Jeff.Rodrigues 17/05/2020Resenha publicada no Leitor CompulsivoNa vasta obra de Robin Cook, Medo Mortal ocupa a posição de menos destaque na minha preferência. Apesar de uma premissa instigante, e trilhando o caminho típico do autor de investigar as possibilidades de recentes descobertas da ciência no cotidiano da medicina, o desenvolvimento da história deixa muito a desejar. Em alguns momentos parece mais um grande romance dramático do que um thriller médico.
Medo Mortal se assenta totalmente sobre um protagonista pouco cativante. Na obra, acompanhamos a rotina do Dr. Jason e as misteriosas mortes que vão se acumulando entre seus pacientes. A cada dia um dos pacientes internados apresenta complicações e o óbito se dá em questão de poucas horas. O mistério se amplia a partir das autópsias, que revelam órgãos envelhecidos incompatíveis com as faixas etárias das vítimas. Paralelamente, um importante pesquisador morre em uma cena de revirar o estômago e desperta desconfianças em Jason. O médico, então, se põe a investigar. E ir além disso é dar spoiler.
Leitores acostumados com o estilo de Robin Cook vão esperar uma corrida contra o tempo para solucionar o mistério, recheada de cenas de ação. Mas a trama custa, e custa muito, a engrenar. A rotina de Jason não envolve, o suspense se perde em cenas secundárias, e os demais personagens acabam sendo tão secundários que não fazem diferença considerável no desenrolar da história. O resultado é um livro interessante, mas dispensável. E a construção do médico, extremamente emotivo, carregando traumas pessoais do passado, e não conseguindo manter um mínimo distanciamento no trato dos desafios da profissão não convence. Ficamos diante de um protagonista fraco. Isso piora na única cena de ação, bizarra e improvável, em corredeiras num rio. Chega a ser trash.
A despeito do péssimo desenvolvimento, a parte médica em Medo Mortal se sustenta de forma perfeita e convence. Vale lembrar que para um livro de 1988, temas como o DNA e seus usos e pesquisas, eram bastante avançados e certamente mexiam muito mais com o imaginário dos leitores do que nos tempos atuais.
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