Kelly 16/08/2018Segura o embusteDepois de ter uma experiência maravilhosa com Mais que Amigos, aproveitei o embalo e resolvi me jogar na outra obra da autora, afinal leitura boa nunca é demais, ainda mais quando você tem uma pilha de obrigatórios para tirar da frente, porém, caí do cavalo e bati a bunda no chão com gosto, a leitura não foi tão boa assim.
Depois de cometer uma cagada das grandes, Olivia resolve abandonar a faculdade e se esconder do mundo em um lugar remoto, e para que isso aconteça de forma elegante, ela resolve virar cuidadora de um ex soldado, filha de pais ricos e mimada ao extremo, ela acredita que abandonar o problema
seja a melhor forma de resolvê-lo, e claro, que cuidar de um enfermo é castigo suficiente.
?Para mim, cuidar de veterano de guerra não é filantropia. É um tipo de penitência.?
Do outro lado temos Paul Langdon, o filhinho de papai ( mais um ) que resolveu se alistar no exercito em busca de um propósito na vida, mas depois de sofrer horrores na guerra do Afeganistão e ver todos os seus amigos morrerem, inclusive Alex, pai de uma garotinha doente, que morreu salvando sua vida, ele não quer mais contato com o mundo, e pretende ficar escondido na sua bela fazenda até que enfim o dia de sua morte chegue.
Só que Paul carrega um segredo, desde sua volta do Afeganistão, ele vem ajudando a família de Alex com os cheques que seu pai deposita como pensão para ele, mas quando o pai o ameaça de cortar seus suprimentos e joga-lo na rua caso não trate bem a nova cuidadora, ele se vê obrigado a aguentar a mesma por pelo menos três meses, mas Paul não está preparado para a emboscada que seu pai preparou, e talvez três meses sejam muito pouco para tudo que ele pretende fazer com sua mais nova e bela cuidadora.
Ao contrário de Mais que amigos, onde a química com os personagens foi instantânea, e a leitura foi magnânima, aqui lamento dizer que isso não aconteceu, e que apesar de alguns momentos terem sido divertidos, não valeu pelo todo, mas vamos por partes.
Já começo dizendo que a justificativa de Olivia foi bem falha, e que acreditar, que ajudar um homem ferido de guerra a se recuperar é uma boa forma de apagar seus próprios erros é o cúmulo do egocentrismo e falta de noção, já aí fiquei bem incomodada, mas por ela ser rica e mimada, deixei passar e prossegui, só que quando ela conhece Paul as coisas ficam bem piores!
O livro foi dito como uma adaptação de A Bela e a Fera, e tudo bem, a cicatriz de Paul pode ter transformado ele em uma fera que vive escondida e tem vergonha da própria aparência, porém, a Fera de verdade nunca foi cruel e maldosa, coisa que Paul é ao extremo, e confesso que não sabia se sentia mais raiva dele por ser tão cruel ou dela por aturar aquilo e não sentar a mão na cara dele.
?Em questão de segundos, a raiva e tensão desapareceram dos seus olhos, e ela aceitou o que tinha acontecido, como se ela merecesse sofrer esse tipo de humilhação.?
Paul é um mimado insuportável que acredita que pode tratar as pessoas de qualquer jeito porque não quer companhia, e até aí ok. O cara sofreu e quer ficar sozinho, só que as coisas que ele diz e faz com Olívia são extremamente agressivas e abusivas, e o fato dela permanecer tentando concertar ele me irritou profundamente, já teria mandado ele ir à merda a muito tempo.
Enfim, não houve simpatia alguma, eu entendo que muitas mulheres quando se apaixonam perdem o amor próprio e o bom senso, isso é real e nem o feminismo concerta, é sempre mais fácil perceber que o relacionamento é abusivo quando se está do lado de fora, e aqui fica bem claro.
No final o livro fica legal, ele toma rumo, ela toma vergonha na cara e tudo ok, mas como sei que tem muita gente que detesta esse tipo de romance já deixo o aviso que é abusivo e que você pode passar muita raiva antes que enfim as coisas se ajeitem.
Espero que os próximos livros da autora sigam o ritmo de Mais que Amigos, e que as próximas leituras sejam bem mais gostosas que essas, ainda sim se você não tem problemas com esse tipo de coisa, vale a leitura, afinal há alguns anos atrás eu li After e apesar de todas as críticas gostei, ou seja, gosto é gosto, e toda leitura tem seu tempo certo no nosso cronograma da vida.