Janaina.Leme 15/12/2020De cama inflável para um negócio que vale milhões de dólaresDepois de uma semana no topo dos noticiários sobre fusões e aquisições, vamos falar um pouco sobre o livro “A história da Airbnb”, de Leigh Gallagher, publicado pela editora Buzz.
Quem acompanhou a imprensa recentemente, viu que a plataforma fez sua estreia em Wall Street, e mesmo em um momento onde o turismo não está tão em alta, as ações da Airbnb começaram a ser negociadas por um valor mais que o dobro do preço do IPO, o que avalia a empresa em mais de US$ 100 bilhões.
Diante de tantas histórias que conhecemos do que não deu certo, é sempre bem legal estar por dentro das ideais que funcionaram e foram para a frente. Mas não foi nada fácil e foram anos em busca do primeiro “maluco”disposto a investir na ideia do trio que acreditava incansavelmente no compartilhamento de quartos e numa boa conversa com o anfitrião, que no começo, deveria estar no local para recepcionar seus hóspedes.
A empresa começou com o nome AirBed & Breakfast (Cama inflável e Café da Manhã) com o slogan “viaje como humano”. A primeira ideia era hospedar pessoas que vinham para cidades que sediavam grandes eventos e seus criadores apresentaram a proposta no South By Southwest - SXSW, famoso festival de tecnologia e inovação que acontece anualmente em Austin, no Texas.
Depois de muito trabalho, busca por investimento, aos poucos a Airbnb foi ganhando adesão e seus fundadores deram o nome de “jornada de transformação pertença a qualquer lugar”, já que ao se hospedar na casa de outra pessoa, os hóspedes diziam se sentirem como se estivessem em casa, sendo eles mesmos, sentindo-se aceitos e sendo cuidados por seus anfitriões.
Se tornar Airbnb teve e tem seus percalços, já que sabemos que é impossível vivermos em um mundo repleto de pessoas boas e de boa índole. Entre os problemas retratados no livro, houve casos de racismo - onde nomes negros eram menos aceitos por anfitriões - , de depredação e até um onde a anfitriã viu que estava “dando ruim”, mas se sentiu totalmente desatendida justamente por não ter um canal de contato direto com o Airbnb, apenas atendimento online, gargalo que cada vez mais vemos nos serviços de internet não só no Brasil, mas em todo o mundo.
Outro ponto que ganha grande espaço no livro foi a guerra que se instaurou contra imobiliárias, condomínios e hotéis. A ideia era totalmente disruptiva e surpreendeu muitos modelos de negócios tradicionais. Até hoje há uma briga entre o sistema imobiliário em inúmeras cidades, já que muitos prédios e condomínios não aceitam que o imóvel seja sublocado, por exemplo.
Tem outro grande problema que assola principalmente o serviço em Nova Iorque: apartamentos residenciais não têm as mesmas precauções de segurança de hotéis, com sistema contra incêndio, e o que garante que o cliente Airbnb que alugou o apê para férias vai ter os mesmos cuidados que o proprietário? Sendo assim, alguns proprietários estão incluindo cláusulas nos contratos proibindo locatários de transformarem seus apartamentos alugados em Airbnb, instalando até câmeras de segurança e contratando investigadores particulares para garantirem que o contrato está sendo cumprindo.
O livro é composto por oito capítulos: a aposta, construindo uma empresa, nação Airbnb, o feio e o sujo, a ira do Air, hospitalidade renovada, aprendendo a liderar e “o próximo passo?”. Mesmo depois de anos no mercado e discussões sobre o modelo de negócios, chega-se a conclusão de que o que funciona na plataforma é o conceito de lar, ser o anfitrião de alguém e segue-se criando em cima disso.
Chesky, Blecharczyk e Gebbia são incomuns por estarem juntos no negócio até hoje. E Chesky é obsessivo em compartilhar as lições que aprende. Me identifiquei aí :). Gebbia também teve que aprender a driblar o seu perfeccionismo ao longo da jornada e entender que 80% é igual a feito, mais um ponto onde me identifiquei também.
O livro termina sinalizando que o próximo passo, a nova coisa para se vender, é o resto da viagem, o que vimos entrar no site como experiencias, além de outras novidades que estão por vir.
“A história da Airbnb”, de Leigh Gallagher, foi publicado pela editora Buzz. Tem 262 páginas e está a venda nas livrarias e e-commerce de todo o Brasil.
site:
www.eujaestiveem.com