Felipe HQs e Mais 20/01/2024
Todo irmão briga
Se você tem um irmão ou irmã, sabe que um não vive sem o outro, mesmo brigando. Aliás, brigar e reconciliar é o que faz ter irmãos uma coisa tão legal.
Marvel e DC são editoras 'irmãs' em conteúdos. Ambas publicam histórias de heróis e ambas têm décadas de histórias pra contar. E ambas vivem BRIGANDO! rsrs
Reed Tucker vai fundo na pesquisa do que originou a eterna rivalidade dos lares de Superman e Homem-Aranha. Publicado pelo selo Fábrica 231, da editora Rocco, 'Pancadaria - por dentro do épico conflito Marvel x DC' foi a leitura da vez.
Tucker traz em seu livro um panorama da criação das duas editoras. Começando pela DC e seu boom de heróis no fim da década de 1930, o autor detalha como a editora reinou soberana por mais de 20 anos no mercado estadunidense. Seus heróis, todos corretos e com falas genéricas, eram reflexo dos estúdios DC, onde seus desenhistas e editores trabalhavam elegantemente de terno e gravata. Tudo era céu de Superman naqueles idos da década de 50. Até que uma editora pequena, com mentes criativas gigantes, começa a dar as caras em 1961 com o lançamento de 'Quarteto Fantástico' n° 1.
A Marvel de Stan Lee, Jack Kirby e Steve Ditko trouxe ao mundo heróis com problemas, falhos e com contas a pagar. A partir de então, a concorrência entre as duas editoras começa e era questão de tempo para que Batman e cia fossem ultrapassados em vendas por Hulk e seus irmãos de editora.
Reed Tucker vai nos contando ano após ano, década após década, como essas duas editoras irmãs iam se engalfinhando na conquista de leitores e de fatias de mercado. E chega à mesma conclusão que a de vários leitores: "Por mais que houvesse animosidade entre as empresas, (...) a Marvel e a DC precisavam uma da outra. Se uma desaparecesse, não demoraria até que a outra entrasse em colapso".
'Pancadaria' é uma ótima indicação para leitores mais veteranos, que acompanharam os embates de DC e Marvel ao longo das décadas. Como Tucker traz dezenas de citações de personagens de ambas as editoras (Tom deFalco, Ross Andru, Gene Collan, Chris Claremont, Steve Englehart, Keith Giffen, Carmine Infantino, dentre muitos e muitos outros), é uma experiência bacana vermos nomes - que estávamos acostumados a conhecer apenas nos créditos iniciais das histórias - darem suas opiniões sobre suas passagens por Marvel e DC.
Lá pelo fim, Tucker faz uma análise interessante de nossos envolvimentos, como leitores, com esse universo fantástico de heróis e suas editoras. "Os super-heróis são quase sempre descobertos durante a juventude e, como resultado, esses personagens têm uma poderosa conexão emocional. Superman, Homem-Aranha, Mulher Maravilha e os outros permanecem para sempre envoltos em uma confortável manta de nostalgia e banhados pela tonalidade dourada que parece colorir toda a infância. Eles são portais para outro momento da vida."
Ler 'Pancadaria' certamente me levou a portais nostálgicos de momentos mais coloridos de minha vida de leitor. E isso foi muito bom! Valeu Tucker, valeu Rocco!
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