Para Toda a Eternidade

Para Toda a Eternidade Caitlin Doughty




Resenhas - Para Toda a Eternidade


281 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Ana Lee 20/12/2021

É como tirar um peso
É o segundo livro que leio da Caitlin, li primeiro "Confissões do Crematório" que ela fala sobre como é trabalhar como cremadora... foi uma experiência incrível!
Nesse livro agora, ela fez uma pesquisa gigante sobre os rituais ligados à morte ao redor do mundo, é muito rico! E a escrita dela é respeitosa e leve, ela consegue até fazer graça muitas vezes.
Eu amei demais esse livro!!! Agora só falta ler mais um dela, enquanto ela não escreve mais.
Lu 20/12/2021minha estante
Sou loca pra ler Confissões de um Crematório mas n costumo gostar mto de livros de n ficção ent tenho um pouco de medo


Ana Lee 21/12/2021minha estante
Sou suspeita pra falar, mas como ela narra em primeira pessoa, fica parecido com um diário, o "Confissões do Crematório"




buritix 02/09/2023

A capa do livro me iludiu, achei que seria uma coisa e foi outra muito diferente. história chatinha e enjoativa, só terminei porque foi presente e me senti na obrigação de ler todo
Thefllyn 02/09/2023minha estante
Eu tenho e tava enrolando pra ler, agora fiquei mais desanimada ainda pra começar kkkk


charlie54 11/11/2023minha estante
é um livro de não-ficção, não uma história KKJKKKKK




Laura 08/08/2023

Me deu vontade de planejar meu funeral
"Sonho com o dia em que frases como 'ah, este foi o melhor funeral da minha vida' serão corriqueiras"
Assim começa esse livro,uma não ficção que vai tratar sobre culturas e sobre rituais fúnebres ao longo do mundo todo, temas esses que dificilmente a gente se atreve a falar sobre ou a investigar. É interessantíssimo.

Esses últimos tempos eu estive beeem interessada nesse tema morte e visões sobre a morte, e esse livro foi pft pq fala de tanta coisa e de uma forma extremamente fácil, divertida, e leve.Houveram coisas aqui que foram genuinamente fofas.

A autora também é uma diva,uma querida. Ela tem um canal no YouTube onde ela fala justamente sobre isso - ela trabalha numa funerária -. E o livro parte da perspectiva dela, o que é muito legal, porque ela foi conhecer os lugares que ela cita, quase como um diário de viagem, ou seja não é um estudo impessoal, é uma experiência mesmo. 

E embora me sinta tentada,não vou falar a fundo dos rituais que mais gostei porque estraga a leitura, mas queria ressaltar que é bem variado e interessante, tem rituais altamente tecnológicos -um dos meus favoritos foi o Ruriden- ,rituais de compostagem de pessoas, e até rituais de pessoas que desenterram os mortos - Tana toraja. 
A impressão que me deixou depois inclusive, foi o quão sem graça são os rituais aqui e também como nós somos um país que culturalmente não lida nada bem com a morte. 
A falta de conversa sobre a morte além de prejudicar o luto das pessoas, prejudica a questão dos cuidados paliativos,e a coisa fica ainda mais explícita  ao saber que o Brasil é o 3° pior país para se morrer: 
"O periódico acadêmico Journal of Pain and Symptom Management publicou, em 2021, uma pesquisa que buscou analisar a qualidade de morte em países do mundo todo. Entre os 81 países analisados, o Brasil é o terceiro pior no que diz respeito aos cuidados oferecidos, pelo sistema de saúde, aos seus usuários que estão em situação de pré-morte. Fica atrás apenas de Paraguai e Líbano''.

Então acho que serve para se pensar nisso tbm, o quanto as conversas sinceras sobre a morte fazem falta,e o quão bonito,saudável o processo de morte pode ser. 

 
Ana Sá 08/08/2023minha estante
Laura, realmente o livro e a autora parecem muito interessantes! Fiquei curiosa!!


Laura 09/08/2023minha estante
Eu recomendo mt, viu? Achei super interessante




Manu.Mota 16/09/2021

Leitura obrigatória pra quem quer conhecer sobre aspectos culturais e estéticos dos rituais fúnebres.

Nesse livro a célebre Caitlin Doughty passeia por vários lugares do mundo e vivencia seus ritos conhecendo, sentindo, vivendo e absorvendo cada um deles.

Se somos também o resultado das viagens que fazemos, esse livro é um convite para uma leitura sem (ou quase sem) juízo de valores. Alguns desses ritos parecem bem estranhos pelo nosso olhar cristão-ocidental, nos levando a pensar fora da caixa.

Vale super a pena!
Bárbara 17/09/2021minha estante
Li o Confissões de Crematório da mesma autora e adorei! Sou doida pra ler as outras obras dela


Manu.Mota 17/09/2021minha estante
Tô doida pra ler também, ela se garante




Nati Amend @livrosdanati 10/08/2019

Para expandir nossa relação com a morte
Não tenha medo ou preconceito de encarar esta leitura. Sei que muitos de nós somos tomados pela aversão ou receio de conversar abertamente sobre a morte, mas aprendi com esse livro que a nossa relação com ela é algo extremamente cultural e que, muitas vezes, é imposto a nós por uma indústria funerária que visa apenas lucrar com nosso pesar.

Em “Para toda a Eternidade”, Caitlin Doughty - agente funerária e autora – viaja por diversos locais ao redor do mundo para apresentar as diferentes formas de lidar com a morte. Além de mostrar histórias e casos reais, Caitlin traz reflexões ao longo da narrativa, o que nos ajuda a expandir os horizontes de nossas próprias crenças.

“Havia magia em cada um desses lugares. Havia dor, uma dor inimaginável. Mas não havia vergonha nessa dor".

O livro também consegue abordar diversidade cultural com uma riqueza de detalhes inacreditável para tão poucas páginas. Eu me senti como se estivesse viajando junto com a autora e investigando novas práticas mortuárias. Isso também se deve ao fato da narrativa ser tão leve e, até mesmo, divertida. Não imaginava que um livro com uma temática que, em tese, é considerada pesada, pudesse ser tão gostoso de ler.

Mas o mais espetacular dessa leitura e o porquê de eu a recomendar para todos é parte crítica sobre o sistema funerário. Esta é uma indústria completamente voltada à lucratividade própria, que desconsidera o nosso bem-estar ou, tão pouco respeita, o momento de luto das famílias, o que torna a nossa relação com a morte ainda mais complexa.

"A morte é o tabu do mundo moderno, principalmente nos países ocidentais."

Se posso dar um conselho a vocês, além de ler esta obra, é um que a própria Caitlin nos deixa: não evite este assunto com seus familiares, pois isso é autodestrutivo. É preciso saber os desejos de cada um com relação a sua própria morte e estar preparado para ela. Vamos buscar vivenciar lutos mais saudáveis.

site: https://www.instagram.com/p/B0_GN4lBq8v/
Natália Tomazeli 10/08/2019minha estante
Quero muito ler esse livro! Eu tô com outro dessa autora aqui para ler, que é o "Confissões do Crematório" que vai ser com certeza uma das minhas próximas leituras desse mês, acho essa temática muito interessante e nunca li nada sobre, então acho que vai ser uma boa experiência de leitura!


Nati Amend @livrosdanati 10/08/2019minha estante
Aaah espero que ame. Já estou chamando esse mulher de rainha. O livro é incrível e adorei a narrativa!!




Craotchky 21/08/2023

Memento mori
"Em Toraja, durante o período entre a morte e o funeral, o corpo fica em casa. Pode não parecer um choque, até eu contar que esse período pode durar de vários meses a vários anos. Durante esse tempo, a família cuida do corpo e o mumifica, leva comida, troca as roupas e fala com o cadáver."

Com uma proposta super interessante e uma narrativa simpática, Caitlin conduz sua obra com a naturalidade de alguém que já lida há anos com o assunto. Este livro é um passeio pelo planeta, descrevendo os mais diferentes modo de tratar os mortos mundo afora, segundo diferentes concepções culturais. Os judeus e muçulmanos, por exemplo, insistem em enterros naturais (nos quais os corpos não são embalsamados e são enterrados sem caixão e sem jazigos. Basicamente o corpo é enrolado, quando muito, em uma mortalha e enterrado direto na terra).

Caitlin não apenas apresenta e comenta diversos modos que várias culturas empregam para lidar com seus mortos, mas também aborda, ainda que não profundamente, questões culturais que explicam as razões para a adoção deste ou daquele ritual fúnebre. Essa contextualização evita julgamentos superficiais e condenações levianas de certas práticas nada convencionais descritas no livro. Caitlin ainda toca nas questões ambientais acarretadas por algumas das práticas abordadas.

Como Caitlin conhece a indústria em torno da morte, ela também reflete sobre o quanto esse mercado (constituído por funerárias, crematórios, agentes funerários, cemitérios...) define os modelos que entendemos como aceitáveis, sobretudo no ocidente, quanto ao proceder diante do falecimento de alguém. A autora é provocadora ao apresentar iniciativas inovadoras de lidar com a morte, como cremação natural em piras à céu aberto (na cidade de Crestone, no estado do Colorado), e a proposta Urban death Project que propõe a criação de centros de compostagem de corpos em áreas urbanas. Porém, iniciativas como essas esbarram na resistência da indústria da morte, pois essas modalidades de tratar dos mortos são mais baratas e muito menos monetizáveis, o que tornaria a indústria, tal como conhecemos hoje, obsoleta.

Caitlin, a partir de sua experiência na área, várias vezes reforça a ideia de que passar um tempo razoável com o corpo do ente querido, e até ter contato com ele participando de seu preparo, exerce um papel fundamental no processo do luto; permite que o enlutado assimile melhor a perda. Nesse sentido, a autora é bastante crítica com os procedimentos mais usados na cultura ocidental, que tende a acelerar os processos como um todo, minimizando nosso contato com nossos mortos. Pessoalmente, ela se diz confortável com a ideia de ser comida por animais, afinal:

"Eu passei os primeiros trinta anos da minha vida devorando animais. Então por que, quando eu morrer, não pode ser a vez deles comigo? Eu não sou um animal?"

CURIOSIDADES:
"O funeral norte-americano médio custa de 8 mil a 10 mil dólares - sem incluir o jazigo e os custos do cemitério. Um funeral do Crestone End of Life custa 500 dólares..."
"[os japoneses] têm uma taxa de cremação de 99,9% - a mais alta do mundo."
• Em Sevilha, na Espanha, a taxa de cremação é de 80% porque o governo subsidia a cremação, baixando-a a um custo de apenas 60 a 80 euros.
"Até o começo do século XX, 85% dos norte-americanos ainda morriam em casa."
"pela primeira vez, em 2017, mais americanos foram cremados do que enterrados."

(p.s. outras coisas que, se você tiver curiosidade, vale a pena pesquisar por conta própria no Google: Rogyapa / Kotsuage / Bios Urn / Fiesta de las Ñatitas / Os mortos de Tana Toraja / Sögen Kato / Dakhma (ou Torre do silêncio) / ruriden columbarium)

(Todos os dados apresentados neste texto foram coletados do livro, portanto estão defasados em alguns anos.)
Nath 21/08/2023minha estante
No oriente (especialmente no Japão) a morte é tida como o início de um novo ciclo. Por isso a ancestralidade lá é tão forte culturalmente. Se o corpo é enterrado, os familiares tem o costume de levar comidas e sakê (bebida alcoólica) para fazer um tipo de "piquenique" sobre o túmulo do parente como uma referenda. Cansei de assistir cenas desse tipo em filmes japoneses (assisto filmes de lá/animes/mangás desde o final dos anos 90 na minha adolescência.) Já aqui no ocidente, por conta do capitalismo, a morte é um tabu, pq convém a sociedade capitalista extinguir ritos essenciais da humanidade como a ancestralidade para a população viver só para pagar contas, SOBREVIVER e trabalhar até a morte para alimentar a indústria do consumo. Para a sociedade o ocidente falar da morte é tabu já q convém ao capital o povo pensar q é eterno para usufruir do próprio capital q na sua maioria é inatingível


Craotchky 21/08/2023minha estante
Ye, acho que mais ou menos




Guilherme.Maia 19/04/2021

A sensação é de estar assistindo a um documentário macabro!
Me senti dentro de um documentário, um documentário daqueles de Hollywood, com um toque macabro.

O livro é muito bom, a escrita é leve e tem um toque de comédia, o terror do livro tem toque macabro.

O livro abriu minha visão sobre um assunto que a bastante tempo me assombrava, a morte, o tema foi abordada de uma forma muito legal, e abriu minha visão sobre o assunto.

Recomendo demais, é um livro que deve ser lido por todos!

A luz do sol é o melhor desinfetante, dizem. Idenpendentemente do que seja necessário, o trabalho árduo começa para o ocidente ao jogarmos nosso medo, a vergonha e a dor que cercam a morte para a luz desinfetante do sol.
Guilherme.Maia 19/04/2021minha estante
Você que é meu orgulho todinho!
Obrigado por tudo sua linda. ?




Bia St James 22/02/2021

Belo erro: li duas palavras da sinopse e achei que seria uma história, o livro bom, achei muito interessante e me fez pensar, mas não é aquilo tudo, não merecia minha empolgação toda
NAria.Leal 25/03/2021minha estante
Mas e vc tivesse lido sinopse toda e n se decepcionado q n é uma história vc acha q teria gostado?




Simone de Cássia 03/01/2020

Não sei se foi o livro ideal para abrir o ano, já que fala tanto e unicamente da morte e seus rituais rs rs . Mas, já que o objetivo da autora é mesmo aliviar o peso que paira sobre a única certeza que se tem na vida, foi bom. Apesar das aberrações ( a meu ver) e dos hábitos surreais espalhados pelo mundo, é inegável o quanto se aprende e se surpreende. Muito bom.
Riva 07/04/2021minha estante
O livro é muito interessante e abre a nossa mente, e percebemos que em alguns casos, estamos realmente atrasados.
Alguns eu achei bizarros, mas cultura é cultura; já outros achei interessantes!




May 22/06/2019

O QUE VOCÊ QUER PRO SEU CORPO QUANDO MORRER?
Em Para toda eternidade, Caitlin Doughty, a mesma autora de Confissões do crematório, volta para nos contar um pouco sobre o ritual que envolve a morte em vários lugares do mundo.

Nós estamos acostumados com apenas um ou dois jeitos de lidar com a morte. Mas será que nosso jeito é o único correto? Será que esse nosso distanciamento da morte é saudável? Nesse livro, encaramos os rituais totalmente diferentes de Crestone - Colorado, Celebes do Sul - Indonésia, Michoacán - México, Cullowee - Carolina do Norte, Barcelona - Espanha, Tóquio - Japão, La Paz - Bolívia e Joshua Tree - Califórnia.

Desde desenterrar os mortos por anos para limpá-los e trocar suas roupas, locais de descanso de urnas de cinzas totalmente tecnológicos, até levar o corpo aos céus para ser devorado pro abutres, esse livros nos traz experiências totalmente diferentes sobre como cada nação lida com a morte.

Só tenho a dizer para que leiam, é importante percebemos que nossos hábitos nos distanciam da morte e que isso não é saudável. Essas civilizações encontraram formas de estarem com seus entes queridos. É uma escrita totalmente envolvente e sensível, apesar do tema. Fora as ilustrações super bem feitas que acompanham os capítulos.
comentários(0)comente



Laura Brand 31/07/2019

Nostalgia Cinza
Confissões do crematório, desde as primeiras páginas, se tornou um dos meus livros favoritos. Em seu livro de estreia, Caitlin Doughty compartilhou vivências da sua rotina em um crematório. Com reflexões extremamente profundas e poderosas, Caitlin traz novos olhares sobre a morte e coloca em xeque todas as convenções com as quais estávamos acostumados. Em Para Toda a Eternidade, ela expande essas reflexões, trazendo um relato mais técnico e investigativo sobre as diferentes formas de lidar com a morte ao redor do mundo.
Confissões do Crematório é um relato não-ficcional e extremamente pessoal de uma mulher cuja rotina é intrínseca à lida com a morte. Caitilin trabalhou por anos em casas funerárias como uma das pessoas responsáveis por preparar corpos para a cremação, além de ela própria cremar os cadáveres. Seu livro de estreia traz, além de explicações extremamente interessantes a respeito do corpo humano e dos resultados fisiológicos de morrer, um relato quase biográfico a respeito da forma como ela mesma lidava e lida com a morte.
Em Confissões do Crematório ela compartilha episódios que aconteceram enquanto trabalhava em um crematório ao mesmo tempo em que defende que precisamos aprender a falar sobre a morte para que possamos aprender a lidar melhor com ela, seja a perspectiva de que todos vamos morrer um dia, seja a maneira como nos sentimentos quando outra pessoa morre.
Para Toda a Eternidade traz uma proposta mais explícita, menos carregada de emoção e com características mais históricas e investigativas. Em seu segundo livro, Caitlin viaja para diversos países do mundo para aprender mais sobre como a morte e os ritos pós-morte estão inseridos na cultura de diferentes povos. É um livro que celebra a pluralidade de pontos de vista e mostra como as pessoas podem lidar com a morte de maneira saudável, simbólica e extremamente significativa - o que não fazemos de maneira geral.
Caitlin viaja para a Espanha, Tailândia, México, Indonésia, Japão, Bolívia e visita algumas cidades dos Estados Unidos. Todos esses locais têm culturas completamente diferentes entre si e apresentam ritos de passagem bem interessantes, mesmo que alguns deles pareçam bem estranhos para nós, ocidentais.
É praticamente impossível falar de morte sem fazer referências à fé e às mais diferentes expressões religiosas. Para Toda a Eternidade aborda diversas culturas e mostra como a crença em algo após a vida se manifesta em ritos diferentes, mesmo que essa fé nada tenha a ver com alguma deidade, podendo ser apenas a esperança de devolver à terra àquilo que serviu de veículo para nós e permitiu que pudéssemos viver: o corpo. Caitlin apresenta cada uma dessas manifestações de forma extremamente respeitosa e enriquecedora.
Para Toda a Eternidade é um livro mais curto que Confissões do Crematório e mais fácil de ler uma vez que, no primeiro livro, Caitlin traz uma pessoalidade bem forte para a narrativa, enquanto nesse segundo ela deixa de lado a subjetividade e foca mais em apresentar a variedade de formas de morrer e dar um fim ao corpo. A própria divisão de capítulos é toda estruturada tendo como base os encontros de Caitlin com esses ritos de passagem e com a cultura de cada lugar visitado.
Acredito que o principal objetivo de Caitlin tenha sido criar um choque de realidade capaz de fazer com que questionemos a maneira como lidamos com os corpos após a morte e como enxergamos esse momento. Para Toda a Eternidade tem mais caráter científico e menos autobiográfico.
Caitlin traz uma boa forma de nos mostrar que podemos fazer mais e melhor, muito melhor. Ao longo de toda a leitura tentei me colocar no lugar desses povos e dessas pessoas e me descobri questionando muitos preceitos que já estavam quase enraizados em mim e naqueles que estão ao meu redor e tenho certeza de que nunca mais poderei ver a morte com os mesmos olhos. Inclusive, recomendo que vocês pesquisem imagens do Ruriden, um columbário japonês que ressignifica a maneira de preservarmos as cinzas daqueles que amamos, aliando cuidado, tecnologia e uma beleza indescritível.
Você já pensou em como seu corpo ficará quando morrer? O que será feito dele? Para Toda a Eternidade fala sobre como isso é uma escolha de cada um e que existem alternativas para ajudar os que ficaram a lidar com a perda e dar sentido a tudo isso. Lendo o livro percebi que existem maneiras muito mais naturais e tranquilas de passar por esse momento, independente da forma como ele aconteça. Apresentar novos olhares para a morte é algo extremamente difícil e Caitlin consegue fazer isso com sensibilidade, inteligência e um pouco de humor.
Para Toda a Eternidade já é um dos melhores livros de 2019 tanto por seu caráter inédito, quanto pela escrita de Caitlin Doughty e pela abordagem do tema de forma tão inteligente e rica. Confissões do Crematório continua como um dos meus livros favoritos, mas Para Toda a Eternidade também faz jus ao estilo de Caitlin e toda a bagagem que ela carrega como referência.
É difícil falar sobre a morte e esse pode ser um gatilho para muitas pessoas. E com razão. Somos ensinados a fechar os olhos para essa realidade e aprendemos a pensar na morte como algo distante e assustador. Desde sempre somos levados a não falar sobre a morte, a não discutir a morte, a não nos ligar à morte. Por isso, abordar o tema, ainda mais de forma tão explícita e aberta, pode assustar e afugentar muita gente, mas Caitlin Doughty sabe como falar sobre isso como ninguém.
Enquanto alguns países tentam, a todo custo, separar os mortos dos vivos em uma vã tentativa de afastar a morte de uma realidade palpável, outras culturas mantém os corpos próximos, mesmo anos sem vida. E esse estranhamento é uma das formas de mostrar que existe pluralidade no que diz respeito à morte, ou seja, não precisamos nos ater a uma forma de lidar com os corpos, a apenas uma maneira de renegar a morte.
Pela segunda vez, Caitlin mostra como compreender, entender, assimilar e discutir a morte é a melhor maneira de respeitá-la e aceitá-la. Jamais nos libertaremos de um dos medos mais intrínsecos à existência se não desapegarmos do receio de se aproximar de morte, de vê-la como algo inerente à vida, de entender que nos preparar para ela é o caminho para uma vida mais consciente e significativa.
Em Para Toda a Eternidade, a literatura mostra, mais uma vez, seu poder de transformação. Ao falarmos sobre a morte, aprendemos a aceitá-la e a desmistificar crenças que apenas nos impedem de vê-la como algo natural e eminente, abrindo mão da negação e da ignorância. Caitlin presenteia o leitor com um livro que pode mudar completamente a forma como enxergamos a morte e os cuidados pós-vida.
Para Toda a Eternidade é um livro que deveria ser obrigatório na estante de todo leitor que busca se desconstruir e crescer por meio de diferentes pontos de vista. Caitlin desmistifica a morte e naturaliza algo que sempre deveria ser visto dessa forma. Mais uma vez a literatura nos dá um presente essencial: a capacidade de crescermos como seres humanos.


site: https://www.nostalgiacinza.com.br/2019/07/resenha-para-toda-eternidade.html
comentários(0)comente



iammoremylrds 24/05/2024

Uma obra bem interessante, trazendo aspectos que agregam e muito, uma leitura bastante fluída, recheada de curiosidades a respeito da temática, se viajando ao redor do mundo, falando a respeito das diferentes visões da morte!!
comentários(0)comente



Julliane 17/09/2019

Expandindo a relação com a morte
Um livro de não-ficção escrito por uma agente funerária.
Caitlin Doughty faz um viagem por diversas culturas e relata como lugares pelo mundo realizam seus rituais de post mortem.

A autora visita os estados americanos do Colorado, Carolina do Norte e Califórnia; e os países Indonésia, México, Espanha, Japão e Bolívia. Nestes locais ela encontra crânios humanos que são mantidos em coleções nas casas de velhas senhoras, cadáveres mumificados sendo desenterrados e limpos pelos familiares, fogueiras de cremação de corpos em céu aberto, coleta de ossos carbonizados, com palitinhos, pelos parentes e o enterro orgânico.
Essas experiências mostram formas de respeito e cuidado com o corpo sem vida em cada um desses lugares, por mais diferentes que sejam.

“Isso ajuda a ver um cadáver não como um objeto amaldiçoado, mas como um belo receptáculo que já abrigou seu ente querido”.

Caitlin narra essas situações com um texto leve, que é uma de suas qualidades, mesclando dados com experiências pessoais. Além disso, as histórias são recheadas de ilustrações que facilitam a imaginação na hora de pensar em todos os relatos descritos.

O livro expandiu minha relação com a morte e me mostrou que existe uma grande diversidade de maneiras de lidar com o luto e com a perda. Cada país visitado pela autora realiza um processo de despedida e “armazenamento” do corpo, de formas que para mim não eram convencionais. Saber como são realizados esses rituais, entendendo o sentimento dos envolvidos, me fez enxergar que todos os processos são normais, por mais que alguns sempre tenham me parecido bizarros. Agora entendo que são algo que faz parte de povos e de culturas que não são mais, nem menos corretas que a minha.

A morte é um assunto que não deve ser evitado, visto que é algo que vai acontecer a todos nós, o preço que pagamos por ela e estarmos vivos.

“Evitar a morte não é um fracasso individual, é um fracasso cultural.”

site: instagram.com/naestantepreta
comentários(0)comente



Coruja 17/09/2019

Num dos capítulos finais de Sandman, conhecemos a cidade necrópole de Litargo, local em que os moradores são especialistas em ritos fúnebres. Ali nos é contado sobre vários costumes culturais acerca da morte e aquelas imagens foram a primeira coisa que me vieram à mente quando comecei esse livro da Doughty. É engraçado, porque lendo o Gaiman, imaginei que parte daqueles estranhos serviços funerários eram uma criação do autor, mas descobri em Para Toda a Eternidade que todos são verdadeiros e que há procedimentos ainda mais estranhos.

Eu descobri Caitlin Doughty quando a Darkside lançou cá no Brasil seu Confissões do Crematório. Tinha visto comentários sobre ele no Pipoca Musical e a premissa (além do ironicamente poético título em inglês - “Smoke Get in Your Eyes”) me chamou a atenção. Devorei o livro praticamente de uma única tacada: Doughty tem o condão de tornar suas aventuras na indústria funerária não apenas tocantes, mas até divertidas, além de levantar vários pontos importantes para reflexão (tal como o fato de que a morte deixou de ser um assunto familiar para se tornar, bem, um negócio extremamente lucrativo).

Foi por essa razão que, tão logo anunciaram Para Toda a Eternidade, fiquei na expectativa para lê-lo. Hilariantemente, ele foi minha companhia na sala de espera de um consultório médico - fico me perguntando se alguém ali percebeu sobre o que eu lia e achou apropriado para o local - e, de novo, foi uma leitura que fiz praticamente de uma sentada só, pausando de maneira relutante ao ser chamada para logo retornar quando fui liberada pela médica.

O subtítulo explica muito bem do que se trata o livro. Doughty, ela mesma dona de um crematório nos Estados Unidos, viajou pelo mundo, observando os costumes fúnebres de diferentes culturas, comparando-os com a sua experiência. De cremações em piras a céu aberto até famílias que mantém corpos mumificados em casa por anos, compostagem, crânios conselheiros e budas brilhantes - acompanhado das inspiradas ilustrações de Landis Blair -, há de tudo um pouco aqui. Mais importante, porém, que anotar aquilo que outros poderiam considerar o bizarro e o macabro (porque aquilo que consideramos diferente da nossa norma cultural será muitas vezes classificado como ‘anormal’), o que ela investiga aqui é como essas culturas lidam com o luto e o que elas têm a nos ensinar sobre o assunto.

Tenho uma família bem grande e já tive minhas experiências com funerais. O primeiro de que me lembro foi o da minha avó paterna. Era era pequena e o que me lembro mais foi de chorar muito, mas sem entender de todo o que estava acontecendo. Meus pais não me impediram de chegar perto do caixão e tocar vó Dulce em despedida e ainda hoje me lembro de D. Mãe dizendo que não havia razão nenhuma para ter medo dos mortos; era com os vivos que eu deveria ter cuidado.

Mais recentemente, perdi um amigo querido que foi cremado - eu não consegui ficar na vigília junto ao caixão, da mesma forma que não me senti bem visitando-o quando ele já entrara em coma na UTI. Mesmo a cerimônia de cremação foi algo estranho, artificial, com chuva de pétalas de rosa e música ambiente, algo que muito pouco tinha a ver com a pessoa que eu conhecera. O que realmente ajudou a lidar com a morte de Duda foi quando os amigos se reuniram num canto e começaram a compartilhar histórias: como o tinham conhecido, aventuras e desventuras, viagens, presepadas, quaisquer lembranças que o pessoal quisesse partilhar.

Duda me veio muitas vezes à mente quando foi a vez de me despedir de tia Maria Luísa. Os dois faleceram em anos diferentes, embora na mesma época do ano: janeiro, logo após o réveillon. Duda teve uma parada cardíaca um pouco antes da virada - chegou a ser ressuscitado, mas entrou em coma e faleceu quatro dias depois, sozinho, na UTI. Minha tia deu entrada no hospital pouco depois dos fogos (lembro nitidamente de quando eles começaram, porque estávamos saindo do carro, chegando ao hospital para levá-la para emergência). Ela se recusou a ser internada na UTI. Depois de conversar com os médicos, ela foi colocada num quarto e a família toda se revezou para estar ao lado dela até o final. Todo mundo teve tempo de se despedir, de segurar a mão dela e quando finalmente aconteceu, ela parecia apenas estar dormindo.

Foi muito mais fácil lidar com o luto no segundo caso - e refleti mais de uma vez sobre isso lendo Para Toda a Eternidade. Doughty lembra que, em tempos passados, as pessoas morriam no mais das vezes em casa e a família que as preparava para o enterro; hoje, morremos sozinhos em salas frias e inóspitas em hospitais; somos levados para funerárias dentro de sacos pretos temos um horário certo para o funeral e enterro. E, como bem lembra minha mãe, cá no Brasil, optando-se pelo enterro, tem ainda o boleto do IPTU para pagar anos após ano.

Muita gente talvez considere essa uma leitura macabra. Mas há de se lembrar que a morte, no final das contas, é nossa única certeza. A nossa, dos nossos entes queridos, do estranho que atravessamos na rua. Como lidamos com a morte, como fazemos para superar a dor ou aceitar nossa própria finitude, isso é importante, é algo que não deveríamos simplesmente varrer para debaixo do tapete até sermos brutalmente confrontados com ela. Doughty nos lembra disso, de forma respeitosa, mas também com humor.

Terminei pensando em como gostaria que fosse meu funeral. De todos os costumes que ela mostrou ao longo do livro, a pira funerária ao ar livre e o enterro em que o corpo se transforma em adubo foram os que mais me interessaram. Quiçá daqui muitos anos eu tenha chance de escolher.


site: https://owlsroof.blogspot.com/2019/09/para-toda-eternidade-conhecendo-o-mundo.html
comentários(0)comente



Ley 18/09/2019

Um livro para vivenciar diversas culturas sobre o luto
Um assunto bastante temido entre conversas, é a morte. Todos correm a mera menção dela em qualquer lugar. Sempre tive um certo fascínio por esse assunto e muita curiosidade por esse grande tabu que cerca o mundo todo.

Não é fácil falar de morte, eu sei. Mas as vezes precisamos. Para Toda Eternidade é um livro da mesma autora de Confissões do Crematório, onde ela discorre sobre sua experiência no mundo das empresas funerárias desde seu primeiro contato com a morte. A autora trás muitos assuntos que tememos em discutir e tudo isso de forma fascinante.

Neste livro, Caitlin viajou ao redor do mundo para compelir um relato sobre as diversas culturas e como elas tratam a morte. Essa viagem me fez entrar e acompanhar com precisão os vários lugares mencionados. Infelizmente o livro não trás tantos lugares, mas os que a autora reuniu nos dá uma bela noção do quanto conhecemos tão pouco sobre as mais diversas culturas.

Mas antes de querer conhecer essas culturas, temos que ter em mente que elas podem ser diferente do que somos acostumados, e podemos nos “assustar” pelas várias ao deparar as formas de tratar um morto. Por isso é essencial que, ao ler esse livro, possamos também abrir nossa mente e nos preparar para encontrar uma vasta coleção de experiências fúnebres diversificadas.

Ao todo são oito lugares citados no livro. Cada um tem um capítulo específico em que seu costume é transcorrido, além dos detalhes, a autora dá sua opinião sobre essas regiões. Posso dizer que no mínimo fiquei espantada sobre quão pouco eu conhecia do mundo. Estamos tão confortáveis em pesquisar sobre as belezas do nosso planeta, que esquecemos de procurar como esses lugares tratam seus mortos.

A morte inevitavelmente faz parte da nossa vida e o que Caitlin mais discute em seus livros é a necessidade de viver o luto. A obra nos trás a tão terrível pergunta “por que tememos falar da morte?”. E essa é uma pergunta que pouco respondemos. Mas a autora nos responde essa questão e ainda nos apresenta uma variedade de vivências de luto.

Através dos lugares apresentados no livro, vemos a diferença drástica entre culturas e o preconceito sobre o assunto. Alguns lugares como Japão e México me deixaram encantadas, e outros me surpreenderam pela forma como continuam a renegar a morte.

A mensagem que a obra trás é bastante clara. Ao negarmos viver o luto, será ainda mais difícil sairmos dele. A sua forma de vivenciar a morte pode ser diferente das demais, mais ainda continua sendo vívida e consequentemente deve ser respeitada. Para pessoas curiosas sobre o assunto, o livro uma vasta coleção deles.

O trabalho de Caitlin continua sendo magnífico e não tenho palavras do quanto eu adoro essa mulher. Ela escreve de forma formidável, e um dos seus pontos principais é expor algumas verdades na área da indústria funerária que pouco damos atenção.


site: https://www.imersaoliteraria.com.br/2019/09/para-toda-eternidade.html
comentários(0)comente



281 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR