Leituras da Pam 10/06/2024
Um Livro que já nasceu polêmico
?? "Toda Arte é, ao mesmo tempo, superfície e símbolo. Aqueles que procuram ver por baixo da superfície, fazem-no por conta e risco." Oscar Wilde
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Ler O RETRATO DE DORIAN GRAY é como apreciar uma obra de arte. A maneira como Wilde apresentou a história realmente nos faz admirá-la, seja pela poesia contida ali, ou pelas descrições de cenários, personagens e ações, todos os elementos formam uma bela composição. Por falar em beleza, a obra consegue nos fazer refletir sobre o quanto a questão estética torna-se um critério para avaliar o valor moral das pessoas. Afinal, já sabemos que o belo chama nossa atenção, é agradável aos olhos e nos encanta. Desse modo, seria inadmissível conceber a ideia de que ali, além daquela capa de beleza extrema, residem pensamentos e ações tão mesquinhos e perversos.
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Dorian Gray, um belo rapaz, que se encontra maravilhado com a possibilidade de se aventurar e desfrutar de tudo que a vida possa oferecer, atentem-se para a palavra TUDO. Ao ser a inspiração artística para a pintura na tela de Basil Hallward, este demonstra estar apaixonadíssimo por Dorian, sofre influências do Lorde Henry Wotton, um verdadeiro dândi, apreciador de tudo que é belo e elegante. Lorde Henry será fundamental na formação do jovem Gray, que o seguirá como um fiel discípulo admirador de tudo que Henry ditar.
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Acredito que os pontos mais famosos desta história são: o famigerado quadro de Dorian Gray, que envelhece em seu lugar, revelando assim a verdadeira alma dele, mostrando que a beleza angelical é apenas uma camada fina com a qual ele se apresenta nos grandes centros culturais da cidade; e a relação da obra com o mito de Narciso, que se apaixona por si mesmo e acaba morrendo à beira da fonte de água onde via sua imagem refletida.
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Foi uma experiência muito superior ter lido este livro novamente. Gostei da tradução dessa vez, aliás, o tradutor foi João do Rio, que nesta edição, em uma nota, antes do primeiro capítulo da história, afirma: "A tradução tem o perdão de ser uma dádiva generosa, apenas. Traduzi Oscar Wilde como um presente a quantos só podem ler na nossa língua."