spoiler visualizarGabi 26/05/2024
O que falar de um clássico?
Só Deus sabe o quanto eu demorei para ler meu primeiro clássico. Mas tenho que confessar que só li por pura e espontânea pressão do vestibular, porém sinto que só precisava de um empurrãozinho para começar essa jornada incrível (sim, eu estou muito grata pela lista de obras do vestibular).
Sobre minha experiência com o livro, demorei bastante para pegar no tranco, tanto que lia de 3% em 3% depois passei para 5% até a reta final que li 20% eu um dia só. Fiquei surpresa com essa demora, porque normalmente, minha média de páginas é de 500 por dia, mas eu entendi que isso se deu, pois eu estava acostumada a ler aquelas baixarias que denominamos carinhosamente de "dark romance", não estou rebaixando nenhum dos gêneros, porém vamos concordar que uma enredo que a gente fica aguardando a mocinha ser morta pelo seu par romântico, nos prende bem mais do que ler a narrativa com palavras complexas de um cara totalmente pessimista. Mas com o tempo, você vai pegando gosto e em alguns momentos até se identifica com o personagem.
Sobre o autor, sou extremamente suspeita a falar do Machado, pois minha professora de literatura ama esse cara, até por esse motivo que estava tão ansiosa para ler. Ah, lembro bem que na verdade na verdade só realmente comecei a ler depois que vi essa frase: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”. Temos que concordar que Machado escreve com maestria cada palavra, sempre fazendo uma conexão absurda sobre tudo, seja no próprio texto ou no mundo que o cerca, além de implementar citações sobre estudiosos, mitos e filósofos, ponto no qual, ele ganhou mais espaço no meu coração, sua genialidade me encanta.
Sobre a obra em si, o que mais me desperta é ver que o homem sempre foi humano, suas questões sociais e como o mundo o ver e vice e versa. Sei que pode parecer meio aleatório, mas consigo fazer uma comparação genuína com o Whindersson Nunes e o Machado de Assis, vejo que os dois reparam no mundo com meticulosidade e colocam esses aspectos em suas obras, para que o público se sinta conectado. Pois Brás Cubas mesmo tendo vivido em 1800, retrata a maioria da população atual, pois assuntos e características do homem, andam juntamente a ele.
O personagem principal é apresentado como alguém pessimista, sem anseios, ambições, objetivos e relações afetivas verdadeiras. E só nos últimos 5% ele luta por um lugar no mundo, uma relação e uma filosofia de vida, mas agora já está tarde, porque a morte bate em sua porta. Vejo aqui, como o autor expôs uma lição para nós, lição essa que me tocou imensamente e me fez ter um "clic", pois vi que não vale a pena passar uma vida inteira sem ter sonhos e objetivos, porque no final, provavelmente, morreremos querendo algo que nem tentamos conquistar.