Ynglid 15/09/2020
Final horrível. Estou furiosa
A história de uma mulher que tem tipo um toque de consertar tudo à sua volta, e que é insegura ao expor suas opiniões. Sua situação fica tensa quando sua mãe precisa viajar e larga o comando da loja divido entre ela e seus dois irmãos, que tem cabeça para tudo, menos para o negócio. A loja vira um caos e cabe a Fixie superar sua insegurança de se impor e salvar a família. Para ela família é tudo. E a loja faz parte da família,a memória do pai, mas seus parentes não parecem compreender.
Paralelo a isso seu amor de infância volta de Holywood com o fracasso da vida de cineasta nos ombros, solteiro e disposto a ficar dessa vez.
Fixie fica deslumbrada, é a oportunidade de realizar seu sonho e não apenas de dormir com ele alguns dias esporadicamente quando ele resolve aparecer. Mas para que Ryan fique de vez em Londres ele precisa de um emprego. Aqui ela demonstra ser extremamente ingênua e o leitor fica irritado pois está muito claro que ele não a leva a sério, que está sendo usada (que cara que volta 2 anos depois como se nada tivesse acontecido pode ser boa pessoa?). Mas a Fixie simplesmente não enxerga. E Ryan é tão carismático e ela tão boazinha que ficamos na expectativa dele mudar.
Quando um estranho, Sebastian, fica lhe devendo um favor surge a oportunidade de ajudá-lo. Mas as coisas não saem como planejado e uma série de favores acaba sendo trocada entre Sebastian e Fixie, o que faz com que aos poucos os dois se aproximem. E eu achei essa ideia gênial, lembrou muito "fiquei com seu número" da mesma autora.
Não é só Ryan que não leva Fixie à sério, todos da familia se aproveitam dela e até a metade do livro eu fiquei com vontade de sacudi-la diversas vezes.
Eu gostei do enredo,embora tenha visto muitas pessoas reclamando que a Sophie não colocou a tradicional comédia dela, o que me incomodou mais foi essa ingenuidade exagerada da protagonista. Mas ao mesmo tempo me pergunto " quantos de nós mesmos não tem coragem de lidar com a família? Quantos não ficam se equilibrando entre a vontade de dizer o que realmente querem/precisam e o receio de magoar?". O enredo é real, eu me identifico com ele, e essa pegada mais séria ao meu ponto de vista foi bem acertada.
Fixie enfim começa a acordar com a ajuda de Sebastian (sopro de ar puro do livro) que tenta fazê-la ser mais pulso firme, e mostrá-la que amor não é apoiar incondicionalmente a família em suas escolhas erradas, mas sim direcioná-los ao caminho certo.
Fiquei entretida com essa sub-trama familiar, o embate de personalidades, as mágoas. Acho que nesse aspecto Sophie desenvolveu muito bem. E com isso ela perdeu o foco na trama principal. A história de Sebastian por exemplo, é bem rasa.
Ele tem um problema em lidar com a perda do irmão, mantém o quarto dele arrumado e Fixie claro quer consertar. Ele tem um namorada e convida a Fixie para sair no inicio do livro, o que me incomodou bastante. Não gosta dela, nem termina. Essa namorada figurante entra e sai da vida dele quando convém ao roteiro. No mais só isso. E ele é o outro protagonista, então eu esperava mais, mas ainda dá para torcer por ele..
Acontecem certos desencontros que fazem com que Fixie e Sebastian se separem. A autora cria um grande conflito que pensamos "puxa, já era. Não tem jeito para os dois", Sebastian inclusive volta com a namorada anterior mesmo amando Fixie praticamente no mesmo dia, e depois a autora simplesmente resolve tudo em um passe de mágica. Eles sequer discutem o ocorrido, não pedem desculpas, não mostra nem mais a namorada dele, que aliás estava para fazer algo terrivelmente doloroso com ele, que seria bom para desenvolvê-lo um pouco mais no livro e a autora não mostra como ele lidou com isso. É como se nada tivesse acontecido. Isso matou o livro inteiro para mim.
Foi como se ela tivesse inflado um balão enorme de expectativas pegado um alfinete e estourado bem no meio da minha cara. Fiquei com um amargor na boca, chateada, senti que perdi minha noite em claro atoa lendo o livro. E por mais que o livro não seja terrível, nem o pior livro dela ("Lua de mel" manda lembranças), não é essa sensação que as páginas finais de um livro devem causar. E o desfecho de tudo não é o que o livro merece.
Eu não daria exatamente um 3, fica algo entre o três e o quatro. Mas poderia ter sido facilmente um nota cinco e é decepcionante.