Lys Coimbra 27/03/2015Não consigo entender como esperei tanto tempo para ler Tolstói.
É certo que o volume, desta obra em particular, e o próprio nome de Tolstói podem ser um tantinho intimidativos, mas a leitura se mostra, na maior parte do tempo, extremamente prazerosa.
A riqueza e a complexidade de alguns personagens é fascinante e nos conduz a dilemas filosóficos extasiantes.
Anna é um personagem inspirador, especialmente quando consideramos a época em que o romance foi escrito. Uma mulher que se atreve a ser forte, autêntica, inteligente, politizada e vanguardista numa época em que as mulheres se reduziam a meros figurantes sociais. Eu a achei realmente incrível!
Apesar das fraquezas e do desfecho de Anna, me encantei com a postura de assumir seus desejos e lutar pela felicidade, ainda que o preço - a segregação social e a privação da presença do próprio filho - fosse um vislumbre do inferno.
Mas Anna não brilha sozinha, pois mesmo com toda a sua aura mítica, o personagem que mais me conquistou foi Liévin e suas reflexões, suas brigas internas, suas incompreensões e anseios. Ele conseguiu ser simples e riquíssimo com toda a sua simplicidade.
Me maravilhei com as questões filosóficas e com a revelação da estrutura social russa da época do romance.
Em algumas passagens, me senti meio arrastada e até me entendiei um pouco, mas, na maior parte do tempo, o livro é um presente.
Enfim, Tolstói já não me intimida e mal posso esperar pelo próximo.