Minha Vida

Minha Vida Anton Tchekhov




Resenhas - Minha Vida


14 encontrados | exibindo 1 a 14


Ehkew 28/05/2024

A história dá voz para pessoas simples, muitas vezes consideradas "pequenas e desinteressantes".
Embora seja comum, esta história sobrevive porque ao mesmo tempo que narra um passado, se encontra com as aspirações contemporâneas.
Fiquei encantada com a clareza de Missail, as particularidades de escrita escolhidas pelo autor enriquecem tanto a personalidade do personagem quando a imersão/experiência do leitor.
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Tati Mila 05/10/2023

Maravilhosa leitura
Que leitura deliciosa, comecei e não queria parar.
Amei a forma de escrita do autor,
Descreve tudo tão bem, de uma genialidade.
?Sem amor na haveria vida; quem teme o amor e foge dele, não é livre?.
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Jean Bernard 09/05/2023

Maravilhoso
Uma novela que pode ser lida em poucas horas, mas que ficará com você por muito tempo. Em tão poucas páginas, uma trajetória tão profunda acontece levantando várias questões sobre a vida. Trabalho, preconceito, sociedade, hipocrisia, amor e relações pessoais. Não se colocado o certo ou errado nessa história, mas se relata a vida do herói que vai se construindo. Minha primeira leitura do Autor e já virei fã.
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Lucas 31/12/2022

Último do ano!
A obra de Tchekhov, ?Minha Vida?, retrata a história de um personagem cujo pai possui uma alta posição social. Contudo, ele não se identifica com os privilégios possuídos por sua família, os antepassados também eram notáveis na alta sociedade.
Dessa forma, ele abre mão de todos esses privilégios e da renomada posição social para se tornar um trabalhados, no caso, um pintor.
O livro faz uma clara crítica à superficialidade e hipocrisia dos nobres, visto que se contentam apenas com o título que possuem, de forma que não estudam, e muito menos são pessoas complexas.
Outra crítica presente no livro que consigo observar é a romantização do trabalho manual. Nesse ponto, assim como o primeiro, o livro é bem atemporal. Apesar de se passar na antiguidade, em uma pequena cidade na Rússia, muitos hoje em dia também romantizam o trabalho braçal, apenas enxergando as virtudes de tais, e não as dificuldades.
O livro tem vários desenvolvimentos a partir dessa regressão social do autor tudo mais.
A leitura foi um pouco arrastada, achei o livro um pouco parado, mas vale a pena a leitura. A
Marina 31/12/2022minha estante
Se aventurar nos russos eu acho isso incrível!




Cat 26/07/2022

Uma novela comum, como assim lhe cabe ser.
Falar do cotidiano é mais difícil do que parece, e narra-lo com sua simplicidade própria é uma tarefa, que para mim, é quase impossível; à Tchekhov, porém, isto não é um obstáculo. Com maestria o autor consegue transportar para o papel a história de vida do personagem Missail, que por acaso é uma vida muito mais normal do que, de acordo com seu passado, fora destinada a ser. Em sua trajetória, mais humana e muito mais verdadeira, percebemos o que seria a beleza dos habituais objetos ou paisagens que nos cercam dia a dia. E como que no achar do amor cativante tudo que nos rodeia enche-se de luzes e cores antes não percebidas. Podia eu escrever (e descrever) mais do que isso, mas não consigo ultrapassar o limite da cotidianidade que o livro consigo carrega, é preciso ler para sentir o que seria a "Minha Vida" de Missail.
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Hugo.Castro 23/05/2021

Minha Vida
Conhecemos Missail Póloznev na iminência de sua nona demissão. O nosso protagonista tem descendência nobre, antepassados gloriosos, nas palavras de seu pai, e carrega nas costas o fardo e a responsabilidade de ser igual aos seus.
Ele se sente deslocado e questiona, a todo momento, os seus iguais. Quem são essas pessoas? E do que vivem de fato? Com trabalhos burocráticos e/ou intelectuais, os nobres da província são corruptos e parasitam os que estão logo abaixo. Não trabalham de verdade. Não fazem a diferença.
Missail, causando um enorme vinco na arvore genealógica dos Poloznev, rompe com a tradição e títulos e resolver viver a vida simples de operário para o enorme desgosto de seu pai.

A busca pela identidade, por um lugar nesse mundo. Os questionamentos do protagonista acerca do que realmente é importante na vida. Tudo isso tornou Minha vida de Tchekhov a minha própria vida. É impossível não se identificar. Ainda mais se você estiver em um momento da vida em que procura seu lugar, saber no que realmente é bom. A leitura valeu muito a pena. Nota 10.
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Peleteiro 22/11/2020

Há tempos não favoritava um livro por aqui. Com maestria, Tchekhov desenvolve uma bem-humorada e ácida crítica à hipocrisia da nobreza do seu tempo, com uma atemporalidade tão competente, que se faz impossível não enxergar o Brasil atual durante toda a leitura.

A corrupção, a pequenez, a avareza, o provincianismo tradicional que define pessoas terríveis como homens de bem, tudo isso serve de pano de fundo para uma profunda reflexão sobre os papeis sociais e o trabalho, em meio às ambições de alguém que visa fazer aquilo que aprecia e lhe satisfaz.
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Gabi 26/02/2020

É uma leitura leve que narra a vida de um camponês e suas mazelas.
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Kelly Oliveira Barbosa 31/01/2020

Minha Vida publicado em 1896, é uma das poucas narrativas longas do Tchekhov que escreveu principalmente contos.

É impossível ler a obra do autor e não se interessar pela história da Rússia. Dá para sentir seu contato real com as várias camadas da sociedade da época. Suas descrições das pessoas, dos lugares, da sociedade, seu próprio ponto de vista sobre a vida expressado através de seus melancólicos personagens é diferente de tudo que eu já tinha lido e até considerando outros autores russos.

Narrado em primeira pessoa, em Minha Vida conhecemos a história de Missail Póloznev, um jovem nobre, filho de arquiteto que não se estabiliza em emprego nenhum. Missail considera o serviço de escritório (burocrático) vazio e longe de ser um trabalho “intelectual” de fato, o que é defendido por seu pai repetidamente em longas brigas.

O personagem acaba rompendo as relações com o pai e se torna um simples pintor de telhado mesmo com todos os esforços das pessoas à sua volta, incluindo sua irmã, para que atendesse às expectativas e vivesse conforme sua família e classe social.

O jovem Missail é cheio de ideais, questiona tudo e todos e à princípio, no alto da sua “rebeldia”, não só alguns personagens como possivelmente o próprio leitor chega a admirá-lo como alguém que teve coragem de romper, correr atrás e viver como queria.

Mas pelo que já tinha constatado nos contos que li do autor, Tchekhov era um pessimista quanto a vida debaixo do sol. No decorrer da narrativa, logo acompanhamos as consequências das escolhas daquele jovem e suas amargas desilusões.

A escrita do autor é muito sensível nessa novela. Ele retrata profundamente as misérias humanas, a depravação generalizada dos homens. Em suas experiências Missail encontra a desonestidade, mentiras, enganos, toda forma de maldades entre os pobres e entre os ricos. Esse é um ponto de reflexão importantíssimo que gostei muito. No livro tanto o ignorante como o culto, o proletário e o burguês, os homens e as mulheres são depravados, mesquinhos; pois afinal, não há diferença “todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.” [1]

Todavia, o autor também é sensível para falar da arte e do amor. Há trechos incríveis nessa obra sobre a experiência humana com a arte.

Quem estiver farto da imundície, dos interesses pequenos e mesquinhos, quem estiver indignado, quem tiver sido ofendido, esse poderá encontrar tranquilidade e satisfação somente no maravilhoso. (p.109)

E quando Missail se apaixona por Macha, uma nobre, o texto ganha muita beleza. É nesse ponto que o leitor se não tiver sido ainda, é totalmente envolvido.

Minha Vida é uma obra sobre o cotidiano, a vida comum está ali. Em seu íntimo o protagonista se faz muitas perguntas que já fizemos ou iremos fazer enquanto jovens, e este, no seu processo de amadurecimento, passa por desilusões inevitáveis que todos nesse “vale de lágrimas” vamos sofrer em algum momento. É uma narrativa que provoca um incrível diálogo interior.

"Infelizmente, os problemas e os pensamentos dos seres vivos estão longe de ser tão significativos quanto as suas amarguras." (p.76)

"Era impossível convencê-la de que ninguém se importava com pessoas tão insignificantes e sem interesse como eu e ela." (p.120)

"Cada um deve lembrar-se de qual deve ser sua conduta e todo aquele que, por orgulho, isso não quiser entender, para ele haverá um vale de lágrimas." (p.126)

[1] Citação de Romanos 3:12

site: https://cafeebonslivros.com/2020/01/10/resenha-livro-minha-vida-de-anton-tchekhov/
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Debora 05/01/2019

Um ótimo livro
Um excelente livro, rápido e bem escrito, para se pensar um pouco na Rússia do início do século XX.
Contudo, não é um bom livro introdutório, pois não é possível entende-lo sem algum conhecimento prévio.
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Edna 01/06/2018

Busca
Obra; Novela escrita em 1896 - 1ªobra longa o que difere dos contos do autor
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Missail Póloznev, é um jovem em busca de um lugar no mundo, por não aceitar ele rompe com as tradições e o modelo que o Pai tem para ele.
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Por não aceitar viver fazendo trabalhos banais, tão burocráticos enquanto outros vivem uma vida sofrida ele resolve ir em busca de si mesmo, ele não aceita o mundo de propinas que a classe das famílias nobres recebem, uma cidade perdida, ele é um ser humano que quer fazer a diferença e passa a ser ridicularizado pelos amigos, pela cidade , na rua onde mora e o pai o deserda mesmo depois de humilhá-lo
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Ele inicia os trabalhos de pintor em um vilarejo distante, um trabalho árduo, o ápero trabalho, a alimentação escassa, os pagamentos que são adiados, mesmo assim ele continua..
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Missail está totalmente perdido, mesmo após o casamento ele não gosta da agricultura, ele tem uma pequena satisfação em pinturas de telhados, ele é uma pessoa de natureza sensível e muita coisa mas não o completa como o ser humano que deseja ser, vive em guerra de autoconsciência.

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Após o casamento, vão viver próximo à Dubiétchnia, lugar onde iniciam uma construção de uma escola e esposa que quer plantar, e eles iniciam a agricultura sem experiência, dependem dos Mujiques que trapaceiam e os enganam, vão viver dias terríveis, cansativos e a exaustão vai do físico até interferir no relacionamento que fica insustentável.
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Uma narrativa um tanto densa, com uma melâncolia próprio do ser humano que almeja mais do meio em que vive, e de si próprio mas com um conteúdo reflexivo intenso.
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Nadiny Prates 29/08/2016

Minha Vida é narrada pelo jovem Missail Póloznev que não consegue se firmar em nenhum emprego, sente-se insatisfeito e, procura seu lugar no mundo.Ele então decide torna-se pintor de parede, uma tarefa altamente condenada e repudiada pela sociedade de sua época, inclusive o seu pai.O jovem pintor se vê marginalizado pelos seus pares, sofre constantes agruras, ofensas e maus- tratos, ao mesmo tempo ele começa a perceber o valor daqueles pessoas que fazem um trabalho braçal, e que são sumariamente explorados pelos mais ricos, principalmente os mujiques que viviam uma vida de semi-escravidão "se o senhor não obriga o seu próximo a alimentá-lo, vesti-lo, transportá-lo, defendê-lo dos inimigos, ou seja, se não vive uma vida toda construída sobre a escravidão, será que isso não é progresso?Para mim esse é o progresso mais verdadeiro e eu acho, o único possível e necessário ao homem." (p.49) É um livro lindíssimo, possui uma escrita delicada e sutil.A história tem um ar melancólico e vagaroso, em consonância com sentimentos do protagonista.Enquanto Dostoiévski descreve personagens atormentados e angustiados, Tolstói a nobreza russa, Tchekhov volta -se para dentro do cotidiano de pessoas comuns, seu dia a dia e a luta diária pela sobrevivência.Sem contudo, deixar de fazer uma severa crítica aos costumes de sua época, a hipocrisia social, a corrupção e o "jeitinho" de contornar a lei ( não é exclusividade do brasileiro, pelo visto).Livro russo da melhor qualidade.Recomendo!

site: https://www.instagram.com/sejalivro/
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Eliane Maria 22/04/2013

Resumo Minha Vida
Nessa novela o autor enfatiza a exploração do trabalho, propinas pagas com o intuito de levar vantagens, pequenos roubos que os empregados faziam contra seus patrões , trapaças , enfim fase em que todo mundo queria se dar bem, não tinham o conceito moral gravado nas suas consciências.
Afanar uma coisinha ou outra não fazia mal para quem praticava. Não pesava na consciência. Mas Missail se preocupava muito com essas questões e procurou levar uma vida digna de acordo com seus princípios morais.
Trabalhar ou fingir trabalhar apenas para ganhar dinheiro no final do mês, também não o agradava. Passou por 9 empregos , e na última demissão o seu patrão deixou claro que aquele trabalho que ele executava não estava a contento com as normas da empresa. “ O diretor me disse: Mantenho-o somente em respeito ao seu venerável pai, senão o senhor já teria voado daqui há tempos. Eu lhe respondi: Lisonjeias-me demais, vossa excelência, julgando-me capaz de voar.” Desse momento em diante, decidiu partir para o trabalho que sua consciência mandava: Ou seja, trabalhar arduamente, e com o suor do seu rosto , ganhar o pão de cada dia. Sem explorar ninguém, trapacear e etc
Nenhum emprego burocrático estava encaixado em seu perfil. E o pai dele estava muito preocupado com isso. Pois gostaria que o filho já tivesse posição sólida na sociedade. E não como ele estava vivendo como um proletariado, um mendigo sustentado pelo pai.
O pai indignado com a demissão do filho, começava a lembra-lo dos seus ancestrais, da importância de sua família na sociedade, e começava a falar dos títulos de cada membro.
Falava que a família dele tinha uma tradição a ser zelada na sociedade. E ele não pretendi que seu filho apagasse essa tradição renomada.
Mas ele não se conformava com os argumentos do pai. Falava que a colocação dele naquele emprego consistia em privilégio do capital e da erudição.
“Quem não é rico nem erudito consegue seu pedaço de pão com o trabalho físico” . Ele não queria ser uma exceção, e isso aborrecia o pai por demais, porque a família dele tinha uma tradição a ser zelada na sociedade. E ele não pretendi que seu filho apagasse essa fama.
O modo arrogante com que o pai chama a atenção de Missail, corroborou para que ele refletisse mais e tomasse a atitude de viver a sua vida daquele momento em diante de acordo com os seus próprios principios morais.
Missail ficava muito incomodado, pois milhões de pessoas suportavam o trabalho físico, e porque não ele não suportaria?
Dentro de seu íntimo ele sabia que teria que lutar contra aquela concepção que o pai tinha do trabalho mais “humilde”. Mas sabia que era impossível colocar alguma nova ideia na mente do pai, pois somente o que ele (pai) pensava é que era válido.
Missail, observava minunciosamente o cotidiano da sua cidade. Sempre se questionando como aquelas pessoas de determinada rua viviam. Para ele algumas pessoas viviam do capital acumulado, isso para ruas de melhor situação. “Mas do que viviam as restantes oito ruas” ? Isso para Missail era um “enigma”. Como poderiam aquelas pessoas viverem naquelas condições?
Sentia vergonha de dizer como elas realmente viviam, sem a mínima condição de viver. “Comiam sem gosto, bebiam água insalubre “. Sem lazer, saneamento e com habitações indignas.
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Aquela cidade era um verdadeiro caos. As propinas corriam a torta e a direita. Nem a Igreja escapava.
Passado um tempo, Missail passou a viver “entre as pessoas para as quais o trabalho era obrigatório e inevitável, e que trabalhavam como burros de carga, frequentemente ser ter consciência do significado moral do trabalho”
O interessante é que todo mundo daquela cidade não via com bons olhos o filho de uma pessoa de família de nome, ter escolhido ser trabalhador braçal . Até as pessoas mais simples não aceitaram essa opção de Missail. Nessa fala do peixeiro , isso fica claro: “ – Não dá pena de você, seu tolo ! Dá pena é de seu pai ! “
Missail perde o contato com sua família. A única a visita-lo é a irmã, e ia como se fosse uma fugitiva. E sempre implorando o irmão que mudasse o modo que ele escolheu para viver, pois esse modo, causava sofrimento na família.
Acho que o Dr. Blagovó foi o único na cidade a entender Missail. Ele no início da amizade até tentou influencia-lo a aproveitar mais o intelecto. E com o tempo fez Missail pensar : “a amizade com o médico elevou-me também moralmente”
Missail era uma pessoa muito sensível e se preocupava muito com todos. Achava injusto a maneira como os detentores de poder tratavam os trabalhadores. Até com os animais ele tinha compaixão, pois ao trabalhar no açougue, se sentiu mal , a ponto de não conseguir dormir.
Notei em certas passagens Missail melancólico, digo até desgostoso com a vida. A procura incessante para as respostas : Porque vivemos? Para que serve a nossa existência? Porque um trabalho é melhor do que o outro?
Fardo pesado que ele carregava em sua vida de questionamentos, de atitudes que iam de encontro a sociedade de sua época.
O momento mais leve da história que eu percebi é quando ele se apaixona por Maria (Macha). Ele viveu intensamente esse amor que durou pouco, mais colocou cor em sua vida.
A perseverança , paciência e as convicção de Missail com o tempo foram reconhecidas pela sociedade. Pois antes ele era chamado de Alguma Utilidade, isso de modo pejorativo.
Mas mesmo fazendo o que ele quis, não vi que ele ficou plenamente satisfeito com o trabalho braçal. Ele com o passar do tempo passou a perceber que era uma rotina “ monótona, com períodos de fome, mau cheiro, acomodações desconfortáveis e constante preocupação com o pagamento e o pão de cada dia” .
E ao final ele fala “ Eu envelheci, fiquei taciturno, severo , rígido, raramente rio, e dizem que estou parecido com Riedka e que, como ele, incomodo os rapazes com sermões inúteis”. Aí fica claro o choque de gerações.
“Em Minha Vida, há riquezas de elementos para estudos de aspectos sociais, psicológicos ou políticos” . Então vale a pena reler esse livro , com os olhos voltados para essas questões.
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Juliana 29/11/2012

Pérola da Autoconsciência
Já havia lido alguns contos de Tchekhov e algo me dizia para buscar mais profundamente a sua escrita. Dito isso, a premissa dessa obra e o charmoso exemplar da Editora 34 me chamaram a atenção; comprei sem saber bem o que esperar. Conheci Missail Póloznev e desde então ele tornou-se o meu melhor amigo. Perdido que está num mundo que não lhe cede lugar, Missail é tão bom justamente por ser imperfeito, revelar e refletir sobre suas falhas, dúvidas morais e intelectuais. O fluxo de consciência aqui é muito bem utilizado; Missail conta suas breves - porém densas - memórias como se estivéssemos numa longa conversa com ele, tomando kvas. Ele conserva em si uma certa ingenuidade perante o mundo, que em pouco tempo torna-se melancolia. E poderia ser diferente em uma vila como a retratada, onde não se encontra um só homem honesto e a propina é uma instituição? Ou numa Dubiétchnia alienada do tempo, onde mesmo o caráter sadio dos mujiques não os sanava da brutalidade? Missail observa tudo isso com doçura e tristeza. A novela de Tchekhov pode não ser considerada uma obra-prima pelos críticos, mas para mim ela é como disse o gênio Górki: uma pérola.
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