Aione 25/04/2018Ainda mais encantador que o primeiro <3No segundo livro da série A Livraria dos Corações Solitários, Annie Darling se supera: Amor Verdadeiro na Livraria dos Corações Solitários, publicado no último mês pela Editora Verus, é ainda mais cativante e prazeroso do que seu antecessor.
Verity Love já teve sua cota de relacionamentos. Após seu único (e desastroso) namoro, ela chegou a conclusão de que está melhor sozinha e não pretende repetir a experiência. Para evitar que seus amigos continuem tentando encontrar um par para ela, Verity inventou Peter Hardy, um oceanógrafo com quem, supostamente, ela vem saindo há seis meses. Porém, em uma situação inesperada, ela conhece Johnny, que acaba a convencendo de que um relacionamento de mentira entre eles pode ser bastante conveniente para ambos. Mesmo reticente, Verity embarca na farsa. Afinal, nada de ruim poderia acontecer em apenas um verão… ou não?
Assim como no primeiro volume, a narrativa de Amor Verdadeiro na Livraria dos Corações Solitários se dá em terceira pessoa. De maneira leve e divertida, especialmente pelas várias passagens de humor sutil inseridas nos momentos exatos, somos conduzidos aos desejos e medos da protagonista de maneira a rapidamente nos sentirmos próximos dela. Há ironia em suas observações e esse tom tanto faz da leitura cativante quanto remete à própria narrativa da obra frequentemente citada na trama: Orgulho e Preconceito, de Jane Austen.
O clássico, inclusive, é quase uma personagem secundária na história, sendo fundamental na maneira de como Verity lida com as situações que a cercam e também importante no desenrolar de algumas passagens do enredo. Se em A Pequena Livraria dos Corações Solitários acompanhamos uma grande variedade de títulos de ficção romântica sendo citados pela protagonista — o que encanta leitores do gênero —, no segundo volume da série o foco fica basicamente em Orgulho e Preconceito, com passagens do romance presentes em cada abertura de capítulo e também ao longo da narrativa como um todo. Aos fãs de Austen, como no meu caso, desbravar seu livro talvez mais conhecido por meio da visão de Verity é, sem dúvidas, uma experiência deliciosa. Afinal, podemos nos encantar pela história em si da protagonista e também por sua paixão pela de Lizzie e Darcy, além de termos a chance de mergulhar um pouco mais na obra de Austen.
Além desses elementos, o próprio enredo de Amor Verdadeiro na Livraria dos Corações Solitários me conquistou ainda mais do que com o livro anterior, talvez pelo fato de eu ter gostado mais desse casal. Se no primeiro tive sérias ressalvas com o mocinho especialmente por sua arrogância e atitudes machistas, a relação desenvolvida entre Verity e Johnny me ganhou. Acima de tudo, há um laço de companheirismo entre eles, o que muito me agrada, além de que cada um carrega sua própria bagagem emocional. Annie Darling foi feliz na maneira de apresentar as motivações de Verity e Johnny para evitarem se envolver um com o outro, tanto por nos fazer sentir empatia pelos personagens quanto pela criação em si do romance. A história entre eles é daquela que nasce aos poucos e nos faz torcer especialmente para que enxerguem o que já está completamente óbvio para nós.
No resumo, Amor Verdadeiro na Livraria dos Corações Solitários superou minha experiência, que já havia sido positiva, com A Pequena Livraria dos Corações Solitários pela maneira de como me envolveu e me proporcionou uma leitura gostosa e cativante. O livro é sem dúvidas recomendando aos fãs da série e também aos que gostam do gênero, mas acabaram se decepcionando com o primeiro. Se você ainda não leu nenhum dos dois, é possível ler as histórias separadamente, já que focam em personagens distintas. Contudo, se você pretende ler ambos, o ideal é seguir a ordem para evitar spoilers do primeiro, já que as personagens dele aparecem novamente aqui. De qualquer maneira, é uma leitura recomendadíssima para quem procura uma história prazerosa, leve e despretensiosa, que também é um manifesto de defesa à ficção romântica: em ambos volumes, Annie Darling nos lembra que não há inferioridade nesse gênero simplesmente pela matéria que ele aborda. Nada como nos entretermos e nos lembrarmos de que não há problema algum em fazermos as leituras que nos agradam, não é?
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