver o mistério por volta da história da Cinderela e a dinâmica entre os personagens. Isso não é necessariamente algo ruim. Só uma abordagem diferencia na escrita dela.
Uma leitura proveitosa e iluminadora, só não tanto dinâmica em sua fluidez. Afinal essa não é a intenção, só que faz ou não diferença na experiencia de quem está lendo.