Se um viajante numa noite de inverno

Se um viajante numa noite de inverno Italo Calvino




Resenhas - Se um Viajante numa Noite de Inverno


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Leo 21/06/2009

Um leitor vai até uma loja e compra um exemplar do novo livro de Italo Calvino, chamado “Se um viajante numa noite de inverno”. Ao chegar em casa e dar início à leitura, descobre que sua edição possui um defeito e decide voltar à loja para trocá-la, tarefa que se revela impossível e acaba por envolver o personagem em uma grande intriga, envolvendo ordens secretas, livros apócrifos e uma leitora, com a qual formará um par romântico.

Parece confuso, e talvez seja. Mas o estranhamento inicial é uma marca de Calvino, um escritor sempre em busca da reinvenção. "Se um viajante numa noite de inverno" é composto por capítulos que intercalam a trama do leitor (que segue até o fim buscando um exemplar completo do romance) e o início dos livros que acabam caindo em suas mãos, todos eles interrompidos em seu ponto culminante.

É importante ressaltar que a trama – rocambolesca – é um meio, e não um fim em si mesma. A história é um artifício do autor para traçar um imenso painel envolvendo todos os aspectos do ato da leitura. É uma proposta ambiciosa, e Calvino, um dos mais influentes escritores do século XX, consegue levá-la a cabo de forma genial, a ponto de praticamente esgotar todas as suas possibilidades.

Os capítulos referentes aos inícios dos livros merecem um destaque à parte. Apesar de terem sido concebidos de forma a representar os arquétipos fundamentais da literatura ocidental (o romance cínico, o romance nebuloso etc.), eles acabam funcionando como contos autônomos e podem inclusive ser lidos separadamente.

Como todas as obras do autor, “Se um viajante numa noite de inverno” é um livro engraçado e inteligente, engenhoso e criativo, além de extremamente bem escrito. Passear por suas páginas é uma experiência gratificante, porque em nenhum momento Calvino subestima a inteligência do leitor. Pelo contrário: confia que ele será capaz de ler as entrelinhas, de perceber as sutilezas.

Embarque nessa viagem sem pressa, dê a cada trecho o tempo que ele precisa para ser digerido. Somente assim a jornada do leitor real de “Se um viajante numa noite de inverno” será tão fascinante quanto a do leitor personagem.
MK 21/09/2009minha estante
Realmente, esse livro é uma obra-prima. Também não seria de se esperar coisa diversa de Calvino.


Renata CCS 08/10/2013minha estante
Instigante a sua resenha! Fiquei com vontade deste livro.


Georgiana Maia 27/05/2015minha estante
Ótima resenha!


Sarah 24/04/2016minha estante
Excelente a sua resenha! O livro é uma experiência de leitura incrível! Li outro livro com uma proposta semelhante, confere aí:
http://relacionandolivros.blogspot.com.br/2016_02_01_archive.html




Gabrielle 07/09/2022

Diferente de qualquer outro livro
O livro mostra a saga de você, Leitor, para tentar encontrar a continuação de um romance que leva a outro, e a outro, e a outro...

Sim, o livro é escrito em segunda pessoa. Há um personagem principal e o livro é direcionado a ele (você) e você começará a ler diversos livros dentro deste.

Acho que nunca mais vou ler nada parecido, a criatividade de Ítalo Calvino me surpreendeu. Ótima primeira impressão com o autor!
Gabi1568 07/09/2022minha estante
Nossa, só pela sua resenha eu acabei de adicionar este livro à minha lista


Gabrielle 07/09/2022minha estante
Que legal ? é muito interessante, vale demais a leitura




Juliana 24/01/2011

Ítalo Calvino é tão doce e sério ao mesmo tempo que ele consegue te convencer que realmente é possível existir alguém que não existe (como em o Cavaleiro Inexistente). Se um viajante numa noite de inverno é o melhor livro dele. E olha que os outros são incríveis. A história deste é inexplicável pelo simples fato de serem várias histórias inacabadas, e - não sei como ele consegue fazer isso - você participa de todas. É, você leitor. E além disso, o livro é escrito de uma forma simples e gostosa de ler, como todo Calvino que eu já li. É o realismo mais fantástico que eu já li.


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Indagamente 24/06/2023minha estante
Me convenceu heinnn




Oz 21/04/2018

E então, Leitor. Está curioso para saber algo sobre o romance “Se Numa Noite de Inverno Um Viajante”, de Italo Calvino. Pega seu computador, tablet ou celular e começa a navegar pela internet em busca de alguma resenha ou comentário relevante. No entanto, decide que é melhor preparar um café para acompanhar esse momento de descontração. Enquanto prepara sua bebida, vai clicando em alguns dos links que aparecem na página de busca, já excluindo aqueles que se parecem com meros excertos comerciais ou páginas de venda do livro. Busca por algo que acrescente alguma coisa além do mero resumo de três linhas que leu sobre a história e que, por sinal, já lhe parece bastante curiosa. Com o café pronto, decide se sentar confortavelmente no sofá da sala. Com o café em uma das mãos, utiliza a outra para mexer no aparelho que agora está apoiado sobre suas coxas, enquanto estica os pés até a mesinha de centro. Nessas horas, tem a certeza absoluta de que manter os pés na posição mais confortável possível é quase que uma obrigação. É seu momento de lazer. De repente, em meio a uma torrente infinita de referências, depara-se com um desses blogs dos quais nunca ouviu falar antes, embora, a um primeiro olhar, pareça-lhe até um pouco ajeitadinho, o que lhe transmite uma sensação de credibilidade. Tem lá uma resenha do romance pelo qual busca mais informações e decide dar uma espiada para ver se tem sorte. Quando começa a ler, percebe que a resenha é tão estranha quanto a sinopse que havia lido, mas isso te instiga de alguma forma...

A resenha:

Calvino nos presenteia com um livro muito peculiar, onde nós, leitores, assumimos o papel de um protagonista que passa pelas situações mais surreais ao buscar terminar a leitura de romances que começa a ler e que, por algum acontecimento estranho, é impedido de finalizar. Assim, enquanto um capítulo trata da história desse protagonista – o Leitor, abordado tão diretamente que Calvino escreve como se conversasse conosco ao utilizar o “tu” -, o capítulo seguinte narra o começo de um romance que este Leitor começa a ler. Porém, como comentado, esse capítulo se encerra com a narrativa ainda em suspenso, de forma que nunca sabemos o final da história. E assim segue o livro, em capítulos intercalados entre a luta interminável do Leitor, que busca encontrar os romances que nunca termina de ler, e os próprios romances. Nesse caminho, o protagonista passa a dividir sua atenção entre os livros e uma outra pessoa.

Fim da resenha.

Aí está, Leitor. A resenha acaba justamente no momento em que algo seria dito sobre uma outra pessoa, talvez tão importante quanto você mesmo, ou melhor, quanto o Leitor. Você põe o café de lado e exclama algo em tom de reclamação, como se o sujeito desse blog não tivesse tido o cuidado de terminar a resenha decentemente. Vai ver que é por isso que esse blog não seja dos mais reconhecidos e recomendados, servindo apenas como mais uma parcela do todo que compõe o submundo da internet. Ainda assim, sua insatisfação faz com que investigue mais a fundo aquele site. De repente, descobre uma espécie de link quase invisível no final da página da resenha. Será que vale a pena clicar? Você pensa que é muito suspeito, talvez um vírus. Mas sua curiosidade é maior do que tudo e decide clicar. Precisa saber quem é a tal da outra pessoa! Para sua surpresa e felicidade, mal acredita no que aparece na tela.

Continuação da resenha:

O jogo de vai e vem de Calvino demonstra total domínio da escrita e de diferentes estilos narrativos. Enquanto um dos romances não terminados trata de um professor viciado em atender qualquer toque de telefone, o outro trata de um aprendiz oriental cujo objetivo é tentar apreender as sensações do ambiente do modo mais intenso possível, ainda que isso o leve a se envolver com a esposa de seu mestre. Se a diferença absurda entre essas histórias salte aos olhos, o surrealismo com que o protagonista-leitor se depara momento após momento tampouco fica atrás. Esse é o lado bom e ruim do romance de Italo Calvino. De início, a originalidade do livro e a fluência da leitura sugerem que aquele poderá entrar na sua lista de livros favoritos de toda a vida. Com o passar das páginas, porém, esse efeito e essa fluência acabam se esvanecendo um pouco, pois qualquer tipo de expectativa de uma narrativa calcada um pouco mais num realismo vai caindo por terra. Tudo fica um pouco confuso e turvo, perdendo um pouco de uma identificação criada inicialmente.

Fim da resenha. Agora de verdade.

Pronto. A resenha acabou e não há mais links escondidos. Nada foi revelado sobre “a outra pessoa”. Apesar disso, também estava gostando dessa continuação da resenha, ou melhor, dessa outra resenha. É bem verdade que ela também acabou de maneira antecipada, antes de o autor dar o veredito final em forma de uma nota. Talvez a nota do livro esteja em outro lugar do blog. Quando decide que vale a pena procurar, o despertador do celular toca. Está atrasado para um compromisso bem importante, Leitor. É melhor ir se aprontar e deixar essa coisa de nota para outro momento. Afinal, tem um encontro dentro de meia hora com a Leitora, que estará ansiosa para discutir contigo algumas coisas que vai para muito além de uma mera leitura.

Meu site de resenhas: www.26letrasresenhas.wordpress.com
Luiz Miranda 21/04/2018minha estante
Tenho 2 do Calvino, esse é um deles. Uma hora começo.




Rafa 05/07/2015

Nem me lembro como entrei em contato com este livro, depois descobri que ele fazia parte do Projeto 1001 Livros para Ler Antes de Morrer. Matei dois coelhos com uma cajadada.

O primeiro capítulo deste livro é simplesmente sensacional. Você começa a ler e a "obedecer" os comandos do livro, de se posicionar confortavelmente, espichar as pernas para cima da mesa, relaxar enquanto aprecia o livro. O livro é escrito em segunda pessoa, o que te torna personagem principal do livro.

O autor te leva pela livraria, enquanto você perpassa pelos best-sellers que vendem a si mesmos praticamente, passando pelas mesas de exposição, com vários títulos que te interessam, mas que na verdade, não foi por eles que você foi a livraria, passa também por aqueles livros que você quer ler, mas tem medo, até finalmente chegar em "Se um viajante numa noite de inverno".

Daí, entramos na saga do Leitor que, por erro da editora ou por ocasião do destino, não consegue terminar o livro. Cada capítulo inicia um novo livro e se aprofunda no mistério dos livros que não terminam.

Confesso que depois do primeiro capítulo, perdi um pouco o interesse no livro. Porque começar um livro novo a cada capítulo sem chegar à sua conclusão é frustrante. Nestes momentos, acabei lendo de forma dinâmica, para chegar na história que, sim, teria conclusão, do mistério do Leitor.

É o livro mais diferente que eu já li, sem sombra de dúvidas, pelo menos até agora, nesta altura da vida. Vale muito a pena ler antes de morrer, como a indicação. Nem que seja só pelo primeiro capítulo, que é fenomenal e compensa qualquer decadência posterior.

site: http://www.arrastandoasalpargatas.com
Francelle 24/10/2016minha estante
Estou lendo esse livro e, pelo menos até onde já li, a minha opinião é a mesma que a tua. O primeiro capítulo é maravilhoso mesmo.




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Ka Castoldi 16/05/2009

É um livro que exige atenção pra acompanhar a leitura, um pouco denso. Inovador. Completamente inesperado. Mas de uma qualidade ímpar na escrita, tão bem elaborado, muito bem pensado, muito bem escrito. Quem sabe tenha me faltado tempo pra ler, mas achei que ficou devendo na empolgação, apesar de ser um livro naturalmente "inquieto". Italo Calvino joga com palavras, conceitos, histórias. Atiça nossa curiosidade com as histórias inacabadas que na realidade não precisam de final, falam por si só. O cara manda muito bem. xD Tem o dom, realmente.
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Eduardo 27/11/2010

primeiro de tudo, preciso dizer que li este livro num momento ruim, uma semana de muito cansaço e stress. por vezes, sentado em algum lugar, adormeci no meio de algum trecho. dizer isso tem uma conotação de desculpa pro que vou dizer, que é que gostei do livro, achei a ideia genial, mas como leitor despreocupado, 'não foi tudo aquilo", de modo que o livro não entrou para os favoritos. (como eu achava que iria acontecer - quem sabe numa releitura?). Essa preocupação em dar desculpas é covarde e tola: eu deveria simplesmesnte dizer "gostei, mas esperava mais, o que é natural" (bom, acabo de dizer). É um romance sobre o ato de ler romances, tanto que o protoganista chama-se simplesmente Leitor. Este leitor sofre com diversos percalços para terminar a leitura de seus livros. sempre que inicia um, algo acontece, o romance é interrompido, o gozo é cortado, e logo ele é atirado a outro começo de romance - que irá ser ceifado também. E por que não gostei tanto assim? Difícil. A ideia do livro é genial, e há passagens maravilhosas (vou botar ainda pelo menos uma no blog Sujeito), mas creio não ter entrado nessa busca do leitor. alguns começos de romances - todos bem diferentes entre si - não me prenderam, e o enredo rocambolesco da procura do Leitor me enfastiou em alguns momentos. Quanto ao fim do livro, fiquei com a sensação de pé quebrado, embora seja impossível terminar de ler sem um sorriso diante do gracejo com que Calvino termina ser romance sobre romances. Acho que é isso: o enredo rocambolesco enfastiou, apesar das reflexões geniais sobre a leitura e de belas passagens. Calvino é um cara muito inteligtente. Outra coisa: ao fim do livro, há um apêndice que traz a resposta de calvino às indagações de um crítico italiano sobre o livro. Assim, ficamos conhecendo as intenções do autor. sobre esse apêndice, uma coisa me ocorre no momento. é sobre esse trecho: "Será mesmo verdade que meus incipit se interrrompem? Alguns críticos (...) e alguns leitores de gosto refinado sustentam que não: eles os consideram relatos acabados, que dizem tudo que deve dizer e aos quais não há nada para acrescentar. Sobre esse ponto não me pronuncio. Posso dizer que, de início, queria fazer romances interrompidos (..)" - Aqui tenho um pitaco. Alguns começos, incipits, possuem uma estrutura perfeita de conto - o melhor exemplo pra mim é "Ao redor de uma cova vazia" que é excelente, e é em certo ponto fechado. Se Calvino quisesse continuar, teria problemas porque muito já foi dito, e falar mais tenderia a ser "chuva no molhado". Além disso, esse incipit termina tão bem, com uma bela cena digno de conto excelente. Há outros exemplos de incipit-contos, mas discordo de quem vê em todos os inícios contos acabados. Não é bem assim, parece-me. "numa rede de linhas que se entrelaçam", por exemplo, até pode ser chamado de relato completo... mas então teremos de assumí-lo como um relato ruim, em que as cenas desenham-se mal - que faltou mais organização, o que seria um absurdo já que sabemos da capacidade fodástica do ítalo de conduzir uma narrativa. Bem, o pitaco fica por aqui. A leitura está recomenda. E, bem, foi o primeiro livro dele que li. Mas tenho certeza, só de ler as outras sinopses, de que vou gostar mais de outras obras dele (eduardo, é impressão minha ou ainda você está tentando desculpar-se?). Palomar e As cidades Invisíveis, são pitacos. Tenho certeza que a hora que lê-los (esse das Cidades vou ler nas férias, já tá marcado ;P) vou amar, só de saber o tema. Bom, agora vou tratar de digitar alguma daquelas passagens que achei foda. Ah, lembrando, o começo do romance é demais, te prende, porque fala justamente sobre as nossa manias de leitores. Assim, empatizar com elas é facílimo, já que todo mundo tem suas manias. Eu me vi, durante essas primeiras páginas, quando ítalo descreve aquele leitor que compra um livro e começa a abrir no escritório, em meio a documentos aborrecedores, fingindo que está concentrado em algum deles, mas - qual!- tá é abrindo o livro cuidadosamente e curtindo as primeiras linhas. Só não contem isso pro meu chefe. esse lance de empatia foi brincadeira, tá?

PS: esse texto foi feito inicialmente para o blog Www.osujeitooculto.blogspot.com
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DIRCE 28/10/2011

Fora de cena
Em "Se um viajante numa noite de inverno", Ítalo Calvino ( o autor), pretende que nós, leitores e leitoras, incorporemos o papel de protagonistas .
Acredito que, apesar de não ser uma leitura muito fácil, graças a originalidade e refinado estilo: I. Calvino “brinca” com a temática do lugar que a leitura ocupa no mundo, ele deve ter atingido seu objetivo, entretanto, eu, no decorrer das 10 histórias inacabadas, me senti totalmente fora de cena.
Questão de entendimento? Creio que não e, aqui, me permito parafrasear Clarice Lispector: “Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato.Ou toca, ou não toca".
Não consegui entrar em contato com “Se um viajante numa noite de Inverno”, sentimento algum tomou conta de mim, enfim, NÃO ME TOCOU.
Como não pretendo prejudicar a avaliação geral dos leitores amantes desse livro, abstenho-me da minha .
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Gláucia 01/05/2011

Se um Viajante Numa Noite de Inverno - Italo Calvino
Um leitor (chamado Leitor) compra um romance e no clímax descobre que está faltando o final do livro. Vai em busca do final perdido, acaba se envolvendo com outras histórias, todas inacabadas. O livro é bem escrito mas comecei a me irritar muito com isso, talvez seja justamente a intenção do autor, causar uma sensação de frustração no leitor.
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Phrt 26/09/2012

Pronto para uma história não convencional???
Para muitos ler, significa encontrar um texto, encantar-se com o começo, envolver-se com o meio e surpreender-se ou não com o fim, mas para muitos outros a leitura é inconstante, e sem uma lógica correta...
Se você faz parte do segundo grupo, recomendo este livro, mas advirto, deves estar preparado para ser interrompido, e sentir várias vezes um gostinho de quero mais, muito longe do fim do livro, ou será dos livros??
Um leitor, igual a mim e a você, compra um livro, e começa a lê-lo, entretanto o livro tem um problema de impressão, que lhe impede de continuar a leitura, o leitor vai até a livraria faz a reclamação, e parece ter recebido outra edição para recomeça sua leitura.
Quando inesperada ao abrir, para ler, encontra um livro totalmente diferente do primeiro livro que estava lendo, neste meio termo conhece Ludmila, uma leitora que sofre por também não terminar de ler, o livro que tinha começado. Para encontrar o livro que tanto querem, para terminarem de ler um simples livro, os dois invadem vários culturas, conhecem novas línguas, dramas e trapaças, em uma caçada, surpreendente...
Será que vão enfim poder terminar de ler um livro em paz???
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Rafael Andrade 03/05/2013

Italo Calvino, no livro Se um Viajante numa Noite de Inverno, consegue surpreender logo no título que mais parece um início de um parágrafo. O título já nos mostra como vai ser todo o enredo do romance, nos instiga a querer saber o que vai acontecer com esse viajante, so que não se conclui.
Assim é a história, Calvino conseguiu nos colocar dentro dela, ele identifica você como Leitor (personagem principal do romance), que entra numa confusão ao comprar um livro "Se um Viajante numa Noite de Inverno"; no primeiro capítulo ele mostra o quão difícil é você escolher um livro perante todos os outros dentro de uma livraria, essa frustração acontece com todos que queiram ler algo novo. Agora imagina depois de selecionar um livro perante todos, e esse livro na melhor parte vem com problemas na edição e não se conclui?
A personagem Leitor é você, você quer terminar o livro e acaba entrando em outras histórias que não se termina, nessa sua procura para terminar cada livro inconclusivo, você se apaixona, conhece pessoas novas, percebe que existe uma organização de livros apócrifos, a qual meteu você nesse emaranhado de aventuras.
Um livro bom de se ler, uma história ímpar que não se encontra facilmente e que te envolve a cada capítulo fazendo você prosseguir.
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Helena Dias 28/05/2013

Desafio vencido com inteligência!
Nesta obra publicada originalmente em 1979, o inquieto escritor italiano une as preocupações complexas da vanguarda literária com a fluência narrativa de um bom romance tradicional. O personagem principal é o Leitor que compra este livro e se instala confortavelmente para lê-lo. É uma história cheia de mistério que se inicia numa estação ferroviária enfumaçada, mas quando o Leitor começa a se empolgar, ela se interrompe - há um erro de encadernação no livro, que repete até o fim as mesmas páginas iniciais. É preciso voltar à livraria e trocar o exemplar para prosseguir a leitura. O exemplar seguinte, conta uma outra história, que tal como a primeira, se interrompe por problemas de encadernação. Nessa busca da satisfação do prazer da leitura, o Leitor enfrenta situações absurdas, personagens bizarros, vive situações cômicas e conhece uma misteriosa Leitora, por quem se apaixona.

É um livro complexo, que necessita de muita atenção para lê-lo e entendê-lo. Ao mesmo tempo que é denso, é inovador. Tem uma qualidade inesperada, muito bem escrito e elaborado.

Parece confuso e, de certa forma, deve ser. É composto por histórias que se intercalam entre a busca do Leitor pelos exemplares completos e os primeiros capítulos dos livros que caem em suas mãos. E, posso dizer com convicção que Calvino soube muito bem como mesclar essas histórias paralelas.

Arrisco dizer que essa obra não tem um começo, meio e fim. Tem apenas meios. É um tipo de literatura desafiante, que o autor soube trabalhar com uma enorme inteligência e astucia, tornando o livro engraçado, inteligente e criativo.

Contudo, senti falta de duas coisas. Se a intenção de Calvino era fazer com que os leitores se sentissem o protagonista, isso não aconteceu comigo. Basicamente, me senti um espectador assistindo e viajando por mundos diferentes.
Outra coisa foi que senti falta de um pouco mais de empolgação. Algumas partes do livro, pode-se sentir essa empolgação. Mas, contando a história como um todo, deixou um pouco a desejar.

Enfim, é um livro bom e, para aqueles que curtem uma leitura "meio maluca", é uma ótima escolha.
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Valério 15/09/2013

Leitura kafkaniana
Italo Calvino te leva a um emaranhado de histórias que quase nos deixam louco. A cada nova história, exatamente no ponto onde se começa a envolver com os personagens e ficar curioso com o que vai acontecer, a história se interrompe. Aqui, Calvino se coloca sob a perspectiva do leitor. É como se nós estivéssemos vivendo a história, e não o personagem. Mesmo assim, Calvino às vezes nos trata de leitor e conversa diretamente conosco. Parece complicado. Mas, ao ler o livro, parece até natural a mudança do protagonista do autor para o leitor, que vai atrás das histórias e acaba afundando em outras.
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