Cantigas no Escuro

Cantigas no Escuro Iris Figueiredo...




Resenhas - Cantigas No Escuro


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Laviniia.s 29/01/2021

Muito interessante todos os contos serem inspirados em uma cantiga e as ilustrações são perfeitas.
Alguns contos eu gostei mais que outros, mas são todos bem escritos.
Danielle.Samtos 28/03/2021minha estante
Oi vc pode me ajuda como faz pra ler


Laviniia.s 28/03/2021minha estante
O site é pra apenas organizar suas leituras, não tem como ler aqui.




zoni 23/06/2018

Uma ciranda, cirandinha pode ser horripilante até mesmo para nós adultos.
Você já observou as letras das canções que deixamos nossas crianças ouvirem enquanto brincam de roda, ou que, cantamos para que elas durmam? A maioria dessas letras incutem nas crianças à normalidade da violência física e emocional, contam histórias de desgraças, e as assustam com personagens assustadores que os vem pegar a qualquer momento.

Ambientado nos dias atuais, e recheado do imaginário popular brasileiro, essa antologia nos mostra o lado negro e assustador das cantigas infantis. Em uma prosa saudosa e assustadora as autoras desenvolvem contos extremamente inteligentes, que vão seguindo seu próprio ritmo e nos deixando nostálgicos, apreensivos e até mesmo assustados a cada página avançada. Entre plantações de batatas, fantasmas esquecidos, corpos-secos e um anjo solitário, vamos descobrindo que uma ciranda, cirandinha pode ser horripilante até mesmo para nós adultos.

Estou completamente encantado com esse livro, porque nunca pensei que cantigas de rodas poderiam gerar histórias assombradas tão boas. A princípio, o que me atraiu no livro foi a capa maravilhosas, a promessa de autoras brasileiras escrevendo terror veio só em seguida, mas nessa altura, eu já tinha total certeza que precisava ler esse livro. E assim o fiz, com a expectativa lá em cima comecei a ler, e já me deparei com um conto totalmente nostálgico, gostoso, bem escrito e desenvolvido, e com um clímax espetacular. Daí em diante vieram só histórias fantásticas que mexiam com minha imaginação o tempo todo, em alguns momentos precisei parar, colocar o kindle de lado e relembrar minhas aventuras infantis com um sorriso no rosto.

O livro tem um aspecto infanto-juvenil, e diferente do que muitos podem pensar, não atrapalha em nada, na verdade torna a antologia mais preciosa, vai agradar desde crianças à adultos. Não posso deixar de mencionar a diversidade que compõe cada conto, personagens negros, surdos (que são essenciais para a história) e LGBT são alguns presentes aqui.

É um projeto lindo, que oscila entre a fantasia, a cultura do nosso país e o terror. Além de ser curtinho, e você poder ler rapidinho, é de uma riqueza inigualável. Não deixe de ler.

Nota para cada conto:
Diga adeus e vá-se Embora - 5
Na beira do Rio 5
Juro que te Amo 4
Escamas de Espinhos 2,5
Dourado 5
Algo Teu 4,5

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site: www.instagram.com/nomeiodatravessia
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asiwithbooks 01/07/2018

QUE LIVRO MARAVILHOSO.
Sério, fiquei encantada e assustada do começo ao fim. Claro que eu já esperava algo assim das autoras, porque elas são maravilhosas e eu amo o que elas escrevem, mas COMO EU AMEI ESSA COLETÂNEA AAAAA.
Tá, já fangirlei o suficiente, vamos falar sério agora.
São seis contos maravilhosos inspirados em cantigas de crianças. Cada conto tem sua peculiaridade e uma abordagem sobre um assunto que discutimos diariamente pela internet. As personagens são maravilhosas e eu duvido muito que eu consiga ver essas cantigas da mesma forma que antes. ( Fui no tororó tem TODO UM NOVO SIGNIFICADO PRA MIM).
Aliás, o conto do Tororó foi o meu favorito, seguido do inspirado em Alecrim Dourado. Mas vamos por partes porque meu coração não aguenta tanta coisa maravilhosa junta.
O conto do Tororó me trouxe lembranças de quando eu ia para a casa da minha tia, que era literalmente no meio de um terreno ( bem menor, mas ainda assim) e passava um rio por baixo, onde as crianças não podiam ir pra ninguém acabar caindo no rio. Não, não tinha nada de ter coisa assombrando, mas ler esse conto meu deu ideias do que fazer quando eu visitá-la. *evil laugh*
A do Alecrim literalmente me lembrou de quando eu fui pra roça com o namorado e ele resolveu me contar lá que uma vez ele achou que * insira aqui a criatura do conto* tava rondando a casa dele. I CAN'T EVEN. Advinha quem não conseguiu dormir. risos.
Mas sério, é uma história maravilhosa que todo mundo deveria ler e conhecer.
Virou meu favorito de 2018.
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Lorena Miyuki 06/07/2018

Original
Não é meu estilo de leitura favorito, mas a proposta da coletânea é muito original e os contos, no geral, são muito bem escritos e fora da caixinha. Vale destacar que a maior parte deles tem uma ótima representação LGBTQ e isso contou muitos pontos pra mim.
Alguns contos são obviamente muito melhores que outros, menos previsíveis e clichês, então vou dar uma notinha pra cada em separado, mas sem entrar em detalhes.
Diga adeus e vá-se embora - 5
Na beira do Rio - 4
Juro que te Amo - 3
Escamas de Espinhos - 3,5
Dourado - 2,5
Algo Teu - 4
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Aninha de Tróia 01/08/2018

Amei o livro. Os contos são sinistros e muito bem escritos. Tentei escolher um preferido, mas não consegui hahaha. Li pelo Kindle unlimited, mas pretendo comprar assim que der (assim como fiz com a antologia Formas reais de amar) porque os livros bons merecem ser relidos mil vezes.
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Cyntia Bender 08/09/2018

De arrepiar.
Cantigas no Escuro são um apanhado de contos que transformaram antigas cantigas de criança em histórias de terror. O que tenho a declarar é que foi uma leitura muito boa, me prendeu do início ao fim, todos os contos tiveram sacadas sensacionais com as letras das cantigas, não consegui prever nenhum dos acontecimentos e seus finais, e ainda de quebra dava aquele arrepiou na espinha que toda boa história de terror causa em quem curte o gênero.
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Felipe927 09/09/2018

Cantigas no Escuro...
Cantigas no escuro é uma antológia composta de 6 contos escritos por 6 autoras diferentes, dentre elas Iris Figueiredo, Gabriela Martins...

Com contos mais para o lado do terror, o livro foi inspirado em Cantigas de ninar. Como 'O Cravo e a Rosa','Ciranda Cirandinha'.

Alguns contos realmente me chamaram atenção não só pela narrativa ou criatividade. Mas sim, porque nota-se o cuidado que as autoras tiveram para abordar todo tipo de representatidade. Assuntos importantes são abordados, Como relacionamentos abusivos, divórcio e sexualidade.

Fico feliz por ter tirando um tempo para ler essa antológia nacional. E super recomendo pra quem se atrai ao gênero.

Cantigas no Escuro vai se tratar de traumas e medos, porém nenhum conto foi capaz de me deixar assustado, até porque talvez não sido esse o objetivo. Mas sim mostrar qye quando analisadas com seriedade essas Cantigas pode sim, conter um lado mais obscuro, que muitas vezes acabamos deixando passar despercebido.
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Renata @riodelivros 15/09/2018

Cantigas no escuro e uma coletânea de 6 autoras brasileiras de literatura, fazendo uma releitura das cantigas da nossa infância.
?? Diga adeus e vá-se embora - Escrito pela Jana Bianchi, inspirado na música ciranda cirandinha.
?? Na beira do rio - Escrito pela Iris Figueiredo, foi inspirado ? "fui no tororó beber água e não achei..."
?? Juro que te amo. - Escrito pela Solaine Chioro, foi inspirada na música "se essa rua fosse minha...";
?? Escama de espinhos - Escrito pela Gabriela Martins trás uma história inspiração na música o cravo e a rosa ?
?? Dourado - Escrito pela Emily de Moura, trás inspiração da música alecrim dourado;
?? Algo teu - Escrito pela Laura Pohl, trouxe a cantiga "Batatinha quando nasce...";

O que mais me encantou foi a importância e profundidade dos temas abordados. Temos muitos assuntos delicados e importantes como relacionamento abusivo, divórcio, depressão, síndrome do pânico... Os contos são muito bem escritos, alguns dão um friozinho na espinha, com um toque de suspense.
Recomendo para quem gosta de livros de terror e até para quem não gosta mas queira se aventurar esses contos é uma otima oportunidade.
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Paulo 06/10/2018

Falando dos aspectos gerais da coletânea antes de passar para os contos achei a proposta genial. Pegar cantigas de roda e escrever histórias com tons sombrios foi muito criativo. E todas as autoras souberam explorar bem as cantigas escolhidas seja literalmente, seja apenas como fio condutor para a narrativa. Saber o que vai sair de cada cantiga é chutar no escuro, porque cada história dependeu da interpretação que a autora fez do material usado. Algumas histórias puxam para o terror, outras para o drama e até uma que se embrenha pelo realismo mágico. Histórias de assassinato, de seres sobrenaturais, de relações abusivas. A variedade é grande e no geral as histórias são muito boas.

Peguei alguns pequenos erros de edição aqui e ali, mas nada que comprometa a fruição da trama. Só chamo a atenção porque o número destes errinhos foi razoável, então merece uma atenção maior no momento de revisar. Todos os contos tem um bom tamanho e permitiu às autoras desenvolver bem sua história. Gostei também das ilustrações muito bonitas e que ajudam a passar o ar sombrio da história. E essa coletânea merecia muito uma edição física, hein. Não é de todos os ebooks que eu digo isso, mas nesse caso, valeria muito a pena por todo o trabalho de formatação e edição.

1 - “Diga Adeus e Vá-se Embora” de Jana P. Bianchi

2 estrelas

Já não é o primeiro trabalho da Jana que eu leio e por essa razão sei muito bem o que ela consegue nos entregar. E é sempre com muita alegria que eu começo a ler qualquer coisa que ela escreve. A autora alcançou hoje uma maturidade na escrita que é bem característica em si. E, ao mesmo tempo, ela consegue nos surpreender dando um passo a mais. A cantiga que ela escolheu foi o Ciranda, Cirandinha e ela escreveu uma história de suspense com adolescentes. O engraçado é que a gente sente um pouquinho daquela pegada de curiosidade e aventura típica de um Stranger Things (apesar de a narrativa ser com adolescentes e não crianças). Jana preferiu uma abordagem mais literal da cantiga usando seus versos para conduzir o ritmo de suspense imposto desde o início da história.

Aqui temos um grupo de adolescentes filmando uma história de terror na casa de seus avós. Usando o celeiro e os estranhos objetos presentes por lá, eles se deparam com uma estranha lápide no celeiro. Dentro da lápide eles encontram uma caixa contendo um estranho objeto dentro. E é a partir desse objeto que vai se iniciar uma estranha história envolvendo elementos sobrenaturais. Gostei da ideia da história e da forma como ela foi finalizada. Só achei que a Jana não conseguiu desenvolver bem seus personagens e dar individualidade a eles. Muitas vezes ela consegue nos entregar bons personagens em espaços pequenos. Dessa vez não achei tanto. Talvez seja chatice da minha parte por eu conhecer o estilo de narrativa dela e a gente sempre ficar naquela expectativa de algo inesquecível. Achei legal ela ter usado uma personagem surda, mas não senti que ela fez tanta diferença para a história (exceto lá no final). Poderia ter sido muito melhor aproveitada.

Diferente de outro conto que eu li na coletânea do Mitografias, Janayna opta por uma escrita mais direta. Algo mais narrativo do que expositivo. Confesso que gostei mais da Jana contadora de histórias do que da Jana narradora. Mas, é muito mais uma questão de preferência mesmo (até porque Lobo de Rua, que eu amo de paixão, é narrado). A narrativa está em terceira pessoa, sempre com os personagens focados em grupo. Mesmo narrando a história, ela ainda mantém uma condução de história que me encanta, com poucos diálogos e mantendo o leitor preso à narrativa. Esse é aquele tipo de conto que você tem que ler do começo ao fim, sem paradas. E a própria narração da Jana vai fazer você virar páginas para saber o que vai acontecer a seguir.

Gostei da história, e a Jana manteve a qualidade tão característica de sua escrita. Ao mesmo tempo ela conseguiu nos mostrar como ela amadureceu como autora e dar um passo além. Só achei que faltou um desenvolvimento maior dos personagens, para dar individualidade a eles. Ou será que conheço tanto a escrita dela que já me tornei um chato de galocha?

2 - “Na Beira do Rio” de Íris Figueiredo

3 corujas

Histórias de fantasmas sempre são muito legais. Íris Figueiredo resgata aquela tradição de histórias contadas ao redor de uma fogueira. Como se fossem causos. A autora nos coloca diante de uma protagonista que tem problemas de sonambulismo e vai visitar sua amiga que mora em um lugar mais afastado. Nessa casa aconteceu um estranho desaparecimento no passado que vai voltar para assombrar os personagens desse conto.

A ideia de usar o sonambulismo como uma forma de contato com o outro mundo não é nova, mas é explorada de uma forma bem intimista pela autora. A protagonista entende que a sua condição interfere no seu modo de vida. No começo da história até somos colocados diante de uma personagem insegura acerca de si mesma e o que ela pode fazer durante os seus episódios. A autora explora bem a relação dela com seus pais, com sua amiga e consigo mesma. Não é uma jornada de crescimento (até porque não há tempo para explorar isso na narrativa), mas mesmo assim tem algus flashes desse tipo de temática.

Outro elemento que a Íris Figueiredo deixa implícito é que a personagem parece gostar de sua amiga. Essa dúvida acerca de sua própria sexualidade e de seus sentimentos por sua amiga talvez contribuam para o fato de ela não gostar que outras pessoas a vejam durante seus episódios de sonambulismo. Mais uma vez, a autora explora isso de uma maneira bem sutil, sem se aprofundar demais, mas deixando aquela pontada de dúvida no leitor. Como eu sempre falo em algumas resenhas, muitas vezes menos é mais. A autora não precisou fazer todo um tratado sobre a personagem para torná-la mais complexa. Bastaram alguns poucos parágrafos para construir toda a personalidade dela.

Quanto à história de fantasmas em si, não achei espetacular, mas ela conseguiu transmitir o necessário para o leitor. O foco do conto não estava no acontecimento sobrenatural, mas na insegurança da protagonista e em sua relação com sua amiga. A ideia era mostrar o quanto os laços de ambas eram fortes e o quanto a protagonista precisava enfrentar seus medos. Gostei de conhecer a escrita da Íris e fiquei curioso por ler mais coisas dela.

3 - “Juro que te Amo” de Solaine Chioro

3 corujas

Esse é um conto que puxa mais para o terror e para a escuridão. Solaine pega a cantiga Se Essa Rua fosse Minha e dá uma guinada em direção ao obscuro que surpreende totalmente. Luciana é a irmã mais nova de Leonora. Ela foi convidada para uma festa da galera e está muito animada por ir. Faz o possível para obter a autorização dos pais para ir e a irmã fica de buscá-la na hora de ir embora. Mas, chegando à festa, Luciana fica com uma sensação ruim e pede que sua irmã volte com ela um pouco mais cedo. Ao caminhar de volta, elas são pegas por uma estranha atração rumo a um bosque escuro. Nesse bosque as duas irmãs serão confrontadas por algo da infância delas. E esse confronto pode ser fatal.

Uma das grandes necessidades em uma história de terror é a maneira como o autor faz com que o leitor sinta cada vez mais pavor à medida em que a história vai acontecendo. É o que chamamos de crescendo. Uma história de terror ela precisa sair de um ponto normal e aumentar o medo gradativamente enquanto insere elementos sobrenaturais na história. No final, o insólito está tão entranhado na narrativa que não há como retornar ao status de normalidade. Por essa razão não há como haver altos e baixos em uma história de terror… o terror precisa ser sempre crescente. Nesse caso aqui, Solaine conseguiu fazer isso com precisão. Se no início tememos pela segurança das personagens, no final sabemos que algo muito ruim irá acontecer e só desejamos que elas possam sair vivas do encontro.

A relação entre as irmãs é colocado como temática principal da narrativa. O quanto um irmão gosta do outro, o quanto eles são imprescindíveis para nossas vidas. Algumas vezes não gostamos de nossos irmãos porque eles são chatos ou implicam conosco. No entanto, eles são partes integrantes de nossas vidas. Na história, Leonora ama Luciana e vic-versa. Apesar daquelas briguinhas entre irmãs, elas sabem o quanto a presença e a companhia de ambas traz segurança e calidez às suas vidas. A escolha da narrativa em primeira pessoa pela autora foi muito feliz, pois nos permitiu entrar na mente de Luciana para entender as sensações que ela tinha ao lado de sua irmã. Da metade para o final da narrativa vemos como os parágrafos se tornam mais tensos e agitados, fruto daquilo que está se sucedendo na história. Para os fãs de boas histórias de terror, vocês vão curtir bastante essa interpretação de uma bela cantiga pela mente da autora.

4 - “Escamas de Espinhos “ de Gabriela Martins

2 corujas

Fazendo um trocadilho com o título, esse conto é bem espinhoso. E parabéns à edição da coletânea por avisar no início da história que ela trata de relacionamentos abusivos. Muitas pessoas tem gatilho com esse tipo de narrativa e preferem não ler. Parabéns mesmo. Mas, voltando ao parágrafo inicial, a autora foi corajosa ao embarcar nessa temática e procurou usar um pouco de realismo mágico para tratar dos sentimentos da protagonista em relação àquilo que se passava com ela. Entretanto, nem sempre se embrenhar pela fantasia vai dar o resultado adequado.

A protagonista é Tábata, uma adolescente normal que sai com as amigas para mais uma noitada. Lá ela conhece Sérgio um cara com a qual ela começa a se relacionar. O que começa como um sonho de princesa, pouco a pouco vai se transformando em uma relação abusiva, que vai corroendo a protagonista em pequenas fatias. Até que os espinhos que se formam dentro de si são tantos que ela precisa expeli-los de alguma forma. E é aí que o cravo irá brigar com a rosa, a princesa vai se transformar no dragão.

Gostei de como Gabriela constrói o tema da relação abusiva. Quando se diz que uma narrativa vai tratar disso, logo se imagina que haverá agressão física ou contato violento de algum tipo. Quando uma relação abusiva não se resume a somente isso. Muitas vezes relações abusivas acontecem quando um dos lados diminui o outro através de palavras ou ações. A relação entre Tábata e Sérgio é marcada por pequenos abusos: ciúmes exagerados, obstruir as amizades, atrapalhar a liberdade, usar como um objeto decorativo, cercear as decisões. Nesse sentido, a autora é muito feliz em mostrar os pequenos abusos que vão se empilhando um após o outro até se tornaram sufocantes e insuportáveis. O momento final é fruto de tudo isso, mas tem mulheres que não tem esse momento em que os espinhos são tantos que não é possível mais escondê-los.

Não gostei do realismo mágico empregado na narrativa. Achei que ele foi mais confuso do que útil para o contorno geral. A mensagem do cravo e a rosa teria sido obtido com a mesma eficiência sem os elementos estranhos. A história toda se cerca dessa temática. Em muitos momentos eu precisei parar e reler o parágrafo para imaginar o que a autora quis dizer com uma passagem. Ao final eu entendi que era preciso ir além das imagens fantásticas e buscar criar o que elas realmente significavam. Mas, garanto que não serão todos os leitores que vão conseguir fazer essa transição.

Porém, gostei da coragem da autora em abordar o assunto e a narrativa é boa o suficiente para transmitir de forma adequada a mensagem. Os personagens são marcantes e a estruturação da história é bem feita tendo um início, um desenvolvimento e uma conclusão bem claras.

5 - “Dourado” de Emily de Moura

1 coruja

Usando a cantiga do alecrim dourado, Emily nos coloca na pela de Rebeca, nossa narradora em primeira pessoa. Ela nos leva por uma aventura pelas matas atrás da casa de sua família. Ao lado de Rosa e da nova amiga Nadine, por quem Beca sente uma atração, vamos explorar essa mata que segue até um lindo campo de alecrim de todas as cores. Entre brincadeiras e uma tarde ensolarada, as meninas relaxam nesse campo curtindo tudo o que a natureza pode lhe dar. Mas, uma sombra está à espreita e colocará a vida de todas elas em perigo. Beca, Rosa e Nadine precisarão de todas as suas forças para escapar desse mal.

Esse foi o conto que eu menos gostei na coletânea. Ele me pareceu grande e arrastado demais. Teria sido possível cortá-lo pela metade que teria ficado melhor. Em vários momentos eu senti que a autora se perdeu em sequências de situações que não levavam a lugar algum ou até repetia frases que ela insistia em fazer gravar na mente do leitor a todo o momento. Eu entendi que a Beca sentia algo pela Nadine… não precisava ser lembrado a cada duas páginas disso. Para vocês terem uma ideia, o próximo conto lida com uma situação semelhante e a autora conseguiu o mesmo efeito (acho que até melhor trabalhado) sem forçar a barra.

Me incomodou também não saber qual era a temática da história. O foco era aonde exatamente? Na atração de Beca por Nadine? Na amizade das três? No lado obscuro da mata? O que o campo de alecrim tinha a ver com tudo? Enquanto outras autoras souberam usar muito bem as cantigas seja de forma direta ou indireta, eu não entendi qual foi o propósito do emprego da cantiga aqui. Era só porque a criatura se alimentava de alecrim? Sabe quando você fica confuso sobre qual o direcionamento tomado no conto? Foi assim que eu me senti. Infelizmente acabei não gostando da história, não me simpatizei com os personagens e me arrastei muito pela história. Se fosse um romance padrão, eu teria abandonado. Convoluto demais. É a mesma questão do menos é mais. Muitas vezes não é preciso entregar uma história muito complicada. Talvez se a história se focasse apenas na criatura sombria com três meninas explorando a mata pura e simples, não haveria maiores problemas. Não era nem preciso explorar os sentimentos delas. Bastava ser uma aventura boba que acabou mal.

Tem alguns pontos positivos na narrativa como a boa ambientação e o uso de uma lenda que eu não conhecia muito a respeito. A autora conseguiu criar essa sensação de mata e de o quanto a mata é perigosa mesmo quando ela parece inocente. Porém, os pontos negativos acabam se sobressaindo demais em relação aos positivos.

6 - “Algo Teu” de Laura Pohl

2 corujas

O último conto da coletânea é da organizadora e nos coloca diante de uma história realmente assustadora. Incrível como ela conseguiu pegar uma cantiga bonitinha como Batatinha quando Nasce e transformar em algo bem insólito. Laura me fez lembrar da série Além da Imaginação ou até do Contos da Cripta quando éramos colocados diante de situações bem improváveis e dali resultava uma história de arrepiar.

Um ponto extremamente positivo nessa narrativa é o quanto a autora não precisou mostrar o que estava causando o terror; bastou insinuar. Ao criar o clima e a tensão, ela fez com que a gente comprasse o que estava acontecendo como alguma coisa terrível e que não deveríamos nos aproximar. É a boa e velha suspensão de descrença funcionando de forma ideal. Bons diretores de filmes de terror não precisam te mostrar uma criatura gosmenta e que baba sangue da boca. Basta aparecer uma silhueta, ou o vento soprar diferente, ou os nossos pelos do corpo ficarem eriçados. Laura faz bem isso durante a ida da nossa narradora em primeira pessoa, Marília, até a cabana. Ela segue por uma mata escura e densa até chegar a uma cabana onde ninguém vai. Tudo fruto de um joguinho estúpido de verdade ou consequência. Marília aceita porque quer impressionar a popular Patrícia. Ela é desafiada a retornar com uma batata de uma cabana no alto da casa de um colega da escola. Mas, ao fazer isso, ela toma algo de uma força sinistra que quer também tomar algo dela.

A autora também foi muito habilidosa ao tratar da insegurança de Lia acerca de seus sentimentos em relação à Patrícia. Diferentemente do conto anterior, aqui a autora consegue ser sutil e coloca a personagem em situações totalmente verossímeis e que são coerentes com a sua personagem. Ela não precisa nos dizer que Lia é apaixonada por Patrícia. A gente sabe que ela é. É fruto de um conselho que toda hora vemos ser repetido entre autores: mostre, não diga. É o palpitar do coração de uma forma diferente, é o corar com um comentário, é o ser corajoso mesmo que seja uma coragem estúpida. A gente acaba se importando com Lia o suficiente para torcermos que ela se abra para sua amiga e revele o que está entalado na garganta.

Adorei o conto da Laura e, como bom leitor de terror, queria ver mais trabalhos da autora nesse sentido. Ela tem uma boa noção de criar tensão e uma pegada de terror em um estilo mais clássico. Quase não vejo autores se embrenhando nesse formato de histórias. Tomara que ela escreva mais porque certamente conquistou um fã.

site: www.ficcoeshumanas.com
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Isabela.Lopes 12/10/2018

Em todos os livros de contos que leio sempre tem contos que se destacam mais que outros. Porém, neste livro todos estavam no mesmo nível(e um nível elevado).
Gostei muito da forma que autoras ligaram os contos as suas respectivas cantigas. Minha maior surpresa foi o conto da cantiga 'Se essa rua fosse minha', o final foi bem chocante. Em relação ao conto do 'Cravo e a rosa' não gostei do final(achei estranho).

Obs: Evitem de ler este livro a noite, pois dá muito medo
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Marcos Antonio 14/10/2018

Cantigas
Livro muito interessante sobre as história criadas com as cantigas de rodas, vale a pena ler. Eu pensei que eles dariam um tradução macabra para as letras das cantigas, porém são histórias.
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Ana 01/11/2018

Canções de roda aterrorizantes
Baseado nas canções de roda que crianças cantam, esse livro traz 6 contos numa temática de terror..
As canções são "Ciranda, cirandinha", "Fui no Tororó", "Se essa rua fosse minha", "O cravo brigou com a rosa", "Alecrim dourado" e "Batatinha quando nasce". Todos os contos são muito bem escritos e feitos para você sentir aquele medinho quando lê, mas eu senti que as histórias vão ficando mais pesadas e a última me deixou cheia de arrepios.
Meu preferido foi, sem dúvidas, o conto baseado em "Se essa rua fosse minha", escrito pela Solaine Chioro. Nunca li nada da autora, mas fiquei com muita vontade.
O que eu menos gostei foi o "Escamas de espinhos" da Gabriela Martins, baseado em "O cravo brigou com a rosa". Senti que faltou uma explicação melhor do que estava acontecendo com a personagem.
Ainda assim, todos os contos valem a leitura e o livro é bem rápido (eu li em uma tarde). Só tenho uma coisa ruim a dizer: faltou revisão. Principalmente no conto da Gabriela Martins. Vi vários errinhos, todos por falta de atenção mesmo do revisor, como falta de letras ou espaços, mas nada que atrapalhe a leitura.

site: https://bit.ly/2qpCQXj
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Tamy' 04/05/2019

Bom!
Alguns contos são bons, outros achei que poderiam ser melhores mais acabaram se perdendo. A escrita das autoras facilitam bastante para acompanhar as estórias e nos deparamos com cantigas antigas que podem ter uma mensagem oculta.

Tinha somente alguns erros ortográficos que não influenciou muito.

Recomendo para quer passa e o tempo.!!
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Wes 21/07/2019

Os contos que me deixaram mais impactado foi o da menina do quadro, o do relacionamento tóxico e o da Batata (que é o da Laura). Foram histórias bem particulares, eu estava esperando mais terror e menos suspense. É um livro bom pra ir intercalando com outras leituras e pra sair da ressaca literária.
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Dri 06/09/2019

Cantigas assustadoras
As cantigas infantis podem ser realmente assustadoras viu. Gostei muito da menina do quadro e o da cabana abandonada com sua plantação de batatas.
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