Livs 08/03/2015
Comprei o livro após ouvir alguém embriagado recitando belos trechos contidos no livro. A beleza das palavras me atraíram de maneira que, quando percebi, já estava diante dele. A capa é negra, em branco vem o título. É forte e incomoda. Eu comprei esse livro em 2009, li só hoje.
O autor explica-se: "Porque talvez Ele pareça mancando para os que tiveram ojeriza de aleijados, talvez apareça raquítico para os que riram dos físicos fracos, talvez apareça negro para os racistas".
O autor, Neimar de Barros, o ateu que leu o evangelho, arrepende-se de seus preconceitos. Deus é seu porteiro negro, é a prostituta que comeu, é a criança que nunca deu atenção. Mas Deus não é o homossexual que, como ele relatou, sofreu de maneira que nunca seus pais lhe estenderam a mão na primeira queda. O autor chega a dizer, no mesmo livro que fala que Deus está em todos nós: Levante-se e seja homem, uma vez pelo menos/ Erga a cabeça, bicha de uma figa.
Num livro que se inicia com mensagens de igualdade, terminar com um último poema transbordando homofobia é, no mínimo, paradoxal. E você, autor, que procurou tanto o caminho da libertação para que Deus lhe estendesse o braço quando iniciasse sua viagem esquisita, talvez verá no céu que Deus não é só o negro que você desprezou, ou a prostituta que você um dia comeu. Deus também será o filho que você não estendeu a mão, Deus será o homossexual que você humilhou no seu livro.
O livro que prometia beleza no seu início mostrou uma imagem oposta e pavorosa do que o autor representa. Não recomendo.