Eye of Truth

Eye of Truth Lindsay Buroker




Resenhas - Eye of Truth


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Cindy 29/09/2018

Gostei bastante...
A história se passa no reino humano de Kor, que esteve em guerra por anos com o reino élfico de Taziira. O Capitão Jevlain Dharrow finalmente está retornando à sua terra natal, após passar 10 anos lutando na guerra, e só pensa em ter um pouco de descanso, sossego e esquecer a amada (que não aguentou esperá-lo e se casou com outro). Junto com ele no navio estão seus amigos: o jovem tenente Targyon, o anão Cutter e o elfo Lornysh. Na chegada eles são surpreendidos pela famosa e temida Inquisidora do Templo da Ordem da Água - Zenia Cham. Ela espera prender Jev pelo roubo de um artefato mágico (o Olho da Verdade) e levá-lo para interrogatório no Templo.

Jev é um zyndar, isto é, um nobre. Seu pai é o Zyndar Prime Heber, o chefe da Casa Dharrow - uma das Casas mais famosas e respeitadas do reino. Embora os zyndars sejam conhecidos por seu orgulho, arrogância, menosprezo para com os outros, futilidade, etc., Jev é bem diferente. Ele é bem-humorado, espirituoso, solidário e honrado, totalmente fiel à palavra empenhada. Preocupado com a situação dos amigos após a guerra, ele oferece hospedagem no castelo de seu pai ao anão e ao elfo. Apesar da Inquisidora Zenia ter agido de forma arbitrária e injusta com ele - eu chamaria de abuso de autoridade - ele sempre agiu muito corretamente com ela, a auxiliando e até mesmo salvando a vida dela em uma série de ocasiões. E ele passou poucas e boas por causa dela e, mesmo assim, não guardou rancor...

O elfo Lornysh é uma figuraça e foi um dos personagens que mais gostei. Espero que a autora nos conte mais sobre a vida dele nos próximos livros e, principalmente, sobre o motivo que o fez se aliar aos humanos e lutar contra o seu próprio povo na guerra. Ele é altivo, caladão, sem o menor senso de humor (talvez ele não aprecie ou não compreenda bem as piadas dos humanos) e sempre com cara de poucos amigos. Mas na hora da pancadaria ele é incrivelmente rápido, ágil e forte - como todos os elfos dos livros de fantasia. Normalmente, a maioria dos humanos não é muito fã de elfos, anões e outras criaturas mágicas, mas a situação está muito pior após a derrota e a perda de milhares de vidas humanas em anos de guerra contra o reino dos elfos. Então dá pra imaginar a reação das pessoas ao se deparar com o Lornysh, sua figura ameaçadora e suas orelhas pontudas no meio da rua... Tenso demais... Mesmo sendo vítima de preconceito por parte dos humanos, ele não se intimida e não deixa por menos. E o mais bacana sobre ele é sua lealdade para com os amigos. Ao longo da narrativa, ele faz tudo para ajudar o Jev a escapar da prisão, inclusive uma tremenda cagada... Eu ri muito nessa hora. Coitado, ele só queria ajudar um amigo...

O anão Cutter é outro personagem bem bacana, sempre zoando com todo mundo. Ele é muito fã de uma anã barbuda, que é uma famosa lapidadora, e seu sonho é trabalhar com ela e aprender os segredos do ofício. Ao que parece, vamos saber mais sobre ele em outros livros da série.

Rhi Lin é uma monja-guerreira da Ordem da Água, única amiga da Inquisidora Zenia, que costuma acompanhá-la nas missões fazendo as vezes de guarda-costas. Ela é do tipo metida a engraçadinha e pega no pé da Zenia por ela não ter namorado e nem dar a mínima pra homens. E leva uma coça em determinada situação... - adorei esse momento, mas não vou entrar em detalhes pra não dar spoiler...

Finalmente a Inquisidora Zenia Cham... Eu confesso que ela não me cativou nem um pouco como personagem. Apesar de sua infância sofrida e pobre - filha ilegítima de um zyndar mau caráter xexelento e órfã de mãe aos 11 anos - não consegui sentir pena e muito menos simpatizar com ela. Ela é arrogante, preconceituosa (em relação aos elfos e aos zyndars, que são todos maus na opinião dela), turrona demais da conta, burocrática ao extremo e egoísta pra caramba. O tempo todo ela só pensava em recuperar a porcaria do artefato mágico a qualquer custo, sem dar a mínima para os outros, somente pra fazer bonito com a chefia (a Arquimaga Sazshen) e conseguir uma promoção. E as atitudes dela em relação ao Zev foram podres. Ele jurou de pés juntos, desde o início, que não tinha roubado artefato nenhum (até porque ele estava na guerra, no país dos elfos, na época) e ela nem pra averiguar melhor a situação, buscar testemunhas e pistas sobre o roubo... Ela preferiu confiar no seu preconceito em relação aos zyndars - por causa do pai canastrão que falhou com ela - e achar que o Jev era da mesma laia.

Apesar da minha antipatia em relação à Zenia, eu gostei bastante do livro. A história é cheia de aventuras e reviravoltas, tem personagens ótimos, momentos hilários e uma trama que prende o leitor até o fim. Entretanto, achei que faltou magia "de verdade", pois ela só estava presente naturalmente nos elfos e anões. Os humanos, mesmo os magos e inquisidores das Ordens Religiosas (Terra, Fogo, Ar e Água), só conseguiam usar magia se tivessem uma pedra mágica conhecida como "Lágrima do Dragão". A partir do poder da pedra, eles canalizavam a magia para determinados objetivos (e também estudavam como empregá-la melhor, dominá-la, etc.) como cura, leitura da mente, etc. Ou seja, os magos, se perdessem suas pedras, não serviam pra nada. Isso me deixou meio frustrada, pois o que eu mais gosto nesse tipo de livro é ver muita magia em ação, especialmente quando um descamisado é abençoado pelos deuses com algum poder mágico...
Clara S. 02/10/2018minha estante
Como sempre adoro suas resenhas ! Super bem escritas. Já deu vontade de ler.




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