A mulher das dunas

A mulher das dunas Kobo Abe




Resenhas - Mulher das Dunas


10 encontrados | exibindo 1 a 10


Moya2 07/05/2024

O outro lado do desaparecimento.
Sabe quando alguém desaparece, sem rastros, sem pistas, como se fosse um passe de mágica?
O autor aborda o outro lado de um desaparecimento.

O personagem passa apuros e faz várias reflexões, sobre sua vida, os motivos de sua atual situação, a sua relação junto à sociedade e o novo relacionamento que ele se envolve.

Os pensamentos devaneiam e correm nas mais variadas direções, partindo do racionalismo e se envolvendo em presunções angustiantes ou conversas imaginárias improváveis.
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Adriana Scarpin 27/04/2024

Por esses dias está fazendo 60 anos de lançamento do filme A Mulher da Areia do Teshigahara em Cannes, que vem a ser um dos meus filmes favoritos de todo cinema japonês.
Em honra disso finalmente resolvi ler a origem literária dele escrita pelo Kobo Abe, A Mulher das Dunas, sendo o segundo livro que leio dele (o primeiro foi A Face de um Outro, também adaptado para o cinema em forma de obra-prima pelo Teshigahara).
A experiência de ver o filme me fez repassar as várias leituras epistemológicas possíveis e a sua leitura só reitera a riqueza do simbolismo do filme, sobretudo na questão de imaginar Sísifo feliz do absurdismo de Camus. Aliás, poderíamos até imaginar que o próprio Camus teria escrito um livro assim.
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Viajante Literário 07/04/2024

Expoente ímpar da literatura japonesa.
Sabem, no ser humano reside uma prática muito peculiar quando se trata de descrever algo, alguém ou algum lugar. Reconhecer, comparar e assimilar são ferramentas usadas constantemente por nós para que classifiquemos alguma coisa. Um livro não é diferente, sendo assim, eu gostaria de classificar esta obra da seguinte maneira: original!

O sentimento que o livro me trouxe foi de estranheza, pois, a todo momento eu vinha tentando categorizar aquilo que eu estava lendo, para que ao classificá-lo eu pudesse facilitar o processo de comparação. Porém, este livro vem com uma premissa tão ímpar dentro da sua literatura que eu achei melhor não limitá-lo à apenas rótulos. E é sob este viés que eu digo que "A Mulher das Dunas", é uma obra inquietante, sofrida, esquizofrênica e brilhante, ao mostrar o desaparecimento de um professor por 7 anos, até este ser declarado como morto presumido ( isto é, por não ter sido encontrado, provavelmente seja por está morto). Suas divagações, tentativas falhas de fuga, só nos angustiam mais e mais, unido ao tema central e claustrofóbico da obra: a areia.

Esta areia que inundam o corpo, apodrece as casas, soterra as lembranças e memórias de pessoas perdidas em um ponto tão distante do deserto. Onde suas vidas se resumem a retirar dia após dia, partes dessa areia, que aparenta não ter fim. Esta que se aloja nas roupas, no suor, na boca, na água. Esta que contrapõe a esperança de um vilarejo inteiro. Sim, ela é o "personagem" central da obra, está em tudo e a todo momento. Ela é infinita e implacável.

Como encerramento,reitero que a obra é bastante singular e experimental, sua linguagem por muitas vezes é bastante solitária e penetra dentro de nós com as angústias do professor Jumpei. Vale a leitura e experimentação da obra.
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Lasse_ 07/12/2023

Orwell, se Orwell não fosse um fracasso como escritor
Podemos traçar alguns paralelos com distopias clássicas. Um homem é preso numa sociedade e forçado a trabalhar numa tarefa de Sísifo, subjugado por uma força que, apesar de ser humana e compreensível, é elusiva e assume um tom místico no ápice de seu delírio, e assim como um Winston Smith, encontra algum tipo de alívio na própria situação. Porém "A Mulher das Dunas" apresenta uma narrativa muito mais profunda e relevante.

Em primeiro plano, encontramos a psicologia em decadência do protagonista. Trata-se de um homem que busca colocar sua marca na história, um cidadão com conhecimentos científicos que vive ao lado de pessoas que considera medíocres e submissas ao status quo da sociedade. Sua qualidade de livre pensador é confrontada pela sua prisão pela comunidade das dunas. Existe uma narrativa de terror psicológico à medida que a identidade do protagonista é refutada pela realidade fria do seu cárcere, que não responde à lógica, artifício de importância na definição do homem.

Pode-se dizer que a identidade pessoal do protagonista é solapada pela identidade do grupo. Podemos pensar nos habitantes da vila como um grupo de burakumin, a casta mais baixa na sociedade japonesa, visto que a aldeia foi abandonada pelo governo à propria sorte. A barbárie da vila, de quem o protagonista não foi a primeira nem a última vítima, é um mecanismo de retaliação contra a sociedade da qual o protagonista é proveniente. O homem encontra-se esmagado entre duas coletividades: uma em que ele é quase um pária, e outra pra quem ele é parte de um grupo opressor.

Essa condição de estar à margem reflete-se numa solidão, que é contrabalançada pela presença da mulher na arapuca em que o homem caiu. Trata-se de uma relação que é estabelecida como necessidade na situação em que os dois se encontram. Nesta mulher, o protagonista encontra a submissão cega ao status quo da própria vila. Simultaneamente atraído e repelido, o protagonista encontra-se mais uma vez tendo uma relação ambígua em relação à mulher, como em relação a tudo mais que o envolve.

A irônica história do entomólogo preso como um besouro, portanto, suscita diferentes interpretações. Kobo Abe é uma utor de inclinação surrealista e marxista, características cujo sincretismo em sua pena gera uma história profunda, passível de muitas interpretações. A quem pretende ler, vale pesquisar sobre uma pequena divergência dentre as edições brasileira e a original japonesa.
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Marcos606 12/10/2023

Uma mistura perturbadora de claustrofobia, terror e surrealismo que permeia a visão de mundo deste autor. O professor Niki Jumpei decide passar as férias praticando seu hobby de coletar insetos. Ele tem aspirações de descobrir um novo tipo de besouro, conseguindo assim uma pequena dose de distinção. Quando tais descobertas forem feitas, Abe nos lembra que o nome do descobridor aparecerá nas enciclopédias entomológicas anexado ao nome latino do inseto recém-descoberto e ali será preservado enquanto durar a sociedade.

O professor acredita que sua melhor chance de encontrar o besouro vem do estudo de habitats incomuns, onde novas formas podem ter evoluído adaptando-se ao ambiente alterado. Ele decide se concentrar em um terreno arenoso e então parte, com a rede de captura, frascos e produtos químicos necessários para sua missão.

Acontece que Niki Jumpei será capturado e mantido, um espécime humano preso no mesmo ambiente que ele esperava ser o colecionador. Com a característica de um sonho, reunindo os elementos mais incongruentes e implausíveis numa história tão instável como as dunas que descreve, mas apresentada com rigor e atenção à simbologia que nunca cai na fantasia pura ou irracional.

Os moradores se oferecem para colocá-lo em uma das casas nos buracos de areia durante a noite, onde uma viúva cuidará dele. Sem outras opções, ele aceita a oferta e desce uma escada de corda até o fundo de um poço profundo.

No dia seguinte, a escada de corda desaparece e ele percebe que os moradores não têm intenção de deixá-lo sair. Ele deverá ajudar a viúva na tarefa de retirar a areia que se acumula incessantemente nos buracos onde moram os moradores. A mulher não demonstra interesse em ajudá-lo a escapar ou em sair sozinha.

Ao surrealismo, o autor impõe um racionalismo infalível, até mesmo uma atitude científica, que reforça a claustrofobia e a solidão do romance.

A história traça paralelos com o esforço monumental de reconstrução do Japão após a Segunda Guerra Mundial. Mas no lugar da moral da história, nos deixa apenas em branco.
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arthur966 28/08/2023

Um mosaico é algo bastante difícil de julgar caso não o observemos a distância. ao tentarmos inspecioná-lo demais, aproximando a vista, acabamos nos perdendo dentro de uma de suas peças. e, mesmo conseguindo escapar de uma peça, logo nos prendemos a outra. o que ele tinha observado até então não era a areia, mas talvez um simples grão.
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Douglas.Pinheiro 01/08/2022

Uma visão do conceito de liberdade
Obra muito Kafkaniana. Interessante como não só as pessoas, mas como o ambiente pode ser uma armadilha.
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Lusia.Nicolino 18/03/2022

Intrigante, angustiante, mas imperdível
Foi em certo dia de agosto – um homem desapareceu. É assim que começa esse clássico da literatura japonesa. Impressionante que um texto como esse foi escrito em 1962 e adaptado ao cinema já em 1964. Abe constrói com primazia uma narrativa que nos deixa ansiosos, torcendo por um desfecho que nem sempre atende nossa vontade. Jumpei Niki – nosso protagonista – é tratado apenas como “o homem”, um professor que coleciona insetos e que vai a um vilarejo distante, localizado em meio às dunas de um grande areal, em busca de um espécime raro. Raro é o que vai lhe suceder. O que fazer quando a areia não cessa de invadir a casa que o abriga? Do que, exatamente, somos prisioneiros? Uma viagem pelo absurdo, pelo incomum, pela estranheza, que vale cada grão. Mas cuidado!

Quote: "Diferentemente do rádio, para que um espelho se torne um caminho de acesso a outras pessoas, antes de tudo é necessário ter como premissa a existência de outra pessoa que a possa admirar. De que lhe serviria um espelho a essa altura, agora que ela já não teria oportunidade de ser vista por ninguém?"


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