A Parte Maldita

A Parte Maldita Georges Bataille
Georges Bataille
Georges Bataille




Resenhas - A Parte Maldita


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Paulo 08/04/2023

O dispêndio improdutivo
Todos nós crescemos ouvindo sobre a necessidade de pensar sobre as consequências de cada ato, que tudo deve possuir uma finalidade positiva. Aí chega o Bataille, afirmando que o ponto da vida, e o que faz ela valer a pena, é o completo desperdício de energia, o fazer algo pelo puro prazer no presente e sem preocupações com o futuro, um elogio à cigarra e o desprezo pela formiga. Libertador, não vou negar.
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Paula953 25/08/2014

Uma leitura de extremos
Baitaille não mostra em sua escrita querer agradar o leitor. Escreve o que realmente pensa com uma convicção que as vezes irrita e ora agrada. Recomendo esta leitura a todos que desejam entender o que realmente está por trás de economia.
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Felipe 01/12/2012

A figura de Georges Bataille é uma figura desconcertante por vários aspectos. O primeiro deles, e o mais brutal, é a sua inteligência e sensibilidade polivalentes. O homem encarnou a figura mítica de um Leonardo da Vinci do século XX e acredito que "A Parte Maldita" seja a prova incontestável da sua força plural para tocar em absolutamente todos os assuntos. O ideal de um escritor plenamente realizado, pois o que é o escritor além dessa figura assombrosa que tem a ousadia de ser, além de escritor, todos os outros elementos da vida?

O nível de ambição empregado em "A Parte..." é algo sem precedentes. Sabemos que Bataille é o maior teórico do Erótico e das relações entre a literatura e a vida que a França viu surgir em seu berço, porém aqui, neste livro nada menos que original e arrebatador, Bataille se debruça sobre um tema estranho à figura de alguém conhecido principalmente por elucubrações sobre literatura e arte: temos um livro de teoria econômica que se propõe a - nada mais e nada menos!- erguer uma teoria sobre o mundo, desde épocas longínquas na História da Humanidade até o século passado.

Assim entramos em contato com a posição central do livro: "O sol dá sem nunca receber". Bataille demonstra que a principal atividade humana é consumir (destruir) e não produzir (construir) e que esse consumo, diferentemente da ordem capitalista empregada no termo, é um consumo que visa a destruir sem um fim que a própria destruição, o próprio consumo dessa força excedente que existe no mundo.

Bataille nos brinda com uma exposição exuberante dos costumes sacrificiais dos Astecas, da economia singular dos índios norte-americanos, dos paradoxos levantados pela religião Islâmica e pela solução encontrada pelo Tibet para o consumo de sua energia excedente. E no final temos um maravilhoso esboço histórico da situação mundial na época: a tensão constante entre a U.R.S.S. e os EUA e a divisão implacável do mundo entre comunistas e capitalistas.

Bataille consome absolutamente tudo: Astrofísica, Biologia, Filosofia, Antropologia, História, Literatura, Artes, Economia etc. O que podemos sentir diante de tamanha força? Bataille é o sol: dá tudo isso sem receber nada em troca além do nosso olhar esbugalhado diante de uma assombrosa capacidade de intervenção e teoria, de análise do mundo e de compreensão da vida.

Acredito que os intelectuais e escritores deveriam tê-lo como ideal a se alcançar... Ou como uma figura para assombrar nossas pretensões por vezes tão isoladas de adquirir conhecimento. Um brinde à não-especialização, uma salva de palmas ao Bataille.
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