rodolfo 26/11/2022
Uma boa crítica aos explicadores do Brasil
Aonde o livro mais brilha é na crítica do culturalismo racista de Freyre, Faoro e companhia como o autor coloca. A análise sobre a conjuntura brasileira é adequada, mas as vezes parece um pouco superficial (queria que tivesse ido mais afundo). De outra maneira, a resposta sobre as perguntas feitas no livro são reféns do próprio formalismo da questão, o que impede a narrativa de divagar sobre alguns temas auxiliares interessantes que constroem a perpetuação do poder da elite entreguista brasileira. Algumas respostas sobre a manipulação ideológica através dos aparatos ou dispositivos disciplinares (como a rede globo) em si, só são possíveis como ferramenta de perpetuação do capitalismo. Num sentido mais próximo, o próprio Estado funciona como o desenvolvedor do sistema de superexploração do trabalho, servindo unicamente aos interesses do capital. A exemplo mais prático, qualquer "greve" de caminhoneiros ou os mais recentes protestos antidemocráticos, são fundados pelos próprios detentores dos meios de produção, agronegócio, donos de transportadoras etc. Daí discordo um pouco do livro em colocar a classe média na mesma medida que a classe dominante, dois pesos, duas medidas. Não são movimentos populares, são movimentos disciplinares pensados e projetados que, que aí sim, tem grande adesão dos setores conservadores que já apoiam a matriz ideológica do sistema, como igrejas e o protofascismo rompante. Posso até ter entendido errado, mas nesse sentido, a classe média e os pobres de direita, servem mais como validação de um sistema que já existe, independente do gosto deles (Jessé de Souza argumenta que precisa da participação desses enquanto classe). A agudização desses sintomas é sinal das contradições históricas já eminentes ou as que nunca foram aderessadas como a escravidão ou a anistia aos torturadores. Para mim ainda penso que, por mais fascista e antipopular que a classe média brasileira seja, esta muito bem demonstrada no livro como perpetuacao da escravidão como ethos moderno, ou os novos pobres protofascio: a arregimentação desse sistema não é conduzido por essas classes, mas haja de fato uma cooptação. Cooptação essa, que é elemento básico do processo de alienação do trabalho, cujo qual rompe uma nova fronteira tecnológica, com o uso de guerra híbrida digital. Mas isso o livro deixa claro...