Lincoln no limbo

Lincoln no limbo George Saunders




Resenhas - Lincoln no Limbo


21 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Daniel 11/05/2018

“E é tão solitário no limbo”
“A Rainha está morta, garotos. E é tão solitário no limbo.” A citação é do Morrissey, do vigoroso rock que abre o disco homônimo, "The Queen is Dead", no qual ele escolhe o limbo como o destino da monarca. Esta música me veio à mente várias vezes enquanto lia este livro. A primeira vez que ouvi falar no tal limbo foi nesta letra dos Smiths (talvez tenha sido antes, no catecismo), e me perturbou imaginar um lugar que existiria entre a vida e a morte, ou entre o céu e a terra, mais precisamente entre o céu e o inferno: uma espécie de purgatório, uma “sala de espera” onde as almas aguardariam seu destino final.


O romance se passa em 1862, em plena Guerra da Secessão, num momento particularmente triste para o presidente Abraham Lincoln: após uma festa na Casa Branca, seu filho Willie de 11 anos, morre de febre tifoide.


O Lincoln que está no limbo do título é o filho. A forma narrativa, originalíssima, e talvez um pouco complicada de se entender no começo, é feita por dezenas de fantasmas, entremeadas por documentos históricos (alguns inventados) que o autor habilmente vai mesclando pelo texto. Estes fantasmas são sempre nominados ao final de suas falas. Os três principais são:
- o narrador que inicia o livro, Hans Vollman, que morreu num acidente alguns dias depois de se casar (eu equivocadamente achei que era o próprio presidente Lincoln quando comecei a leitura);
- Roger Bevins III, um jovem gay que cometeu suicídio após uma desilusão amorosa;
- Everly Thomas, um velho reverendo.
Eles tentam se aproximar do fantasma de Willie, cuidar dele, diante se sua perplexidade com sua morte. Presos no limbo, cada um deles têm sua razão para não completar a jornada até o outro lado; a razão de Willie é ajudar o pai a enfrentar sua perda.


O limbo do Lincoln (pai) é seu luto. O presidente, culpado e inconformado com a morte prematura do filho, visita sua cripta de mármore no cemitério de Oak Hill, povoado por uma dezena de espíritos e corpos deformados. Em certos trechos a narrativa se torna um tanto caótica, tão confusa quanto as almas que vagam por aqueles campos.


Um livro intensamente reflexivo e emotivo. Bastante triste também. Quem gosta de narrativas convencionais, “historinha como começo, meio e fim”, pode não gostar. Eu achei soberbo.
Eloiza Cirne 29/05/2018minha estante
Daniel, estou na página 114 e ainda achava que o texto inicial era Lincoln pai falando. Até procurei na Wikipédia para ver se a esposa dele tinha 18 anos quando casou... Essas informações estão na narrativa?


Eloiza Cirne 29/05/2018minha estante
Resolvi reiniciar o livro e já vi o nome do Hans, logo no início. No ponto onde estou já dá para saber a estrutura da narrativa mas logo no início só estranhei aquele nomezinho no final dos parágrafos.


Daniel 29/05/2018minha estante
Pois é Eloiza, eu também tive esta impressão quando comecei a ler, achei que o Lincoln (pai, o presidente) era quem estava contando a história... Mas não, os narradores são os "fantasmas". As informações estão indiretamente na narrativa. O quebra-cabeça vai se formando, e a medida que a leitura prossegue vai ficando mais fácil.


Tiago 08/09/2020minha estante
Eu gostei bastante desse livro, mas achei que o excesso de vozes prejudica um pouco a narrativa. Mas é muito original e muito bonito em algumas passagens.


Daniel 08/09/2020minha estante
É verdade, Tiago... eu tive um pouco de dificuldade até localizar o "quem é quem" da narração


edu basílio 08/09/2020minha estante
livro maravilhoso, inteligente, "inovador" e tocante... :-)


Daniel 09/09/2020minha estante
Eduardo, e pelo menos aqui no Brasil parece não teve o sucesso que merecia... A gente vê tanto livro ruim mais badalado por aí...


Dácio Hermeson 04/06/2023minha estante
Já tinha ouvido falar desse livro anos atrás, nunca me interessei, mas depois de ler esse comentário eu fiquei maluco, parece genial


Daniel 05/06/2023minha estante
Dácio, é um livro que gostei muito e pretendo reler




Dávila 20/05/2020

Um livro surpreendente.
Inesperado, genial e um exemplo magnífico do que é a literatura adulta contemporânea.
O enredo não é facilmente explicável.
E nem vou tentar.
Coloque o presidente mais querido(possivelmente) dos EUA numa tragédia familiar e veridica em meio a sangrenta Guerra da Secessão.
Temos também a história na ficção e a ficção na história.
Brilhante.
comentários(0)comente



Soliguetti 24/07/2022

Diferente de tudo que já li
Comecei a ler "Lincoln no Limbo" estranhando um pouco a estrutura do livro, que alterna vozes dissonantes e aparentemente sem conexão. No decorrer da leitura, porém, vai-se entendendo que as "vozes" são espíritos no limbo, nenhum deles realmente ciente de sua situação. Todos eles evitam pensar na morte (referem-se a seus caixões, por exemplo, como "caixas de doente"), sempre na expectativa de que logo retornarão à vida.

Essas vozes do limbo são alternadas com registros históricos do local e período em que a história é narrada - os Estados Unidos da Guerra Civil. Willie Lincoln, filho do então presidente Abraham Lincoln, morre de uma gripe em plena noite de festa, e sua alma é então transportada ao limbo de George Saunders. Cabe a ele, com a ajuda de outras almas, dar-se conta de sua situação para seguir em frente, libertando-se daquele lugar.

Apesar de poder ser complicado se acostumar com a narrativa, uma vez que o leitor ultrapasse esse obstáculo terá em mãos histórias emocionantes dos mortos do limbo, com todos os seus remorsos e a vida que poderiam ter tido, se dela não houvessem se retirado precocemente.

Mais que um livro muito memorável, "Lincoln no Limbo" é um lembrete de como a vida é cheia de pequenas belas coisas que devem ser apreciadas antes que seja tarde demais. Afinal, nunca sabemos quando essa breve centelha que é nossa vida se apagará.
Regis 04/05/2023minha estante
Ontem li essa resenha e fiquei completamente tentada a ler imediatamente esse livro. Vou colocá-lo na lista. ?




Italo 09/03/2021

Na introdução do livro Ulysses de James Joyce, Declan Kiberd nos conta uma anedota: certa vez, um amigo de Joyce foi em sua casa e perguntou como andava a escrita do Ulysses, no que Joyce respondeu que havia passado o dia todo com duas frases ? não nas palavras necessárias, e sim na sua ordem. 

Ei-la:

Perfume de abraços o todo assaltou. Com carne faminta e obscuramente, por adorar ardia mudo.

Logo após, Kiberd nos presenteia com uma linda (e sagaz) observação: "É só às vezes que um artista consumado alcança um tal triunfo, quando faz com que palavras familiares soem como novas." 

Não tô querendo dizer que George Saunders esbanja estilismo como o Joyce e extrai êxtase de palavras. Pelo contrário, não tem nada de profundamente poético em sua prosa. Olhando sob essa perspectiva, Lincoln no limbo não tem nada de inventivo. 

O núcleo narrativo é movido por um personagem real icônico abundantemente documentado. Dentro do próprio livro há inúmeros registros históricos reais de biógrafos, políticos, historiadores, mordomos, empregadas, cocheiros, vigias, jornalistas, militares etc. O pai que perde o filho não é nada novo. Uma história de espíritos que não conseguem seguir em frente é menos ainda. 

Tantos temas familiares, tantas situações familiares; tudo muito comum, batido, porém soam como novas. Saunders é capaz de, assim como Joyce, ordenar esses temas de tal forma que soa inventivo e por sua vez de uma inventividade tamanha que toca pelo seu teor compassivo. 

É sobretudo uma história sobre o que nos faz humanos e a perda da humanidade. As circunstâncias da morte dos personagens e sua recusa em seguir em frente, não se dá pelo gosto férreo da vida em sua totalidade, mas sim pelo desejo presente na hora de suas mortes, de forma que os faz sentir-se como incompletos, uma história inacabada. 

Tudo que é de mais faz mal, já dizia sua avó. Em um discurso de paraninfo (Isto é água), David Foster Wallace nos alerta que não existe ateísmo no cotidiano, todo mundo venera algo, e se você escolhe uma religião ou uma filosofia para veneração é porque outro objeto de veneração vai te devorar vivo. "Quem venerar o dinheiro e extrair dos bens materiais o sentido de sua vida nunca achará que tem o suficiente. Aquele que venerar seu próprio corpo e beleza, e o fato de ser sexy, sempre se sentirá feio ? e quando o tempo e a idade começarem a se manifestar, morrerá um milhão de mortes antes de ser efetivamente enterrado." 

Os espíritos acabam por esquecer toda a sua humanidade ao focar excessivamente nos seus desejos quando mortos, o que se torna uma objeto de veneração que os prende à realidade e os devora não-vivos. 

O que nos faz humanos? Em suas existências solitárias, compulsivas, ignorantes por vontade e devoção, o terrível destino do jovem Willie Lincoln os desperta para o que perderam. Ao salvar o outro se salva a si mesmo. Empatia, empatia nos faz humanos. 

No seu esforço conjunto um personagem suplica a todos: "Digam que estamos cansados de não sermos nada, de não fazermos nada, de não termos a menor importância para ninguém, vivendo num estado de medo constante". 

A quantas pessoas (vivas) estas palavras também cabem! É nesse esforço conjunto, quando todos se unem que cada um, do seu modo, recupera a sua humanidade e se lembra. O contato (não-)humano é responsável por isso. 

Sozinhos não somos nada, apenas espíritos de uma vida fragmentada, compulsiva e neurótica. Somos humanos porque nos importamos com os outros, porque amamos, porque nos preocupamos, porque rimos, porque ajudamos, porque torcemos, porque sofremos. 

Numa das últimas 50 páginas mais lindas de toda a literatura nos é exposto que todos nós sofremos, o mundo está cheio de sofrimento. Você não deve prolongar o sofrer porque assim você não ajuda ninguém, o nosso papel como humano é ajudar cada um nesse momento. 

A renúncia, a desconstrução, a perda é importante por nos mostrar como somos fracos sozinhos, como a vida é frágil. Não à toa a renúncia é importante em inúmeras religiões e filosofias a fim de se obter plenitude. A renúncia e a compaixão. 

Em Nomadland, a personagem segue sua vida depois de contemplar tudo que perdeu, tudo que está enfim deixando pra trás, abandonando o que a prendia naquela existência etérea para poder buscar vida de verdade, para seguir em frente. É contemplando o vazio que se percebe que só a partir do nada pode-se construir tudo. 

Saía daqui destruído, perplexo, humilhado, diminuído. (roger bevins iii) 

Pronto para acreditar em qualquer coisa deste mundo. (hans vollman) 

Tornado pessoalmente menos rígido por causa dessa perda. (roger bevins iii) 

Por isso mesmo bastante poderoso. (hans vollman) 

Somos tão espíritos presos em obsessões sem importância quanto os espíritos do livro, e precisamos a todo momento sermos lembrados do que importa, de como viver com sentido. Esse livro faz isso. 

Em outro paralelo com Ulysses, no fim do livro, nos últimos instantes de um dos personagens ele relembra da bela grandeza da vida: um grupo barulhento de crianças, dois amigos acendendo um cigarro numa única chama, um relógio parado, uma camisa encharcada pela chuva de verão de junho sendo seca por uma toalha. Pérolas, farrapos, botões, tufo de tapete, espuma de cerveja...

Tudo parece tão ordinário, tão simples, mas são coisas tremendamente importantes por serem a substância majoritária das nossas vidas. O que Bloom faz é ordinário, uma vida comum, tarefas ínfimas, mas é extremamente importante que ele as faça para poder justamente fazer a vida progredir.

A beleza está nas pequenas coisas, nos detalhes. 
Marina 09/03/2021minha estante
De uma visão mais universal, esse seu texto é desses pra ler toda vez que a gente precisar se sentir amparado.

Individualmente, faz um mês que alguém tornou a solidão um conceito quase incompreensível pra mim.

(Dez de dezembro em março, se o outro livro deixar).


Italo 09/03/2021minha estante
O livro é bem isso: ampara.

O que você também faz, sereia. Você me faz mais humano.

Dez de dezembro em março, e 25 de janeiro todos os dias.




Alexandre Kovacs / Mundo de K 05/04/2018

George Saunders - Lincoln no Limbo
Editora Companhia das Letras - 408 Páginas - Tradução de Jorio Dauster - Lançamento: 26/03//2018.

A relação de finalistas (longlist) do Man Booker Prize de 2017, talvez o mais conceituado prêmio literário em língua inglesa, surpreendeu pelo nível dos escritores selecionados, nomes consagrados como: Paul Auster, Arundhati Roy, Ali Smith, Zadie Smith e Colson Whitehead, fizeram daquele ano um dos mais difíceis na história da premiação, desde 1968. Na ocasião em que foi anunciada a shortlist, havia um consenso de que Paul Auster e seu último romance, "4 3 2 1", depois de um período de sete anos sem publicações, deveria ser o escolhido com facilidade. Assim, quando a organização divulgou que George Saunders, apesar de já ser um premiado autor no estilo de contos, havia levado o Booker de 2017 com o primeiro romance de sua carreira, "Lincoln in the Bardo", fiquei realmente curioso para conhecer esta obra, lançada agora pela Companhia das Letras como "Lincoln no Limbo" em ótima tradução de Jorio Dauster.

E já começo esta resenha com a afirmação de que "Lincoln no Limbo" é um dos livros mais emocionantes e criativos que li nos últimos tempos. Partindo de acontecimentos históricos reais durante a Guerra Civil dos EUA, sem que possa ser considerado um romance histórico tradicional, o autor imaginou uma desesperada visita do então inconformado presidente Abraham Lincoln, feita em 1862, ao corpo de seu filho Willie de 11 anos, vítima de febre tifoide, na noite após o sepultamento do menino, em um mausoléu no cemitério de Washington. A tragédia pessoal de Lincoln, que ocorre durante um dos períodos mais brutais da história, quando morreram mais americanos do que em qualquer outra guerra que o país tenha participado, a violência da escravidão que divide a nação entre sulistas confederados e a União, todos esses elementos estão presentes na obra de Saunders.

A primeira decisão acertada da tradução foi utilizar a expressão "limbo" no lugar de "bardo". Na definição original da Igreja Católica, o limbo seria um lugar fora dos limites do céu para onde iriam as crianças não-batizadas (uma visão que foi abolida pelo Vaticano em 2007). Logo, um espaço às margens de Deus, daí a origem da palavra em latim, "limbus", que significa margem, beira, borda, orla. O substantivo é muito utilizado em língua portuguesa para expressar, em sentido figurado, um lugar onde são deixadas coisas sem valor e que são esquecidas, o que guarda alguma semelhança com o conceito de "bardo", utilizado no original, menos conhecido do grande público e que, no budismo tibetano, representa o estado de transição entre a morte e o renascimento.

O filho de Lincoln, Willie, se encontra justamente neste espaço intermediário, um estágio pós-morte ou limbo, assim como os outros personagens-narradores. Nesta fase, todos eles não acreditam ou se recusam a admitir a própria morte, preferindo crer que trata-se de uma fase de recuperação provisória e que retornarão, de alguma forma, para as suas vidas de origem. Eles se referem ao estado atual por meio de uma série de eufemismos, assim o caixão é chamado de "caixa de doente" e a palavra "morte" é evitada a todo custo. O tempo que cada um passa neste estágio é diferente, em função da dependência que ainda sentem em relação às suas vidas passadas, podendo levar alguns dias ou muito anos, até que finalmente ocorra o fenômeno da conversão matéria-luz, um evento temido por todos.

Entre a legião de narradores destacam-se três: Hans Vollman, Roger Bevins III e o reverendo Everly Thomas. Vollman sofreu um acidente fatal no dia em que iria consumar sexualmente o seu casamento e o seu espectro aparece sempre nu e com uma grande ereção permanente, Bevins foi em vida um homossexual que cometeu suicídio cortando os pulsos devido a uma desilusão amorosa, arrependendo-se no último instante (quando já era tarde), ele tem a forma de dezenas de mãos, olhos, bocas e narizes e o reverendo é o mais velho dos três, aparentemente mais sensato, está sempre com a aparência assustada porque teme ser enviado para o inferno após o limbo.

"Cedo em minha juventude descobri ter certa predileção que, para mim, parecia perfeitamente natural e até mesmo maravilhosa, embora para outros — papai, mamãe, irmãos, amigos, professores, padres, avós — ela não parecesse nem um pouco natural e maravilhosa, e sim imoral e vergonhosa. Sofri com isso: deveria negar minha predileção e me casar, condenando-me a certa, digamos, carência de realização? Eu queria ser feliz (como creio todos desejam ser felizes), por isso iniciei uma amizade inocente — bem, 'bastante' inocente - com um colega de escola. Mas, como logo vimos não haver esperança para nós (passando rapidamente por cima de alguns detalhes, idas e vindas, recomeços, decisões sinceras e a negação dessas decisões, lá num canto da, ãhn, garagem de carruagens, e por aí vai), certa tarde, creio que um dia depois de uma conversa particularmente franca na qual Gilbert expressou sua intenção de dali em diante 'viver com correção', levei uma faca de açougueiro para o quarto e, após escrever um bilhete a meus pais (cujo tema central era 'Sinto muito') e outro a ele (Amei, por isso parto realizado), cortei os pulsos de forma violenta sobre uma bacia de porcelana." Narração de Roger Bevins III (Págs. 33 e 34)

Toda a ação do romance ocorre na região do cemitério Oak Hill durante a noite em que Lincoln, sozinho, abraça o corpo sem vida do seu filho, cheio de culpa e remorsos ele imagina no seu luto que poderia ter evitado a tragédia. O sofrimento do presidente e sua impotência diante da morte, assim como a preocupação com o destino do pobre Willie, afetará o comportamento de todos os fantasmas-narradores que, enquanto descrevem as suas próprias histórias, de como chegaram naquela situação, nos ajudam também a entender o momento de mudança por que passa o país e que dependerá das ações de Lincoln que precisa se recuperar da sua tragédia pessoal e encontrar forças para completar o seu mandato presidencial.

Escrever um romance com múltiplas vozes narrativas já não é novidade na literatura contemporânea, mas o que George Saunders faz aqui é bem diferente. O uso da polifonia é levado ao extremo com dezenas de narradores e pontos de vista diferentes (escravos, militares, ricos e pobres), a maioria formada por fantasmas, mas também por registros históricos de livros e jornais (verdadeiros e falsos), muitas vezes conflitantes entre si, provando que a reconstituição de eventos da história pode se transformar muitas vezes na mais pura ficção e vice-versa. O emocionante trecho abaixo é um depoimento de uma das personagens, uma escrava, sobre os abusos sofridos pela amiga que perdeu a fala devido aos traumas sofridos na sua existência anterior.

"O que fizeram com ela foi feito muitas vezes e por muitos. O que fizeram com ela não poderia sofrer resistência, não sofreu resistência, às vezes sofreu resistência, o que resultou às vezes em ser mandada para longe, para algum lugar pior, outras vezes a resistência foi simplesmente superada pela força (com socos, joelhadas, pauladas etc.). O que fizeram com ela foi feito e refeito. Também foi feito só uma vez. O que fizeram com ela não afetou ela em nada, afetou ela em tudo, fez ela ficar com tremedeiras nervosas, perder a fala, fez ela pular da ponte do ribeirão Cedar, fez ela cair neste silêncio obstinado. O que fizeram com ela foi feito por homens grandes, homens pequenos, patrões, homens que por acaso passavam pelo campo onde ela trabalhava, por três homens bêbados que iam saindo de casa e que viram ela lá cortando lenha. O que fizeram com ela foi feito em horários programados, como uma forma sinistra de frequentar a igreja; foi feito a qualquer hora do dia; nunca foi feito por completo, de uma vez só, mas foi constantemente ameaçado: iminente e permitido; o que fizeram com ela foi fodê-la na posição papai e mamãe, o que foi feito com ela foi fodê-la por trás (quando a infeliz nem tinha ouvido falar nisso); o que fizeram com ela foram pequenas coisas doentias (acompanhadas de palavras brutais de camponeses mirrados que jamais sonhariam em fazer coisas iguais com uma mulher de sua própria raça), foi feito com ela como se ninguém mais estivesse lá, só ele, o homem que fazia a coisa, e ela fosse só uma estátua de cera (quente, silenciosa); o que fizeram com ela foi o que qualquer um quisesse fazer, e mesmo que alguém só tivesse um pouquinho de vontade de fazer alguma coisa com ela, bom poderia fazer, poderia ser feito, alguém fez, foi feito, foi feito, refeito e..." Narração da Sra. Francis Hodge (Pág. 260)

Nem todas as narrativas são melancólicas ou violentas — embora as que eu tenha escolhido nas citações o sejam —, na verdade o tom geral do romance é bem-humorado e esperançoso, mesmo lidando com situações trágicas como a cena de um pai inconformado que abraça o cadáver do filho durante a noite. Talvez este tenha sido um dos maiores méritos de George Saunders, não permitir que o experimentalismo narrativo, nem tampouco o delicado tema da morte, tornassem pesada a leitura do romance que, muito pelo contrário, é leve e emocionante, daquele tipo que deixa saudade. Certamente já pode ser considerado um dos melhores lançamentos deste ano, muito recomendado.
Paulo Sousa 07/04/2018minha estante
Que resenha! Coaduno com sua opinião: Lincoln no limbo se constitui numa das melhores leituras deste e de alguns anos atrás.


Alexandre Kovacs / Mundo de K 07/04/2018minha estante
Obrigado Paulo!


Rubão 27/07/2018minha estante
Quando vi que voce deu 5 estrelas para este livro, não titubeei em comprá-lo. Estou lendo. O livro é original e a leitura prazerosa. Gostei de sua resenha. Pretendo ler alguns livros após a sua leitura, pois você tem critérios senil.Abraço


Alexandre Kovacs / Mundo de K 28/07/2018minha estante
Obrigado Rubão!




Higor 28/03/2019

'Lendo Man Booker': sobre o que nos impede de prosseguir
As primeiras 50 páginas de ‘Lincoln no Limbo’ foram o suficiente para que eu chegasse a conclusão de que esta seria uma das melhores leituras da vida. Vencedor do Man Booker de 2017, e escolhido para representar o livro da década no Golden Man Booker, conquistou logo de cara o meu coração, e eu só precisaria de um empurrãozinho para que ele se tornasse também um dos meus favoritos da vida.

Com uma premissa aparentemente simples, mas que aterrorizou o autor, George Saunders, por décadas, ‘Lincoln no Limbo’ apresenta o icônico Abraham Lincoln fora do seu posto de Presidente, sendo, ao invés disso, um simples pai. Um pai enlutado. Seu filho, William ‘Willie’ Lincoln, de 11, falecera e o poderoso chefe de Estado vive seu momento de dor, deixando o país em plena Guerra de Secessão.

Podendo muito bem caminhar por um território confortável e previsível, Saunders embarca no inesperado, proporcionando ao leitor a surpresa de uma história por um prisma inesperado: o limbo, local dos esquecidos, segundo o catolicismo. O autor, no entanto, define o local em que a história se passa, como o bardo, um estado intermediário entre a morte e o renascimento, presente na filosofia budista.

A originalidade não se restringe apenas em trazer um contexto histórico tão especifico e pouco explorado, como a morte de Willie, ou de apresentar tal cenário sem um contexto religioso, mas se faz presente na narração, composição de personagens, entre tantas outras coisas que fazem o livro se destacar, brilhar os olhos de quem o encara.

O favoritismo que era tido como certo não aconteceu, o que não fez com que eu me decepcionasse. Algumas cenas foram particularmente embaraçosas, que não tiraram a força do limbo, mas me fizeram ser cauteloso e justo com a pontuação. No entanto, o simples fato de a leitura empolgar, como não acontecera há anos, é louvável, digno das maiores pontuações.

Sincero e triste sem ser apelativo, ‘Lincoln no Limbo’ mexe com o leitor, em uma espécie de convite a refletir e sobre alguns pontos. Quem somos e o que poderíamos ser, talvez, ou até mesmo o que nos impede de prosseguir, de avançar na vida. Um livro para várias releituras!

Este livro faz parte do projeto 'Lendo Man Booker'. Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
Bruna.Paixao 29/05/2019minha estante
Tb to lendo os Booker Prize, partindo agora pro ?Breve História de sete assassinatos?!


Higor 29/05/2019minha estante
Bruna, eu tive que pausar a leitura do Booker, mas boa sorte! Depois comenta o que achou. A propósito, já li Breve história...




spoiler visualizar
Ana 01/04/2018minha estante
estou lendo e totalmente fascinada. Que livro!


Leila de Carvalho e Gonçalves 01/04/2018minha estante
Concordo.




Rodrigo1001 02/05/2018

Brilhante e original - mas não para todos! (SEM SPOILER)
Coincidentemente, eu estava no limbo ao iniciar a leitura deste livro. Até então, as únicas informações que eu tinha diziam respeito a sua vitória no Man Booker Prize e aos elogios que recebeu da crítica especializada. “Original”, esse é o adjetivo mais atribuído ao primeiro romance de George Saunders - justamente o adjetivo que eu procurava para servir de machado e quebrar o gelo do meu bloqueio literário.

Para quem, como eu, começou a ler no escuro, Lincoln no Limbo começa confuso, com o primeiro click vindo lá pela página 37. Na sua genialidade, Saunders deu voz a mais de 100 personagens neste romance metafísico que nos carrega da Casa Branca ao cemitério. Os personagens ganham mais e mais vida (que contradição!) a medida em que a história se desenrola e, com um magnetismo impressionante, você gruda nas páginas já nos primeiros capítulos, que são bem curtinhos. Fala sobre a dor do luto, sobre o absurdo da morte.

A meu ver, a grande sacada está no estilo de escrita. Eu não vi nada parecido com este estilo. A estrutura empregada pelo autor embaralha um pouco o leitor, mas ganha força logo após o início, quando a gente se situa no que está lendo.

E, aqui, um parênteses: devo dizer que Lincoln no Limbo é um desafio para resenhas, ainda mais resenhas no estilo desta, que me proponho a escrever, sem spoilers. Qualquer palavra, qualquer passada de olhos pela sinopse entrega o enredo. Nesse sentido, vou manter o foco nas impressões, sem entregar muito do conteúdo.

Pois bem, apesar de um pouco desafiador, Saunders redefine "surreal". Ele cria personagens que são ao mesmo tempo vívidos e tolos e de surpreendente profundidade emocional. Às vezes, há ecos de Faulkner nos múltiplos narradores e no modo como a história é revelada. Tem ecos de Brás Cubas, tem um pouco de Alejandro Amenábar no suspense cinematográfico “Os Outros”. Mas, mesmo com essas pitadas de obras conhecidas, a originalidade sobressai. O livro não é uma cópia de nada que eu conheça, sua essência reinventa o gênero romance de uma forma peculiar.

Então, por qual motivo eu disse ali em cima que o livro não é para todos?

Justamente por causa dessa originalidade. Ouso dizer que o livro deve ser recomendado somente para aqueles que possuem uma enorme tolerância para ficção experimental. Muito do conteúdo é estruturado como uma peça de teatro. Muito do conteúdo referencia textos históricos, citações e documentos reais, mesclando realidade e ficção. Usa de linguagem poética aqui e ali, apresenta ausência de sinais de pontuação como os conhecemos. Tudo isso dá trabalho ao leitor, especialmente aos mais desavisados.

Essa excentricidade, que pode incomodar alguns, é o combustível do livro. Algumas partes são de tirar o fôlego de tão sublimes. É um livro que clama por sensibilidade, que pede para ser simplesmente contemplado, que se furta à julgamentos crus dos fatos. Requer uma boa dose de imaginação.

E que história estranha e maravilhosa! Terminei a leitura em 2 dias, impulsionado pela dramaticidade, pela singeleza, pela criação de um universo muito próprio, cheio de terror e ternura. Lincoln no Limbo vai ficar na estante e possivelmente sairá de lá para uma releitura, anos mais tarde, quando meu espírito clamar por algo de rara beleza estética e que desafia a minha visão de como um livro deve ser.

Leva 5 estrelas brilhantes.

Frase mais marcante:

“Você é uma onda que quebrou na praia”
edu basílio 02/05/2018minha estante
você, como sempre, de uma acurácia de ourives na resenha (em especial quando você e o ourives lidam com o mesmo material). grande abraço, rodrigo =)


Rodrigo1001 22/12/2018minha estante
Obrigado, Edu!




jota 10/10/2019

O que aconteceu na noite de 25 de fevereiro de 1862 em Washington, D.C.?
Porque nunca havia lido antes nada nos moldes de Lincoln no Limbo não achei essa uma experiência literária lá muito fácil. Mas que, no final, revelou-se altamente compensatória. Mais de um ano atrás eu buscava informações sobre este livro quando me deparei aqui mesmo com outra obra de George Saunders, Dez de Dezembro (Companhia das Letras, 2014). E sobre ela escrevi um comentário pouquíssimo entusiasmado depois de finalizar o volume com seus dez contos: dei apenas duas estrelas pela minha leitura, então um tanto frustrante. Desse modo, mesmo tendo lido muita coisa boa sobre o romance que narra a morte do menino William Wallace Lincoln (o Willie), onze anos, filho do presidente Abraham Lincoln (1809-1865), dei um bom tempo antes de iniciar sua leitura.

Com todas as críticas e resenhas positivas na cabeça (aqui mesmo no Skoob temos várias), também a correta sinopse da Companhia das Letras, sabendo que se tratava de ficção histórica, conhecendo um pouco os personagens e o que iria encontrar nas quase quatrocentas páginas do volume, reconheço que mesmo assim a experiência com o texto de Saunders desta vez foi surpreendentemente boa, valeu muita a pena. Algo assim como, guardadas as devidas proporções, mergulhar em Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, narrativa além-túmulo escrita há muito tempo, em 1861 (um ano antes da morte de Willie Lincoln e 156 anos antes deste livro de Saunders), que causou estranhamento nos críticos e leitores daquele tempo, claro.

Se se pensar apenas nos dois personagens principais, Willie e seu pai, o presidente Lincoln, numa perspectiva histórica, o texto vai parecer que tem início, meio e fim, como nas narrativas tradicionais. Mas nessas páginas Lincoln vai estar mortificado pela perda trágica do filho e muito pouco preocupado com a guerra civil (1861-1865), que se desenvolvia então e que acabou ceifando milhares de vidas jovens também. Não apenas isso: a coisa vai bem longe quando a Willie (e ao pai) se juntam três personagens fictícios, tão defuntos quanto o garoto e que, digamos assim, estão encarregados do desenvolvimento de sua história, melhor, de expandi-la para outros domínios além daquela realidade passageira, o limbo que os situam entre a morte e o aguardado (por eles) renascimento.

Esses defuntos narradores são o marido quarentão Vollman, morto acidentalmente enquanto trabalhava, o jovem homossexual Bevins III, que se matou por amor, e um velho reverendo assustado, Everly Thomas. Mais à frente são incorporados outros personagens peculiares, todos muito falantes. No meio de citações históricas verificáveis, que permeiam todo o livro, também há muitas que são pura criação de Saunders. E aí a coisa pode ficar complicada para o leitor, ficar confusa, contraditória mesmo. Teria Willie morrido mesmo por descuido dos pais, se eles eram tão amorosos e cuidadosos? Lincoln era alto (1,93m, um gigante), mas era um homem pavorosamente feio como narram alguns ou, ao contrário, era muito bonito, como afirmam outros? Não há sequer concordância quanto à cor de seus olhos, descritos de diversas cores. Por sorte os capítulos são curtos (alguns são curtíssimos) então podemos nos recuperar um pouco da avalanche de sentimentos que Saunders provoca com seu texto diferenciado...

Temos aqui, grande parte do tempo, uma história criativa, inventiva, emocionante, bastante diferente daquelas a que fomos acostumados a ler nossa vida inteira, e isso certamente pesou bastante na escolha do livro para o Man Booker Prize de 2017. Mas Lincoln no Limbo traz também muitos trechos em que o leitor pode ficar meio (ou bastante, depende) perdido com as reviravoltas, com a polifonia, as muitas vozes narrativas presentes, conforme apontei antes. E aí é impossível não lembrar de outro livro premiado (mas com o Pulitzer), A Visita Cruel do Tempo, de Jennifer Egan, que também não trazia uma narrativa convencional, com seus diversos personagens, capítulos fora de ordem etc. Nisso os dois livros se parecem bastante...

Machado e as memórias de Brás Cubas são de 1861, o livro de Egan foi publicado aqui em 2012, o tempo passa rapidamente, melhor, como dizia Nietzsche, o tempo está aí o tempo todo, nós é que passamos por ele, os personagens também. Como aqueles dois livros, Lincoln no Limbo não deixa o leitor indiferente de modo algum, pode provocar reflexões sobre outros livros, sobre a passagem do tempo, sobretudo sobre viver e morrer, perder alguém que se ama muito, desesperadamente. Como devem se sentir pais que perdem filhos, como se sentiu Lincoln perdendo seu Willie. E isso tudo pode fazer você ficar com um nó na garganta e os olhos marejados algumas vezes...

Lido entre 02 e 10/10/2019. Minha avaliação: 4,7.
Tulio Costa 10/10/2019minha estante
?tima resenha!


jota 11/10/2019minha estante
Grato, Tulio.




Sofia136 09/06/2021

Lincoln no Limbo
meio sem gracinha, não consegui acreditar no luto do Lincoln pai, não senti nada o livro inteiro. as revelações emocionais e as reviravoltas etc parecem um filme da disney, tipo viva a vida é uma festa, com pseudo-aprendizados morais incitados por uma contemplação superficial da vida e da morte. no fim ficou parecendo um autoajuda tipo tenha força para lutar, trabalhe e vc vencerá etc. mas gostei dos personagens bevins e vollmann. gostei da capa :) é um livro curtinho (tem muita página pra pouco texto), bom pra se distrair.
comentários(0)comente



Paulo Sousa 01/04/2018

No Bardo
Livro lido 7°/Mar//15°/2018
Título: Lincoln no limbo
Título original: Lincoln in the bardo
Autor: George Saunders (EUA)
Tradução: Jorio Dauster
Editora: @companhiadasletras
Ano de lançamento: 2017
Ano desta edição: 2018
Páginas: 480
Classificação: ????????
_______________________________________________
"É ele? Não é. É o que? Isto é o que o carregava de um lado para outro. A essência (o que era carregado, o que amávamos) se foi. Embora isto fosss parte daquilo que amávamos (amávamos a aparência dele, a combinação da centelha e do portador, assim como seu jeito de caminhar, pular, rir e fazer palhaçadas), isto, isto aqui, é a parte menor daquele mecanismo tão amado. Sem a centelha, isto, isto que jaz aqui, é meramente..." (Posição Kindle 3929/Capítulo LXXIV/70%).
.
Tendo como ponto central a morte de William Lincoln, em 20 de fevereiro de 1862, o romance é uma divertida (e tragicômica) travessia pelo Limbo - ou bordo, um local onde, segundo a doutrina cristã, as almas permaneceriam n "estado de indefinição" até seu destino final.
.
A forma inusitada com que somos imersos na história - falas dirigidas a ninguém especificamente, iniciadas com o monólogo de Hans Vollman - e vindas das almas presas do Bardo, misturam uma espécie de realismo fantástico misturado com o absurdo e o drama vivido pelo presidente Lincoln diante da perda precoce de seu filho de 12 anos e os "fatos" ocorridos nesse lugar de meio-termo.
.
Um vendaval de vozes vão construindo a narrativa, e são tantas que até confundem o leitor, mas depois vamos nos ambietando nessas falas, até se concentrarem basicamente em três principais: o próprio Vollman, Roger Bevins III e o reverendo Everly Thomas. Esse curioso trio vão situando o leitor na realidade que eles vivem, nos muitos mistérios contidos na narrativa (o que é o Bardo? O que eles fazem lá? Como chegaram lá?) e que negam: jamais se referem a si próprios como estando mortos, mas apenas "doentes", mas de certa forma cônscios "daquele outro lugar de antes". Assim que percebem a presença de Willie, única criança no Bardo, eles logo o "adotam", se importam com o medo e a confusão em que Willie se encontra e traçam um plano de "salvação", para que ele passe logo para o outro lado. Fazem isso tentando convencê-lo de que deve aceitar sua nova realidade, mas o garoto se recusa porque ainda tem esperanças de que o pai venha buscá-lo. E isso, de certa forma acontece: na primeira noite após o enterro do filho, Lincoln volta ao mausoléu, retira o caixão (ou a "caixa de doente", como os moradores do Limbo se referem) e abraça o filho morto, certamente uma das passagens mais comoventes do romance.
.
Saunders fez fama de na literatura como contista. Seu livro "10 de dezembro", publicado no Brasil pela Companhia das Letras, é bastante elogiado pela crítica. Em "Lincoln no Limbo", sua primeira narrativa longa, e primeiro livro seu que leio, foi uma experiência maravilhoso. Tudo no romance chama a atenção: a própria ambientação política (os acontecimentos do livro se deram quando do rompimento dos estados sulinos com os nortistas devido a divergências na questão escravista), a dor ds perda do filho, outro fato verídico na vida ds Abraham Lincoln, um dos mais prestigiados presidentes norte-americanos, e a questão nunca respondida do "para onde vamos quando morremos", ou a relação conduta-recompensa, base de quase todas as religiões do mundo. Os dramas próprios dos três amigos fanfasmas, unidos a tantos outros que em algum momento têm voz no romance, até uma espécie de redenção ou castigo definitivo também vão mexer direto nos costumes e crenças de todos nós. Ou seja, tudo no livro é perfeito. Certamente uma bela e deliciosa leitura, das melhores que fiz até então!
comentários(0)comente



Bruno.Dellatorre 14/04/2019

Por mais que seja precipitado, digo que esse é o melhor livro que li nesse ano.
O livro começa muito bom e vai só melhorando. A cada página eu me senti mais conectado. O estilo de escrita é bastante inovador mas é envolvente e você não quer largar esse livro de jeito nenhum. Não recue por conta das quatrocentas páginas, elas passaram voando para mim em três dias, e eu ainda terminei mais comovido do que nunca. Um livro maravilhoso. Maravilhoso. Alterem a definição no dicionário de maravilhoso e coloquem como significado Lincoln no Limbo. Não deixe de ler.
comentários(0)comente



Henrique.Sulzbach 16/04/2019

Maravilhoso e original
Emocionante, divertido, magnético!
A originalidade de sua construção faz com que não consigamos parar de ler. Capítulos curtíssimos de parágrafos idem, numa polifonia de narradores e personagens fascinantes, trazendo um drama universal comovente (a perda de um filho ainda jovem) e suas prováveis implicações perante o famoso personagem histórico. Uma leitura imperdível!
comentários(0)comente



Caroline Vital 30/08/2022

Adorei!
Uma história de fantasmas, em meio a guerra civil Americana, bem existencialista.

A forma de narrativa é diferente de tudo que já li. Muito interessante. Muitas vozes, muitos relatos, muito bom.
comentários(0)comente



21 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR