Marcella.Martha 07/08/2015
Bom, mas nem tanto
A escrita do Matthew Quick é ótima, é dinâmica, é sagaz. A história é interessante, te faz querer entender o que está acontecendo, descobrir o que virá a seguir, virar as páginas uma atrás da outra. Os diálogos são muito bons, os monólogos internos da cabeça perturbada do personagem principal, Leonard Peacock, idem.
Meu grande problema com esse livro é que eu senti a falta de um clímax. O livro caminha, caminha, caminha e... Nada. Simplesmente acaba. Nada se resolve, nada muda, nada se explica. Não existe nem uma espécie de lição ou metáfora ou qualquer outra coisa que dê a entender que o intuito da história nunca foi te explicar o que iria acontecer, e sim fazer você enxergar algo, como em More Than This, por exemplo. O personagem não teve uma viagem de auto-conhecimento, de superação, de compreensão, nem nada disso.
Depois de passar por um monte, a impressão que eu tive é que o Leonard simplesmente iria dormir e no dia seguinte tudo voltaria a ser igual. E a vida do Leonard é realmente, realmente muito triste. Um dos personagens mais solitários que eu me lembro de ter lido em tempos recentes, comparado, talvez, com a protagonista de A Lista Negra. E a escrita do Quick te convence de tudo. A tristeza e o drama não são nada forçados, muito pelo contrário. Justamente por isso eu senti falta de algum tipo de resolução, nem que fosse só uma esperançazinha. Muita gente acha o final "hopeful". Eu já não vi desse jeito. Entendo que talvez a intenção seja essa: a vida é uma droga e nada se resolve por mágica. Mas poxa, a vida já é uma droga mesmo, custa a gente poder se iludir pelo menos com a literatura???
De qualquer forma, é uma boa leitura. Se suas expectativas já não forem lá tão grandes, você provavelmente ainda vai achar muito melhor do que eu.