Raquel 17/04/2022
O autor junta fatos reais de sua vida com ficção, dividindo o livro em 3 partes. Na primeira, o narrador é o próprio Kalaf Epalanga, que conta como foi preso na divisa entre a Suécia e a Noruega, porque estava sem passaporte. Sob a custódia da polícia de imigração e o olhar intolerante que afeta os imigrantes, sobretudo, refugiados, o autor faz divagações aleatórias sobre sua vida e a origem do kuduro (ritmo musical surgido em Angola e de grande sucesso nas periferias de Lisboa), além de destacar passagens de sua carreira profissional na banda Buraka Som Sistema. Kalaf questiona qual o seu lugar no mundo: se na terra onde nasceu – Angola – ou se na terra que o hospedou, Portugal.
A segunda parte é narrada por Sofia, que teria se casado com Kalaf para ajudá-lo a se naturalizar português. A lisboeta branca é apaixonada por Angola, sendo professora de kizomba (estilo de dança angolana). Ela e sua família proporcionam um encontro de pessoas de vários países de língua portuguesa (angolanos, cabo-verdianos, brasileiros, moçambicanos) demonstrando que Portugal hoje recebe a cultura das suas ex-colônias e se deixa ser envolvido pelo que vem de fora, o estrangeiro.
A parte final do romance é narrada por um dos guardas de fronteira que prendeu Kalaf, mostrando a intolerância européia com relação aos imigrantes. O encontro com Kalaf o faz lembrar de fatos de sua adolescência e vida adulta, inclusive a morte de seu avô que o fez reencontrar seu amor da adolescência, a libanesa Ava, além de seu gosto por hip-hop.
Eu estava esperando um “romance”, ou seja, uma narrativa com começo, meio e fim que falasse sobre a problemática do imigrante na Europa e também de musica, principalmente do kuduro. Na primeira parte eu tentei ler tudo (apesar de as memórias do narrador serem aleatórias e meio confusas), na segunda e na terceira só passei correndo... O autor cita milhares de nomes de pessoas do mundo da musica e nomes de músicas, o que torna a narrativa bem chata. Pra quem quer ficar procurando na internet quem são essas pessoas e quais são essas musicas, OK, o livro vai ser bom, mas pra mim isso foi muuuiiiito chato.
Achei interessante que, principalmente na segunda parte, ele fala do Brasil em muitos trechos como se fosse parte da África, como se fosse vizinho de Angola. Ele cita novela, música, locais no Brasil, como se fosse trivial em Portugal. Nós não sabemos nada de Portugal... Portugal só faz parte da nossa cultura nos acontecimentos do passado, descobrimento e colônia. Sabemos muito pouco do que acontece em Portugal hoje....
Para mim não foi uma boa leitura, mas muita gente aqui no Skoob fez resenha dizendo que é bom, então só posso recomendar que você leia e me diga sua opnião!