RPericelli 12/06/2021Sobre assassinatos e o desenvolvimento da toxicologiaNo começo, o que lemos parece uma sucessão de ações e reações a la Agatha Christie, e que terminam num quadro de assassinato por administração de arsênico. Mais que ficção, é o retrato verídico de um caso ocorrido no séc. XIX londrino, e de como a ciência toxicologia e a justiça inglesa funcionavam na época.
O caso da família Bodle serve de espinha dorsal do livro, ao qual se agregam, ao longo dos capítulos, novos casos de assassinatos por envenenamento, a incapacidade dos médicos da época em identificar as substâncias usadas, e a incapacidade estrutural da justiça inglesa em lidar com tais crimes (um policial que perde parte das provas coletadas ao parar de bar em bar no caminho da delegacia, por exemplo) e que, na maioria das vezes, não eram levados a júri dado a incapacidade de obtenção ou da garantia da qualidade das provas, deixando muitos assassinos impunes ou levando muitos inocentes à forca.
A quantidade de fontes utilizadas recheiam páginas e páginas no final do livro, o que garante a integridade e o cuidado dado ao texto, e nos dão o panorama histórico do desenvolvimento da toxicologia como ferramenta de justiça (na maioria dos casos).