Jéssica @paraisoliterario 30/04/2018RESENHA DOMINADA || Paraíso LiterárioPassaram-se cinco dias desde os acontecimentos que levaram Evangeline a sair correndo do apartamento de Drake e neste meio tempo os dois estão passando por um inferno com esta separação. Drake colocou todos os seus homens atrás dela na esperança de que possam leva-la para casa e explicar o porquê de tê-la traído tão profundamente sua confiança.
Evangeline por sua vez está tentando juntar algum dinheiro para que possa voltar para casa. Ela não pode mais ficar em Nova York. Depois de romper com as amigas por se mudar para a casa de Drake que conheceu apenas algumas horas antes e ser humilhada por ele, a cidade perdeu todo e qualquer atrativo.
Mas tudo quando pensava que não teriam mais uma chance, naquele mesmo dia Drake recebe uma dica sobre onde Evangeline está e corre para encontra-la. Ele explica (tanto quanto possível!) o que motivou suas ações. Quando o casal finalmente acredita que venceu a pior das provações o destino trás uma grande surpresa que tratará a confiança e sentimentos que os unem. Será que Drake e Evangeline vão conseguir passar por isso é continuar juntos?
Desde o primeiro volume certas coisas vinham me incomodando. A primeira delas é a Maya Banks parece endossar certos esteriótipos femininos que nós (mulheres) estamos tentando desconstruir com muita dificuldade como por exemplo aquela noção de que há sempre competição entre nós e que amizade verdadeira entre o sexo feminino sem inveja é algo impossível.
Outra coisa me irritou bastante: por causa das atitudes precipitadas da protagonista (se não sabe do que estou falando clica aqui) ela e as amigas acabam ficando sem se falar, mas elas são apontadas como megeras, ainda que tenham tentado apenas botar juízo na cabeça de uma amiga que era inocente demais pro próprio bem. Drake e seus homens falam algumas coisas para Evangeline que acaba as afastando de pessoas com as quais convive desde muito nova. Isso, para mim, é um dos alertas de relacionamento abusivo: quando o cara te isola das suas amigas os sinais de alerta TEM que começar a piscar.
O meu maior problema com esse livro são os personagens masculinos. Todos eles. Aparentemente se a mulher não for estupidamente ingênua eles já a classificam como vadia. Se deu em cima de alguém? Vadia. Se aceitou ficar uma noite só com um cara? Vadia. Nenhum deles mostram respeito por mulheres com as quais o protagonista já esteve envolvido anteriormente alegando que eram todas o quê? Sim, acertou se pensou vadia!
Vamos esclarecer uma coisa? Respeite as pessoas com as quais já se envolveu. E aqui fica uma nota de esclarecimento bastante importante: não importa se você se envolveu com uma pessoa por uma hora, uma noite, um final de semana ou uma vida inteira, apenas RESPEITE.
No book talk com a Lavínia Rocha, nossa autora do mês falei muito sobre o quanto precisamos começar a nos conscientizar sobre o que consumimos e isso se aplica à literatura sim! Precisamos começar a mudar um pouco a nossa cabeça e parar de achar que esse tipo de relação é saudável e desejável. As autoras precisam começar a entender que romantizar certos tipos de situações e relacionamentos ESTÁ ERRADO.
Mais um ponto negativo em relação a esta história é que o Drake tem uma necessidade constante de afirmar que é o dono (exatamente esta palavra!) de Evangeline. Isso me irrita muito em qualquer enredo. Pessoas não são donas umas das outras (quando o são usamos o termo escravidão para definir a relação entre elas!) e ver um homem falando que é dono da mulher com a qual está se relacionando dá a impressão de que pode fazer o que bem entender com ela. Exemplo: se eu quiser posso quebrar meu celular, ainda que o valorize, uma vez que ele pertence a mim. Sou a dona dele. O mesmo se aplica com esse tipo de relacionamento, entendem? Falar que você é dono de alguém é dizer que pode fazer qualquer coisa com essa pessoa é nós sabemos (ou ao menos devíamos saber!) que esse tipo de pensamento não deve ser encorajado ou endossado (que parece ser o que esse livro faz!).
Acho que a capa tem tudo a ver com o tema do livro e gosto mais desta que a de Submissa, mas muito provavelmente porque sou apaixonada por verde. A diagramação está simples e as páginas amarelas somadas à fluidez da narrativa da Maya Banks foi provavelmente a única coisa que me fez chegar ao final da leitura.
O livro tem tanta coisa errada no seu enredo que a única coisa interessante na leitura são as cenas eróticas que seguem sendo muito bem escrita. Também serviu para reforçar certos padrões que jamais gostaria de ter é ser em um relacionamento. No mais a leitura trouxe mais aborrecimentos do que qualquer outra coisa.
Eu já via indícios de que as coisas não iam me agradar desde o livro anterior, então porque continuar a ler? Tenho livros incríveis da Maya Banks na minha estante, com personagens tão diferentes quanto pessoas reais. Algumas são mais frágeis outras mais guerreiras e eu gostei TODAS elas. Além disso, o gancho do último livro prometia (ou foi o que pensei!) uma reviravolta bem interessante, especialmente para a personalidade da Evangeline, mas como vocês podem perceber fui iludida!
Não vou falar que a obra não deve ser lida, acho importante que vocês possam tirar as suas próprias conclusões acerca do história, mas acho importante deixar claro que nem de longe seria uma opção para indicar e que tenha os pontos que falei em mente esses pontos que mencionei para que não romantizar situações de risco.