Guerras Infinitas #2

Guerras Infinitas #2 Jim McCann




Resenhas - Guerras Infinitas #02


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Paulo 28/12/2023

Um hábito comum hoje em HQs de super-heróis é apresentar alguma mudança bombástica ou revelação estarrecedora para vender uma megassaga. Criar a expectativa no leitor de que o que ele vai encontrar naquelas 100 ou 200 páginas é algo que irá mudar para sempre o universo que ele lê. Quando isso é feito em ocasiões esporádicas e com uma revelação realmente significativa, é algo que pode alavancar as vendas de uma HQ. Guerra Civil teve sua cota de acontecimentos bombásticos: a revelação da identidade secreta do Homem-Aranha, uma luta entre o Capitão América e o Homem de Ferro, a ascensão de Norman Osborne. Só que vivemos em um mundo de criar expectativas sempre. E já há alguns anos nenhuma das duas grandes, Marvel e DC, consegue entregar algo realmente relevante. O que vemos são megassagas fundadas em conceitos bobos ou revelações sem importância. Que o leitor observa e diz "Tá... e daí?". Essa segunda edição é frustrante nesse sentido: algumas revelações são jogadas e elas não tem efeito prático nenhum. A história em si é previsível ao ponto de incomodar. A gente consegue prever mais ou menos para onde a história vai (e isso porque nem acompanho Marvel e não sei as consequências dessas saga... se é que tem alguma). Ou seja, vocês já viram o quanto eu não gostei disso.

Olha... vou dar alguns spoilers do que acontece nessa edição porque... porque sim. Acho que vale analisarmos os spoilers para que possamos aprender como não empregarmos certas mecânicas narrativas. Ou onde algo poderia ter sido feito diferente. Assim como na edição passada, vamos analisar edição a edição.

As primeiras duas histórias possuem roteiros do Gerry Duggan e arte do Mike Hawthorne e do Aaron Kuder. Tem o nosso querido Mike Deodato creditado, mas ele só é responsável pela primeira página das duas edições de Infinite Countdown. Sei o quanto o Deodato é um artista bem conceituado na Marvel, mas usar o artista dessa forma é o mesmo que desperdiçar o talento que ele é capaz de entregar. A arte do Mike Hawthorne é meramente mediana. A diferença se torna pior quando o leitor comparar as páginas do Deodato com as dele. Não funciona isso. A arte do Hawthorne/Kuder tem os seus méritos e apresenta vários quadros interessantes. Por exemplo, tem um momento com a chegada de um Galactus com o Rocket Raccoon em que os artistas criam janelas que servem para dar uma espécie de sequencialidade à cena. Continuo achando as cenas de combate bastante confusas, e o leitor não sabe para onde olhar. É possível ter uma cena ampla com várias coisas acontecendo. Mas, é preciso destacar, através da arte, de que se trata de um "caos organizado". Em que sejamos capazes de entender quem está indo para que lado, quem está batendo em quem, se as explosões estão afetando quantos ou todos. Para vocês entenderem o que eu estou dizendo, basta pegar alguma das cenas de Vingadores - Ultimato em que os exércitos dos dois lados se enfrentam. Mesmo sendo uma coisa absurda de monumental, existe uma ordenação e quem está observando consegue acompanhar e entender que aquilo tudo (apesar de maluco) faz sentido. Tem mais: não curto o design que o Hawthorne deu ao Warlock. Achei simplório demais. O visual dado pelo Allred me agradava mais.

E temos um roteiro. Nessa edição, Duggan continua o cerco que os Guardiões da Galáxia estão enfrentando no planeta Xitaung. Entre uma árvore gigante criada pelo Jardineiro, pelo Guerrilheiro (uma espécie de campeão dos Chitauri) e pelos Rapinantes, a situação parece desesperadora. É chegada a hora de evacuar o planeta e retirar os membros da Tropa Nova dali antes que todos sejam eliminados. Sem mencionar que uma das guerreiras Nova está para ter um bebê em pleno campo de batalha. Os Guardiões precisam deixar suas diferenças de lado para poderem sobreviver a essa insanidade. Enquanto isso, Warlock se dirige às coordenadas deixadas por Kang que o guiaria até o seu lado sombrio, Magus, que estaria de posse da Joia da Alma. Só que Warlock acaba encontrando nada mais, nada menos do que o Ultron Primordial que transformou o planeta à sua imagem e semelhança. Para piorar, ele capturou o Surfista Prateado e deseja transformá-lo em seu arauto.

Apesar de a temática da história da Capitã Marvel me ser mais interessante, o que Duggan entrega aqui é melhor acabado. Tem seus altos e baixos, como as revelações bobas, mas tem várias coisas com potencial. Vou tocar primeiro nos pontos altos. Duggan tenta alterar alguns clichês de histórias criadas por Jim Starlin durante décadas. Coisas que os leitores já estavam meio cansados porque Starlin se repetia bastante nos últimos trabalhos. Comentei na resenha passada que a ideia de dar formatos diferentes para as joias era uma boa sacada desde que isso significasse algo para a história. E isso o roteirista fez de uma maneira sagaz. Gosto dos Guardiões como uma equipe em conflito. Eles não são os Vingadores ou os X-men. São indivíduos de origens distintas e com interesses distintos que, de alguma forma, acabaram juntos. Até podemos colocar alguns deles juntos por algum motivo, mas na essência as melhores histórias vem deles sendo desajustados. Vi algumas pessoas elogiando a presença do Scott Lang na equipe... para mim, por enquanto, é indiferente. Ele tem sido mais um alívio cômico já que o Star-Lord está mais sério aqui. A ideia de uma vida nascendo em um campo de batalha onde a morte está acontecendo por toda a parte é uma boa, mas achei que poderia ter tido um impacto maior. Foi um conjunto de cenas belas com o roteiro tornando aquela Nova, em específico, um personagem especial. Vou dar uma colher de chá e dizer que gostei.

Até porque eu não gostei de muita coisa. Não sei vocês, mas não curto essa ideia do Ultron Primordial. Nunca me agradou nem na saga da Era de Ultron. Prefiro o Ultron como uma força tecnológica pura. Juntar ele ao Hank Pym me pareceu bobo na época. Tornou o adversário mais perigoso? Sim. Mas, ele perdeu muito do que o tornava tão ameaçador. E aqui Duggan o torna em uma espécie de piadista da vizinhança. Ultron-Pym forçando ser um vilão ameaçador me parece um ladrão de balinha de criança. Os diálogos dele com o Warlock são genéricos para baixo. Alguém deve ter pedido para o Duggan enfiar o Ultron no meio da saga. Não é possível alguém que coloca uns diálogos tão legais poucas páginas antes me produzir coisas tão sem inspiração. Não entendi nada daquela cirurgia maluca no Surfista. Enfim, passemos essa parte. Outra coisa que não me agradou foi a descoberta da identidade do Talonar. Tem um momento de confronto com um dos Guardiões, daí o vilão tira o capacete e faz uma grande revelação. De um personagem que pouca gente deve se lembrar. Que era da fase do Dan Abnett e do Andy Lanning pós-Aniquilação. Que já era uma fase meio em que eles estavam experimentando outras coisas sendo uma delas a própria reintrodução do Falcão de Aço. Toda a história dos Rapinantes foi algo criado pela dupla. Duggan traz isso e dá uma ampliada. Só que acaba que a grande revelação é um negócio qualquer coisa. Pior: o personagem vai ser central na trama porque logo depois acontece algo com ele na história com o Falcão de Aço que já vou comentar. Ou seja, tentam dar importância a um personagem qualquer-coisa. Spoiler: não adianta muito. Ele continua sendo qualquer-coisa.

A seguir temos uma história curta com a Capitã Marvel que vai ser um dos personagens centrais nessa megassaga. É preciso contextualizar aqui porque a personagem está passando por uma crise de confiança pós acontecimentos de Guerra Civil II. Nela, ela se coloca contra o Tony Stark e acaba deixando-o em coma ou semimorto... ou sei lá, após o confronto. Nunca li nem me interessei por Guerra Civil II (deixem aí nos comentários se vocês querem que eu leia esse negócio). Ela acabou com a posse da Joia da Realidade (não é explicado) e ela está usando esses poderes para entrar em contato com outras versões de si no multiverso. Dessa forma ela busca soluções perfeitas para os problemas com os quais ela se depara. Só que isso começa a ter graves consequências para ela, já que a Joia tem o hábito de sussurrar coisas demais para ela. Carol precisa se encontrar porque novas ameaças precisarão do suporte de toda a capacidade de liderança que ela possui.

Essa é uma edição com roteiro de Jim McCann e arte de Diego Olórtegui. Como a história é curta, não há muito o que dizer. A arte é bacana e Olórtegui gosta de fazer umas experimentações que valem a nossa observação, como o quadro mais abaixo. Gostei da preocupação com os detalhes e a pesquisa envolvida nisso porque ele conseguiu trazer várias versões históricas do Capitão Marvel. Vejam que curioso: a arte dele é bem menos apurada do que a dos dois artistas da história anterior, mas achei que ele foi capaz de desenhar cenas de ação melhores. E isso porque tem muita, mas muita coisa acontecendo nos quadros. Não se enganem: a arte é bem mainstream, nada espetacular. Não sei se houve uma sinergia maior com o roteirista, mas as cenas funcionaram melhor. A quadrinização é bem tradicional, girando entre os 5 e os 9 quadros. Tirando as páginas de experimentação, as demais funcionam normalmente. O roteiro vai nos apresentar uma Carol vulnerável e em dúvida sobre si mesma. As críticas quanto à sua atuação tem sido mais venenosas e isso a está abalando. Ela tem buscado na Joia a solução para eles. Só que o que ela vê acaba não fornecendo exatamente as respostas que ela deseja. Carol não quer mais errar; só que errar é demasiadamente humano. Não adianta tentar buscar soluções perfeitas porque elas não existem. É então que a personagem vai buscar em seu principal mentor, o grande Mar-Vell o que ele acha que ela poderia corrigir em si mesma. Gostei do roteiro, mas esse é o tipo de história que funciona melhor em um arco de 3 a 4 histórias. É um arco de redenção e ela parece fazer um crash-course nisso e já ao final está tudo bem, e Guerra Civil II foi deixado para trás. Ou seja, boa história, mas executada com pressa demais e com muitos furos.

E, bem... temos a história do Falcão de Aço, né? Vou tentar ser educado e não xingar essa história. Apesar de merecer com todas as forças. Na história temos Chris Powell lidando com o despertar de sua armadura Rapinante. Ele faz algumas descobertas estarrecedoras sobre a sua nova condição e deseja ir ao espaço para deter a Fraternidade de Rapinantes. As duas histórias servem para ele encontrar essa forma enquanto lida com algumas situações de sua vida como o emprego como policial e sua relação com Miranda. A arte é de Gang Hyuk Lim e o roteiro é de Chad Bowens. Falando sobre o roteiro, Chad Bowens já está junto do personagem há algum tempo então ele tem uma boa pegada sobre a sua vida e os personagens de apoio. Só que ele enfia várias situações aqui meio que para forçar a barra e fazer o personagem ir para o espaço. Os motivos não são nem um pouco bons e Powell deixa muita coisa para trás para realizar isso. A namorada dele denuncia o que eu penso a respeito ao dizer que o namorado que ela conhece nunca faria algo insano. Sim, porque o autor destruiu com a suspensão de descrença e fez o personagem tomar atitudes que não condizem com o personagem. Ah, mas isso iria tirar o personagem da saga. Até é possível colocar o Powell na saga desde que os motivos dados sejam plausíveis. Ele poderia ter sido derrotado pela caveira ambulante lá, ele poderia ter atravessado um portal. Teria várias maneiras de ter feito isso; o autor usou a mais esdrúxula de todas. O combate com o "Devastador" é desalentador. Até porque a arte também não ajuda muita coisa. Para quem gosta, deve achar a arte engraçadinha. É uma arte digital que não entrega nada demais. Diferente da história anterior, o artista vai por um caminho mais seguro. Não tem grandes cenas de ação, exceto a com o tal do Devastador, e mesmo elas não empolgam muito. Fico até sem saber o que dizer a respeito porque não tenho sequer algum comentário a destacar. A arte está ali e cumpre o seu papel. Só.

Essa foi uma segunda edição bem fraca em relação à primeira. Várias coisas afrontaram o meu gosto por histórias e olhe que sou fã do Jim Starlin de quem o Duggan parece beber bastante. A gente tem um saco misto de histórias com várias de medianas para ruins. Os roteiros não me empolgaram com muitas "surpresas" não surpreendentes, histórias que tinham potencial e nada fizeram e situações esdrúxulas que não levam a lugar algum. Quanto à arte, Deodato é mal aproveitado aqui com duas páginas apenas. Pelo menos na edição passada tinha o Michael Allred. Aqui nem isso. Se estamos tratando de uma saga importante para o futuro dos personagens cósmicos, o roteiro e a arte precisam melhorar muito. Isso aqui é bem abaixo do que se espera. E chega de Contagem Regressiva, pelo amor de Deus. Quando o negócio vai começar?

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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Gers 15/05/2021

Esta melhorando
Nao gostei muito da edição 1 dessa saga, mas a edição 2 ja começou a ficar melhor a história. Vamos ver nas próximas!!
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