Canafístula 28/06/2012
Memórias de Anne Frank, de Hannah Goslar com Alison Leslie Gold
“Hannah pensou: “Anne não é a mesma pessoa. Nem eu. Somos garotas destruídas.”“
O livro “Memórias de Anne Frank – As lembranças de uma amiga de infância” nos mostra através dos relatos de Hannah Goslar – A famosa “Hanneli” descrita por Anne Frank em seu diário como sua melhor amiga – para a jornalista Alison Leslie Gold, todo o sofrimento do qual ela, junto com sua família, sua amiga Anne e os demais judeus holandeses passaram durante a ocupação alemã na Holanda durante a Segunda Guerra Mundial.
O livro é essencial para quem quer conhecer e entender o que realmente ocorria naquela época durante a ocupação alemã, ainda mais na Holanda. Atualmente, é raríssimo ver relatos reais sobre os anos em que a Holanda esteve sob ocupação. Sim, existe o diário de Anne Frank, mas Anne não presenciou todos os dias da ocupação assim como Hannah, que acabou não se escondendo e sendo deportada para os campos de concentração. Portanto, esse livro torna-se uma rica fonte de pesquisa para os que desejam saber mais sobre a ocupação alemã na Holanda. Hoje em dia, existem inúmeros relatos da ocupação alemã na França, mas é difícil ver algum desses relatos sobre a Holanda, Bélgica, Tchecoslováquia – atual República Tcheca – e outros países que também sofreram com a dura ocupação dos nazistas. Assim como Anne, Hanneli relata que a ocupação atormentava o dia-a-dia dos holandeses. Para os judeus, a vida era ainda mais difícil.
Durante a ocupação, Hanneli e sua família passaram pelas piores provações: as leis antijudeus, o racionamento, a humilhação e a deportação. Hanneli, sua irmã Gabi e seu pai Hans foram deportados para Westerbork e separados. Somente com a deportação para o campo de concentração alemão de Bergen Belsen é que ambos voltaram a se ver alguns poucos momentos por dia. É lá que tem sua maior alegria em muitos anos: reencontra sua melhor amiga, Anne Frank.
As histórias relatadas são emocionantes, porém tristes, muito tristes.
É inacreditável o nível de crueldade do qual o homem já foi capaz de aplicar a outros seres humanos em nome de ódio doentio manipulado em sua mente.
O livro é simples e prático de ler, tanto que conclui a leitura em um dia. É um livro bem escrito, daqueles que vai direto ao assunto, sem rodeios. Apesar da triste história relatada à Alison por Hanneli – que escreveu o livro deixando-o de uma forma como se a própria Hannah o tivesse escrito – a leitura é de fácil compreensão.
Os pontos positivos de se ler um livro como esse são vários: uma ótima fonte de pesquisa que amplia sua visão do que realmente foi a ocupação alemã na Holanda. Muita coisa nos foi revelada através do diário de Anne Frank, mas ela presenciou tudo escondida, não podendo presenciar as coisas das quais Hanneli viu e com muita dor testemunhou em seu livro. Também podemos ver como era vida nos campos de concentração de Westerbork e Bergen Belsen na visão da própria Hannah. Além disso, conhecemos um pouco mais da vida e da personalidade de Anne Frank com quem Hannah compartilhou segredos e conviveu diariamente.
Não hesito em dizer que, mesmo sendo um livro pequeno e de rápida leitura, é um relato doloroso de se ler, ainda mais para os fãs de Anne Frank. Recomendo esse livro a todos, pois não podemos fechar os olhos para os horrores que temos de tomar conhecimento através de testemunhos tocantes como o de Hannah Goslar.
A querida Hanneli também presenteou os fãs de Anne Frank com fotos das duas juntas durante a infância na Holanda. O livro ainda contém fotos de Hannah com a família na Holanda durante os anos de ocupação e já idosa, com filhos e netos na sua casa em Israel. Leitura recomendada.
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