Viajante Literário 07/04/2024
Expoente ímpar da literatura japonesa.
Sabem, no ser humano reside uma prática muito peculiar quando se trata de descrever algo, alguém ou algum lugar. Reconhecer, comparar e assimilar são ferramentas usadas constantemente por nós para que classifiquemos alguma coisa. Um livro não é diferente, sendo assim, eu gostaria de classificar esta obra da seguinte maneira: original!
O sentimento que o livro me trouxe foi de estranheza, pois, a todo momento eu vinha tentando categorizar aquilo que eu estava lendo, para que ao classificá-lo eu pudesse facilitar o processo de comparação. Porém, este livro vem com uma premissa tão ímpar dentro da sua literatura que eu achei melhor não limitá-lo à apenas rótulos. E é sob este viés que eu digo que "A Mulher das Dunas", é uma obra inquietante, sofrida, esquizofrênica e brilhante, ao mostrar o desaparecimento de um professor por 7 anos, até este ser declarado como morto presumido ( isto é, por não ter sido encontrado, provavelmente seja por está morto). Suas divagações, tentativas falhas de fuga, só nos angustiam mais e mais, unido ao tema central e claustrofóbico da obra: a areia.
Esta areia que inundam o corpo, apodrece as casas, soterra as lembranças e memórias de pessoas perdidas em um ponto tão distante do deserto. Onde suas vidas se resumem a retirar dia após dia, partes dessa areia, que aparenta não ter fim. Esta que se aloja nas roupas, no suor, na boca, na água. Esta que contrapõe a esperança de um vilarejo inteiro. Sim, ela é o "personagem" central da obra, está em tudo e a todo momento. Ela é infinita e implacável.
Como encerramento,reitero que a obra é bastante singular e experimental, sua linguagem por muitas vezes é bastante solitária e penetra dentro de nós com as angústias do professor Jumpei. Vale a leitura e experimentação da obra.