Pedro 22/09/2022
Uma ótima leitura de banheiro.
O maior legado disso aqui foi inspirar Eco no seu magnus-opus, ?O Pêndulo de Focault?, que funciona essencialmente como uma paródia. Fora isso, um daqueles casos clássicos de descoberta reserva; não são os fatos descritos que levam à conclusão orgânica da genealogia de Jesus Cristo; ao invés disso, os fatos são reinterpretados de tal forma a caberem dentro de uma tese anterior às descobertas.
Apesar da picaretagem, é difícil odiar porque parece haver sinceridade na autoria, e a leitura é genuinamente divertida, em parte pelo conteúdo histórico factual narrado, em parte por quando os bastidores da produção do livro entram em cena (o momento em que os autores encontram o suposto último grão-mestre do Prioriado do Sião em um cinema vazio é, independente do contexto, fascinante).
Outro elemento involuntariamente cômico vem da conclusão da pesquisa. Ok, Jesus teve filhos, sociedades secretas foram forjadas para proteger a descendência, guerras foram travadas ao longo de milênios, a história da humanidade foi traçada nas sombras, etc etc etc? tudo convergindo para o objetivo grandioso de? restaurar a monarquia na França? Aí está uma tese que envelheceu bem (e que esqueceram de abordar nos livros do Brown).
Ao encontrar os pergaminhos do Priorado na Biblioteca Nacional da França, um dos autores, incrédulos, afirma que todos esses fatos devem ser verdade porque, do contrário, seriam fruto de uma espécie de piada sádica que dura séculos. Para mim, essa possibilidade é um maior testamento da engenhosidade humana do que qualquer outra conclusão possível.