Correio do Fim do Mundo

Correio do Fim do Mundo Tomás Chiaverini




Resenhas - Correio do Fim do Mundo


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Toni 03/11/2020

Correio do fim do mundo [2018]
Tomás Chiaverini (SP, 1981-)
Solo, 2018, 284p. 📖

A produção literária brasileira sobre a ditadura se situa na fronteira entre o eterno retorno do acontecimento traumático e a necessidade de elaboração da conflitividade do presente. A ficção problematiza um campo social marcado pela violência institucional, quebrando com os gestos de interdição do silêncio que empurra para fora da representação os capítulos execráveis da história de um povo. A literatura reabre feridas, revira valas comuns, descreve o inenarrável, mantém viva a memória dos sem-nome. Como disse uma vez Alberto Manguel, ela sempre foi e sempre será o pesadelo das ditaduras. 📖

Correio do fim do mundo é uma narrativa de retorno e de busca. Retorno, no sentido de uma estrutura que vai-e-vem entre as décadas de 1960 e 1970, início e auge da ditadura civil-militar brasileira, e o presente do protagonista Teodoro, um professor de biologia que, perto de completar 70 anos, parte para Ushuaia (a cidade mais ao sul do planeta) numa tentativa de dar sentido a uma amizade desfeita durante os anos de chumbo. Busca, porque a sina de todo passado silenciado é produzir rastros: cartas, documentos, memórias, abismos. A história de uma amizade destruída para sempre encontra, no fim do mundo, uma redenção precária. 📖

Nas cenas de tensão e violência, o controle narrativo de Chiaverini é preciso, o que faz da leitura uma montanha russa (ora suave, ora queda-livre). O desenho das personagens, no entanto, pode desagradar, tendo em visto o abuso de clichês de gênero, classe social e idade (e.g. a velha gorda e louca que cheira a alho; ou o episódio de racismo na infância que aparece gratuitamente, contribuindo mais para um argumento autoral do que ao desenho de caráter). Teodoro e Leon, protagonistas, movem-se entre caricaturas e são, eles mesmos, opostos complementares de uma juventude ciente das mortes representadas pela isenção ou pela luta. O excesso de cinismo quase chega a atravancar a fluidez do texto, mas o livro acaba com o saldo positivo porque expõe a face bárbara de um “passado” truculento e desumano, de sintaxe aterrorizante. #DuraMemória
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Malu 09/10/2018

Instigante
Livro conta a história de dois amigos que se afastam por causa do golpe de 1964. Leitura é fluida. História é comovente e atual.
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