Mr.Sandman 27/05/2024
Moral Zumbi
A brutalidade continua. Não existe uma resolução fácil para Rick, Michonne e Glen. Além dos traumas adquiridos nesse curto período em Woodbury, existe uma crescente preocupação voltada para o futuro. Como vão fazer para proteger a prisão? Como vão conseguir escapar dali? Existe alguma esperança?
É muito interessante ver como a escrita de Kirkman flui de forma orgânica. Mesmo com uma tensão enorme acumulada, ele consegue inserir diálogos inteligentes e ainda assim manter o ritmo, se superando nos momentos chave, que são engenhosamente organizados ao longo da narrativa. A fuga, a vingança de Michonne, a chegada na prisão e a morte de Martinez funcionam como momentos chaves, que também revelam um primor artístico de Charles Adlard, que já está tão confortável com os personagens, que nem imaginamos outro artista desenhando o título.
É um volume bastante pesado e com uma atmosfera decadente avassaladora. Mas existe esperança. Existe uma ideia de que a recuperação pode ser possível, mesmo com as inevitáveis cicatrizes. Essa recuperação, porém, é mais emocional que qualquer coisa. Woodbury não deixou de existir. A situação do Governador é incerta. Por conta disso tudo, um futuro de conflito aguarda nossos personagens. Uma nuvem nebulosa cobre a prisão. A prisão, mais do que nunca, é inundada por medo, e fica a dúvida se ela prende ou se ela protege. Se existia a dúvida que a moralidade ainda tinha relevância de alguma forma, agora existe uma certeza clara e absoluta: a moral se tornou zumbi, e os zumbis não são mais o foco aqui.