Erich 13/04/2024
Começa simples, é evidente a passagem do tempo sendo narrada. E vai ficando mais forte, é uma epopeia da vida. Vamos sentindo a mudança das décadas, vamos percebendo sob o olhar da personagem o impacto dos fatos e dos anos.
A vida de antes, voltando três anos no máximo [antes do casamento e gravidez], parecia inacreditável, sentiam pena de não terem aproveitado mais. Tinham adentrado no mundo da Preocupação: com a comida, com a roupa, com as doenças infantis.
Considerávamos as opiniões e os conselhos que eles davam como simples informação. Nós nunca iríamos envelhecer.
Chega um momento do livro que simplesmente me perdi em mim mesmo, pois parece trazer uma compreensão maior da vida à nossa volta. As gerações que nos precederam, as gerações que nos sucederão.
Mais um livro da Annie Ernaux que vale a pena ser lido. Um livro que nos ajuda a pensar na realidade à nossa volta e em nós mesmos.
No decurso da existência pessoal, a História não significava nada.
O esquecimento jogava por terra a luta das mulheres, única memória que não tinha sido relembrada.
Ao ver e ouvir os filhos se tornarem adultos, nos perguntávamos o que nos ligava a eles. Não era o sangue e nem os genes, mas ter compartilhado o presente em milhares dias passados juntos, [...] uma quantidade sem fim de experiências em comum sem marcas conscientes.
Tudo isso menos para reconhecer a amnésia coletiva do que para criticar o poder da imprensa sobre o imaginário das pessoas. O desaparecimento do passado mais recente era chocante
O fato da trajetória ser de 1940 até o século XXI, faz com que conjuntamente vejamos a evolução trazida pela modernidade.
A alegria despertada pelo rádio era totalmente inédita, com ele podíamos estar a sós sem estar e dispor à vontade do barulho e da diversidade do mundo.
Queriam nos ensinar, mas não aceitavam que ensinássemos nada, deixando transparecer que, para eles, nosso conhecimento das coisas tinha menos sintonia com o mundo que o conhecimento dos mais jovens