Juan199 25/05/2024
"O verão em que aprendi a amar? Porque ele amava"
Autor(a): André Aciman
Faixa etária: +16
Idioma: Português
Música: Mistery of Love (Sufjan Stevens)
Todos os anos, a família Perlman tem a tradição de hospedar um escritor estrangeiro em sua villa paradisíaca na Itália durante as seis semanas de verão. Nada de incomum acontecera até 1983, ano em que o jovem Elio se apaixonou perdidamente pelo encantador e inalcançável americano Oliver, que lhe dista em idade por 7 anos.
Só tenho uma palavra para definir esse livro: PERFEIÇÃO. Passei recentemente pelo que foi, provavelmente, a mais longa ressaca literária que já enfrentei, e ?Me Chame Pelo Seu Nome? foi o meu salvador. Um romance curto, belo e repleto de profundidade.
O primeiro fator que me agradou imensamente foi a escrita. Sinceramente, acho que nunca li algo parecido. O autor traz um vocabulário extremamente rico, com descrições imersivas e períodos extensos que se emendam em detalhes e mais detalhes, mas ainda assim, gera uma leitura fluida e viciante. Cada parágrafo desse livro parece uma poesia?
Além disso, a história também é contada com maestria. Não só a narrativa consegue estabelecer um enredo que, a princípio, parece completamente impossível, como algo crível e realista, como também, desde o princípio, há pequenos indícios sobre o final dessa história. Inclusive, me surpreende muito saber que um tema complexo como a descoberta de sexualidade pôde ser abordado com tamanha excelência por um escritor heterossexual.
Os personagens são muito bem trabalhados e identificáveis, (o que é algo de se admirar, considerando que o livro se passa na Itália dos anos 80 kskks), em especial o Elio e o Oliver. A relação deles é linda e ao mesmo tempo tão triste, e vai progredindo com a história espetacularmente bem do começo ao fim. Vale ressaltar aqui que, apesar de ser um ?atrativo? do livro, o relacionamento dos dois não é necessariamente trabalhado como um romance (pelo menos não da forma como o romance costuma ser representado na mídia) justamente devido a esse estilo mais ?realista? escolhido pelo autor.
A contextualização do ambiente também é impecável, e me deixou com muita vontade de conhecer a Itália (não que isso seja exatamente um desafio ksksk)
Sobre os defeitos, me incomodaram muito as cenas de cunho sexual, que, em sua maioria, não eram necessárias (salvo uma sequência em específico). Não que tenha nada muito pesado, mas de vez em quando chegava a tornar a leitura meio travada. Além disso, um estereótipo bastante difundido na literatura queer é repetido aqui: o começo da relação é ?só pelo sexo?. Eu não só discordo com esse tipo de representação como também acho que é um desserviço tanto para os leitores LGBT+ mais novos como para os iniciantes na categoria.
Enfim! Apesar desses detalhes, essa é uma leitura que definitivamente vale a pena, e já ficou marcada no meu marcada no meu coração ?
OBS: Gentee, foram 2 meses sem escrever resenha, me desculpem aí se eu tô voltando meio enferrujado!