Ateísmo e revolta

Ateísmo e revolta Paulo Jonas de Lima Piva




Resenhas - Ateísmo e revolta


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Gu Henri 26/09/2019

É um trabalho bastante elucidativo o que é proposto pelo autor, principalmente porque discute a figura e a filosofia do padre tão caluniado, esquecido, e deturpado pela história. Meslier, sem dúvida, não é famoso como Voltaire, que publica uma frase sua e elabora sua filosofia através da dele, mas suprime aquilo que poderia colocá-lo na guilhotina, já que Voltaire não difunde o conteúdo comunista do padre, e suas inúmeras insinuações sobre a morte não só de reis, sacerdotes, mas também dos nobres e dos ricos.
É um livro que deveria ser mais conhecido, fiquei surpreso pois o prefácio fora tarefa de um professor meu de ceticismo, e isto já me deixou com uma pulga atrás da orelha, já de antemão sabia que o livro iria enveredar-se numa critica à revolução comunista e ao próprio comunismo real, para tanto usa e abusa dos escritos de Camus, mas sem dúvida isso não invalidou minha postura ainda mais em favor do padre. O que se propôs nesta tarefa do livro fora tão bem exposta que mesmo que haja um viés tentando também colocar o padre como um suposto dissidente da revolução não me conquistou de todo, pelo contrário, aceitei que de fato ele fora mais um revolucionário do que um revoltado.
Creio que essa deva ser a única obra publicada no Brasil acerca do padre, e entristece-me este fato, pois é uma figura muito interessante, e apesar de suas reflexões filosóficas serem um tanto quanto simplistas, elas são ousadas e esclarecedoras, e isso é eficaz, porque assumindo uma simplicidade o conteúdo panfletário se difundiria para os menos esclarecidos, num intento que não o de erudição ou entendimento do mundo por si só, mas para sua transformação através da ação (práxis).

A maior ressalva, assim como é exposta no próprio livro acerca das indagações do padre, é sobre a questão da mendicância, já que o padre considera os religiosos ascéticos que fazem votos de mendicância no mesmo patamar dos mendingos que clamam por pão. Para o padre, que era muito ligado com os trabalhadores (camponeses) estes seriam espoliadores do trabalho destes camponeses. Portanto é uma visão que tem uma miupia, já que os que clamam por pão são reféns do sistema exploratória desigual, mas isto parece ter prevalecido e se difundido numa amplidão que até mesmo Marx aceita, com alguns poréns, esta tese, já que o lupemproletariado seria uma classe contra-revolucionária por inúmeros motivos, e em certos pontos, nesta visão marxista ainda assim aceito esta fundamentação, já ao padre, o que pode parecer um pouco equivocado de sua parte, poderia também ter esse fundamento, porém, fora bem pouco esclarecido.

No mais, JEAN MESLIER merece ser lembrado, e louvado, e por certo canonizado na igreja dos que clamam justiça ao mundo. O que fica quando eu leio este livro é em ir na casa dos fiéis (penso mais nos neopentecostais) e distribuir-lhes alguns exemplares, ou mesmo fazer isto na porta de algumas igrejas.
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