BibliotecaCCBNB 22/11/2011
A língua exilada' é uma coleção de ensaios permeados pela idéia de que o Holocausto não é um acontecimento restrito aos nazistas e aos judeus - é uma experiência do homem ocidental, um acontecimento de cunho universal, término de um percurso determinado pela história cultural da Europa. Se o filósofo alemão Adorno dizia ser impossível escrever versos após Auschwitz, Kertész afirma que o campo de concentração é um marco zero e que, portanto, nada mais poderia ser escrito sem fazer menção a ele. Segundo o autor, as evidências da aniquilação dos valores que sustentavam uma civilização estão presentes em todas as produções artísticas nascidas das cinzas da Segunda Grande Guerra. O Holocausto continua presente, pois passada a euforia inicial despertada pela queda do Muro de Berlim, em 1989, renasceram na Europa Oriental os velhos nacionalismos e, com eles, a sombra do anti-semitismo. O acerto de contas de Kertész jamais poupa o totalitarismo stalinista. Em um estilo marcado pelo humor amargo da Europa Central, Kertész relembra também os intelectuais que, como Sándor Márai, embora perdessem a língua e os leitores, escolheram o exílio à vida sob a opressão soviética.